O emprego industrial cresceu 0,4% em agosto com relação
a julho, com ajuste sazonal, de acordo com os dados divulgados
hoje pelo IBGE. É um resultado bom por dois motivos: primeiro,
pois se diferencia da sequência de registros muito ruins
observados desde agosto de 2010 (com exceção de
fevereiro deste ano, quando o número de ocupados na indústria
cresceu 0,5%), os quais marcaram, sem dúvida, um período
de estagnação do emprego industrial; segundo, porque
ele não acompanhou a queda (–0,2%) na produção
industrial de agosto também capturada pelo IBGE. Para se
ter uma ideia, de março a julho, o número de ocupados
na indústria apresentou uma trajetória muito próxima
ao crescimento zero: 0,0%, –0,1%, 0,1%, –0,1%, –0,1%,
respectivamente, até chegar à variação
de 0,4% de agosto citada acima – todas essas taxas calculadas
com relação ao mês imediatamente anterior
com ajuste sazonal.
No entanto,
não se pode afirmar que o emprego industrial iniciou, em
agosto, uma nova trajetória (positiva) na sua evolução.
É mais provável que se trata de um resultado isolado,
como foi o de fevereiro. De fato, ao se comparar o nível
de emprego nos meses deste ano com o mesmo mês de 2010,
observa-se uma nítida perda de ritmo ao longo do ano, sobretudo
a partir do segundo quadrimestre: 2,8%, 2,9%, 2,2%, 1,6%, 1,3%,
0,7%, 0,4% e 0,6%, nessa ordem, de janeiro a agosto. Além
disso, os ocupados na indústria já vêm apresentando
sinais negativos no Estado com maior participação
no emprego industrial desde abril deste ano. Em São Paulo,
a sequência de resultados do emprego industrial foi a seguinte:
–0,2%, –0,7%, –1,5%, –2,0% e –1,6%,
respectivamente, de abril a agosto (taxas de variação
calculadas com relação a igual mês de 2010).
No acumulado dos oito primeiros meses deste ano, o número
de ocupados em São Paulo é 0,3% menor do que o acumulado
no mesmo período do ano passado. Os estados que estão
“segurando” o emprego industrial (o qual cresce 1,6%
no ano até agosto) são Minas Gerais e Rio de Janeiro;
a região Nordeste também tem colaborado para essa
resistência. Mas, os dados de produção nesses
estados e nessa região já não são
tão favoráveis nos últimos meses, o que pode
repercutir no emprego em algum momento.
Setorialmente,
os registros negativos do emprego estão, sobretudo, nos
setores tradicionais da indústria brasileira. Em agosto
contra igual mês do ano passado, dez dos dezoito setores
pesquisados aumentaram seus contingentes de trabalhadores. Os
destaques positivos de maior significância foram: alimentos
e bebidas (4,4%), meios de transporte (6,5%), máquinas
e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações
(6,1%), outros produtos da indústria de transformação
(3,5%) e máquinas e equipamentos (2,2%). Entre as atividades
que apresentaram queda, os impactos negativos mais relevantes
sobre o total da indústria vieram do setor de papel e gráfica
(–8,4%), calçados e couro (–7,5%), madeira
(–10,7%) e vestuário (–2,9%). Contribuindo
para o aumento de 1,6% no acumulado do ano, dez dos mesmos dezoito
setores apresentaram aumento do contingente de ocupados industriais.
Os destaques positivos vieram de meios de transporte (7,5%), alimentos
e bebidas (2,8%), máquinas e aparelhos eletroeletrônicos
e de comunicações (6,2%), máquinas e equipamentos
(4,3%), produtos de metal (4,5%), outros produtos da indústria
de transformação (5,0%) e metalurgia básica
(6,3%). Por outro lado, os ramos de papel e gráfica (–9,0%),
de vestuário (–3,4%), de madeira (–8,5%) e
de calçados e couro (–3,3%) foram os principais impactos
negativos.
Leia
aqui o texto completo desta Análise.