11 de outubro de 2011

Emprego Industrial
Provavelmente um resultado isolado


   

 
O emprego industrial cresceu 0,4% em agosto com relação a julho, com ajuste sazonal, de acordo com os dados divulgados hoje pelo IBGE. É um resultado bom por dois motivos: primeiro, pois se diferencia da sequência de registros muito ruins observados desde agosto de 2010 (com exceção de fevereiro deste ano, quando o número de ocupados na indústria cresceu 0,5%), os quais marcaram, sem dúvida, um período de estagnação do emprego industrial; segundo, porque ele não acompanhou a queda (–0,2%) na produção industrial de agosto também capturada pelo IBGE. Para se ter uma ideia, de março a julho, o número de ocupados na indústria apresentou uma trajetória muito próxima ao crescimento zero: 0,0%, –0,1%, 0,1%, –0,1%, –0,1%, respectivamente, até chegar à variação de 0,4% de agosto citada acima – todas essas taxas calculadas com relação ao mês imediatamente anterior com ajuste sazonal.

No entanto, não se pode afirmar que o emprego industrial iniciou, em agosto, uma nova trajetória (positiva) na sua evolução. É mais provável que se trata de um resultado isolado, como foi o de fevereiro. De fato, ao se comparar o nível de emprego nos meses deste ano com o mesmo mês de 2010, observa-se uma nítida perda de ritmo ao longo do ano, sobretudo a partir do segundo quadrimestre: 2,8%, 2,9%, 2,2%, 1,6%, 1,3%, 0,7%, 0,4% e 0,6%, nessa ordem, de janeiro a agosto. Além disso, os ocupados na indústria já vêm apresentando sinais negativos no Estado com maior participação no emprego industrial desde abril deste ano. Em São Paulo, a sequência de resultados do emprego industrial foi a seguinte: –0,2%, –0,7%, –1,5%, –2,0% e –1,6%, respectivamente, de abril a agosto (taxas de variação calculadas com relação a igual mês de 2010). No acumulado dos oito primeiros meses deste ano, o número de ocupados em São Paulo é 0,3% menor do que o acumulado no mesmo período do ano passado. Os estados que estão “segurando” o emprego industrial (o qual cresce 1,6% no ano até agosto) são Minas Gerais e Rio de Janeiro; a região Nordeste também tem colaborado para essa resistência. Mas, os dados de produção nesses estados e nessa região já não são tão favoráveis nos últimos meses, o que pode repercutir no emprego em algum momento.

Setorialmente, os registros negativos do emprego estão, sobretudo, nos setores tradicionais da indústria brasileira. Em agosto contra igual mês do ano passado, dez dos dezoito setores pesquisados aumentaram seus contingentes de trabalhadores. Os destaques positivos de maior significância foram: alimentos e bebidas (4,4%), meios de transporte (6,5%), máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações (6,1%), outros produtos da indústria de transformação (3,5%) e máquinas e equipamentos (2,2%). Entre as atividades que apresentaram queda, os impactos negativos mais relevantes sobre o total da indústria vieram do setor de papel e gráfica (–8,4%), calçados e couro (–7,5%), madeira (–10,7%) e vestuário (–2,9%). Contribuindo para o aumento de 1,6% no acumulado do ano, dez dos mesmos dezoito setores apresentaram aumento do contingente de ocupados industriais. Os destaques positivos vieram de meios de transporte (7,5%), alimentos e bebidas (2,8%), máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações (6,2%), máquinas e equipamentos (4,3%), produtos de metal (4,5%), outros produtos da indústria de transformação (5,0%) e metalurgia básica (6,3%). Por outro lado, os ramos de papel e gráfica (–9,0%), de vestuário (–3,4%), de madeira (–8,5%) e de calçados e couro (–3,3%) foram os principais impactos negativos.

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