4 de outubro de 2011

Indústria
Baixo crescimento em 2010


  

 
A queda já esperada da atividade industrial em agosto foi, infelizmente, confirmada pelos dados divulgados hoje pelo IBGE. Segundo esse Instituto, a produção industrial recuou 0,2% em agosto com relação a julho, na série com ajuste sazonal, em consequência da retração das atividades produtivas nos setores de bens de consumo duráveis (–2,9%) bens de consumo semi e não duráveis (–0,9%) e de bens intermediários (–0,2%) – o único setor que apresentou crescimento foi o de bens de capital (0,9%).

O movimento de desaceleração da indústria ao longo deste ano fica, com o resultado de agosto, ainda mais visível. A taxa anualizada de crescimento da produção industrial, por exemplo, passou de 2,9% em julho para 2,3% em agosto – em janeiro, ela era de 9,4% e em abril, de 5,4%. No acumulado do ano até agosto, a produção industrial avançou apenas 1,5%. Mesmo podendo ser beneficiada pela recente desvalorização do Real nesses meses finais do ano, a indústria brasileira fechará 2010 com um crescimento muito baixo, provavelmente na casa de 2%.

Essa perda de ritmo da indústria é geral. Em todos os grandes setores industriais, pode se observar desaceleração da produção. Mesmo o setor de bens de capital, cuja produção ainda exibe bons resultados, vem continuamente apresentando taxas menores de variação acumulada em doze meses. No início do ano, essa taxa era de 20,4%, passou para 13,6% em abril e ficou em 7,0% em agosto. Uma forte preocupação se encontra no comportamento do setor de bens intermediários, cuja produção cresceu somente 0,6% nos oito primeiros meses deste ano (com relação a igual período de 2010) e mostra uma taxa de crescimento anualizada de somente 1,9%. Vale lembrar, esse setor é o de maior peso dentro da indústria brasileira e é um indicador das compras internas à própria indústria.

A produção industrial poderá fechar este ano com crescimento em torno de 2,0%, um resultado muito aquém dos 10,5% registrados em 2010. Esse “mergulho” da atividade industrial neste ano deixou a produção de agosto 0,9% abaixo do patamar de setembro de 2008, quando do primeiro momento da grande crise internacional. Ou seja, após quase três anos, a indústria em geral não avançou, ela continua operando naqueles níveis de produção. Como consequência desse fraco desempenho, o emprego industrial, que se mostrava estagnado desde agosto do ano passado, começa a dar sinais de recuo. A grave crise na Europa dificulta ainda mais a tentativa de se traçar uma projeção para a indústria brasileira; de todo modo, o cenário não é nada positivo.
 

 
Segundo dados do IBGE, a indústria geral assinalou em agosto queda de 0,2% frente a julho na série com dados dessazonalizados, praticamente eliminando o acréscimo de 0,3% observado em julho. Frente o mesmo mês do ano anterior, a produção industrial registrou taxa positiva de 1,8% em agosto. Nos oito primeiros meses deste ano, a indústria geral acumulou um crescimento de 1,4%, valor bem inferior ao acumulado no mesmo período de 2010 (15,0%). No acumulado dos últimos 12 meses até agosto frente a igual período imediatamente anterior, a produção cresceu de 2,3%, pior resultado desde abril de 2010.

Em relação ao mês imediatamente anterior, com dados já livres dos efeitos sazonais, o setor de bens de consumo duráveis (–2,9%) apresentou a queda mais acentuada em agosto de 2011, eliminando o crescimento de 2,6% registrado em julho. A produção nos setores de bens de consumo semi e não duráveis (–0,9%) e de bens intermediários (–0,2%) também mostrou índices negativos. Por outro lado, o único setor que apresentou crescimento foi o de bens de capital, ao avançar 0,9% em agosto, após crescimento de (2,0%) em julho de 2011.

Frente agosto de 2010, novamente, todos os segmentos apresentaram crescimento. Das categorias de uso, o destaque ficou para bens de capital (8,6%), graças ao desempenho positivo dos bens de capital para equipamentos de transportes (18,4%), para fins industriais (10,5%) e para construção (13,8%). Os segmentos de bens de consumo semi e não duráveis (2,1%) e bens de consumo duráveis (1,5%) também apontaram resultados positivos mais expressivos.

No acumulado dos oito primeiros meses de 2011, todas as categorias apontaram taxas positivas, com o setor de bens de capital (5,9%) registrando a variação mais significativa, seguido pelos setores de bens de consumo duráveis (1,9%), bens de consumo semi e não duráveis (0,7%) e bens intermediários (0,6%).

 

 
Na comparação com o agosto de 2010, observou-se que, dos 27 setores incluídos na pesquisa do IBGE, 17 apresentaram nível de produção superior em agosto deste ano. Os destaques foram: fumo (78,3%), edição e impressão (17,2%), outros equipamentos de transporte (13,6%), material eletrônico, aparelhos e equipamentos de comunicações (10,7%), bebidas (7,3%), veículos automotores (5,8%) e máquinas e equipamentos (5,6%). Por outro lado, os setores que mais influenciaram negativamente a taxa geral foram têxtil (–15,4%), outros produtos químicos (–5,5%) e alimentos (–2,4%).

No acumulado entre janeiro e agosto de 2011, 16 segmentos industriais apresentaram crescimento. O setor produtor de veículos automotores representou a maior influência positiva (com crescimento de 5,7%), seguido por equipamentos de instrumentação médico-hospitalares, ópticos e outros (12,5%) outros equipamentos de transporte (11,7%), material eletrônico, aparelhos e equipamentos de comunicações (6,2%), edição e impressão (7,2%), minerais não metálicos (4,3%), farmacêutica (3,9%), indústrias extrativas (2,5%) e máquinas e equipamentos (2,1%); já os setores que mais pressionaram negativamente foram: produtos têxteis (–14,3%), calçados e artigos em couro (–9,4%), outros produtos químicos (–3,2%) e alimentos (–1,3%).

 

 

 

 

 

 

 

 

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