1º de novembro de 2011

Indústria
Produção em xeque


  

 
A forte retração de 2,0% da produção industrial no mês de setembro com relação a agosto – divulgada hoje pelo IBGE – é o resultado de uma trajetória bastante desfavorável da indústria brasileira que pode ser observada desde o segundo trimestre do ano passado – e que esta Análise já salientou os motivos em várias de suas edições. Se de lá para cá a produção praticamente “andou de lado”, sem apresentar o menor vigor em sua evolução, e nos últimos meses seu crescimento a taxas cada vez menores foi a tônica, o dado de setembro traz a preocupação de que a indústria comece agora a encolher – pelo menos até o final deste ano.

Ao se considerar as sondagens de expectativas de empresários e outros indicadores ligados à produção industrial (tanto da FGV como da CNI), o cenário de retração no quarto e último trimestre deste ano parece ser o mais provável para a indústria. Isso pode significar um crescimento da produção industrial menor até mesmo do que 1,5% em 2011. Um desempenho sofrível frente ao avanço de 10,5% registrado em 2010 (mesmo considerando que esse dado tem como base de comparação o fraco ano de 2009) e que já tem como resultado o fato de que o nível de produção da indústria em setembro deste ano está 3,0% abaixo do registrado em setembro de 2008, quando do agravamento da crise internacional. Ou seja, passaram-se exatamente três anos e a produção da indústria nacional não avançou, pelo contrário, ela recuou.

Com o resultado de setembro fechou-se o terceiro trimestre deste ano. Observa-se que esse foi o pior trimestre do ano. De fato, após crescimento de 1,3% no primeiro trimestre, a produção industrial caiu 0,6% no segundo e 0,8% no terceiro – todas as taxas calculadas no trimestre com relação ao trimestre imediatamente anterior a partir da série com ajuste sazonal. Esse desempenho da indústria geral reflete a evolução de todos os grandes setores industriais da economia brasileira, marcada por desaceleração e mesmo por retração.

No setor de bens de capital, a produção cresceu 4,5% no primeiro trimestre, caiu 1,3% no segundo e voltou a crescer, mas muito pouco (0,6%), no terceiro trimestre. No setor de bens intermediários, o de maior peso na indústria, a evolução foi muito modesta nos dois primeiros trimestres e caiu no terceiro: 0,7%, 0,2% e –1,1%. O de bens duráveis crescia tão bem (4,5%) quanto o de bens de capital no primeiro trimestre, mas seus resultados se reverteram e foram os piores no segundo (–6,6%) e terceiro (–2,2%) trimestres deste ano. Por fim, o de bens de consumo semi e não duráveis teve o seguinte desempenho: 1,3%, –1,3% e 0,1%, nessa ordem, do primeiro ao terceiro trimestre.

A grave crise dos países da Europa e o fraco desempenho da economia norte-americana projetado para os próximos anos trarão mais dificuldades para a indústria nacional, não somente pelo desaquecimento do comércio internacional, mas também pela nova onda de produtos importados que provavelmente se erguerá, uma vez mais, no horizonte da economia brasileira.

Leia aqui o texto completo desta Análise.