A forte retração de 2,0% da produção
industrial no mês de setembro com relação
a agosto – divulgada hoje pelo IBGE – é o resultado
de uma trajetória bastante desfavorável da indústria
brasileira que pode ser observada desde o segundo trimestre do
ano passado – e que esta Análise já salientou
os motivos em várias de suas edições. Se
de lá para cá a produção praticamente
“andou de lado”, sem apresentar o menor vigor em sua
evolução, e nos últimos meses seu crescimento
a taxas cada vez menores foi a tônica, o dado de setembro
traz a preocupação de que a indústria comece
agora a encolher – pelo menos até o final deste ano.
Ao se considerar
as sondagens de expectativas de empresários e outros indicadores
ligados à produção industrial (tanto da FGV
como da CNI), o cenário de retração no quarto
e último trimestre deste ano parece ser o mais provável
para a indústria. Isso pode significar um crescimento da
produção industrial menor até mesmo do que
1,5% em 2011. Um desempenho sofrível frente ao avanço
de 10,5% registrado em 2010 (mesmo considerando que esse dado
tem como base de comparação o fraco ano de 2009)
e que já tem como resultado o fato de que o nível
de produção da indústria em setembro deste
ano está 3,0% abaixo do registrado em setembro de 2008,
quando do agravamento da crise internacional. Ou seja, passaram-se
exatamente três anos e a produção da indústria
nacional não avançou, pelo contrário, ela
recuou.
Com o resultado
de setembro fechou-se o terceiro trimestre deste ano. Observa-se
que esse foi o pior trimestre do ano. De fato, após crescimento
de 1,3% no primeiro trimestre, a produção industrial
caiu 0,6% no segundo e 0,8% no terceiro – todas as taxas
calculadas no trimestre com relação ao trimestre
imediatamente anterior a partir da série com ajuste sazonal.
Esse desempenho da indústria geral reflete a evolução
de todos os grandes setores industriais da economia brasileira,
marcada por desaceleração e mesmo por retração.
No setor de
bens de capital, a produção cresceu 4,5% no primeiro
trimestre, caiu 1,3% no segundo e voltou a crescer, mas muito
pouco (0,6%), no terceiro trimestre. No setor de bens intermediários,
o de maior peso na indústria, a evolução
foi muito modesta nos dois primeiros trimestres e caiu no terceiro:
0,7%, 0,2% e –1,1%. O de bens duráveis crescia tão
bem (4,5%) quanto o de bens de capital no primeiro trimestre,
mas seus resultados se reverteram e foram os piores no segundo
(–6,6%) e terceiro (–2,2%) trimestres deste ano. Por
fim, o de bens de consumo semi e não duráveis teve
o seguinte desempenho: 1,3%, –1,3% e 0,1%, nessa ordem,
do primeiro ao terceiro trimestre.
A grave crise
dos países da Europa e o fraco desempenho da economia norte-americana
projetado para os próximos anos trarão mais dificuldades
para a indústria nacional, não somente pelo desaquecimento
do comércio internacional, mas também pela nova
onda de produtos importados que provavelmente se erguerá,
uma vez mais, no horizonte da economia brasileira.
Leia
aqui o texto completo desta Análise.