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A queda já esperada da atividade industrial em agosto foi,
infelizmente, confirmada pelos dados divulgados hoje pelo IBGE.
Segundo esse Instituto, a produção industrial recuou
0,2% em agosto com relação a julho, na série
com ajuste sazonal, em consequência da retração
das atividades produtivas nos setores de bens de consumo duráveis
(–2,9%) bens de consumo semi e não duráveis
(–0,9%) e de bens intermediários (–0,2%) –
o único setor que apresentou crescimento foi o de bens
de capital (0,9%).
O movimento
de desaceleração da indústria ao longo deste
ano fica, com o resultado de agosto, ainda mais visível.
A taxa anualizada de crescimento da produção industrial,
por exemplo, passou de 2,9% em julho para 2,3% em agosto –
em janeiro, ela era de 9,4% e em abril, de 5,4%. No acumulado
do ano até agosto, a produção industrial
avançou apenas 1,5%. Mesmo podendo ser beneficiada pela
recente desvalorização do Real nesses meses finais
do ano, a indústria brasileira fechará 2010 com
um crescimento muito baixo, provavelmente na casa de 2%.
Essa perda
de ritmo da indústria é geral. Em todos os grandes
setores industriais, pode se observar desaceleração
da produção. Mesmo o setor de bens de capital, cuja
produção ainda exibe bons resultados, vem continuamente
apresentando taxas menores de variação acumulada
em doze meses. No início do ano, essa taxa era de 20,4%,
passou para 13,6% em abril e ficou em 7,0% em agosto. Uma forte
preocupação se encontra no comportamento do setor
de bens intermediários, cuja produção cresceu
somente 0,6% nos oito primeiros meses deste ano (com relação
a igual período de 2010) e mostra uma taxa de crescimento
anualizada de somente 1,9%. Vale lembrar, esse setor é
o de maior peso dentro da indústria brasileira e é
um indicador das compras internas à própria indústria.
A produção
industrial poderá fechar este ano com crescimento em torno
de 2,0%, um resultado muito aquém dos 10,5% registrados
em 2010. Esse “mergulho” da atividade industrial neste
ano deixou a produção de agosto 0,9% abaixo do patamar
de setembro de 2008, quando do primeiro momento da grande crise
internacional. Ou seja, após quase três anos, a indústria
em geral não avançou, ela continua operando naqueles
níveis de produção. Como consequência
desse fraco desempenho, o emprego industrial, que se mostrava
estagnado desde agosto do ano passado, começa a dar sinais
de recuo. A grave crise na Europa dificulta ainda mais a tentativa
de se traçar uma projeção para a indústria
brasileira; de todo modo, o cenário não é
nada positivo.
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Segundo dados do IBGE, a indústria geral assinalou em agosto queda
de 0,2% frente a julho na série com dados dessazonalizados, praticamente
eliminando o acréscimo de 0,3% observado em julho. Frente o mesmo
mês do ano anterior, a produção industrial registrou
taxa positiva de 1,8% em agosto. Nos oito primeiros meses deste ano, a
indústria geral acumulou um crescimento de 1,4%, valor bem inferior
ao acumulado no mesmo período de 2010 (15,0%). No acumulado dos
últimos 12 meses até agosto frente a igual período
imediatamente anterior, a produção cresceu de 2,3%, pior
resultado desde abril de 2010.
Em relação
ao mês imediatamente anterior, com dados já livres dos efeitos
sazonais, o setor de bens de consumo duráveis (–2,9%) apresentou
a queda mais acentuada em agosto de 2011, eliminando o crescimento de
2,6% registrado em julho. A produção nos setores de bens
de consumo semi e não duráveis (–0,9%) e de bens intermediários
(–0,2%) também mostrou índices negativos. Por outro
lado, o único setor que apresentou crescimento foi o de bens de
capital, ao avançar 0,9% em agosto, após crescimento de
(2,0%) em julho de 2011.
Frente agosto de 2010,
novamente, todos os segmentos apresentaram crescimento. Das categorias
de uso, o destaque ficou para bens de capital (8,6%), graças ao
desempenho positivo dos bens de capital para equipamentos de transportes
(18,4%), para fins industriais (10,5%) e para construção
(13,8%). Os segmentos de bens de consumo semi e não duráveis
(2,1%) e bens de consumo duráveis (1,5%) também apontaram
resultados positivos mais expressivos.
No acumulado dos oito
primeiros meses de 2011, todas as categorias apontaram taxas positivas,
com o setor de bens de capital (5,9%) registrando a variação
mais significativa, seguido pelos setores de bens de consumo duráveis
(1,9%), bens de consumo semi e não duráveis (0,7%) e bens
intermediários (0,6%).
Na comparação
com o agosto de 2010, observou-se que, dos 27 setores incluídos
na pesquisa do IBGE, 17 apresentaram nível de produção
superior em agosto deste ano. Os destaques foram: fumo (78,3%), edição
e impressão (17,2%), outros equipamentos de transporte (13,6%),
material eletrônico, aparelhos e equipamentos de comunicações
(10,7%), bebidas (7,3%), veículos automotores (5,8%) e máquinas
e equipamentos (5,6%). Por outro lado, os setores que mais influenciaram
negativamente a taxa geral foram têxtil (–15,4%), outros produtos
químicos (–5,5%) e alimentos (–2,4%).
No acumulado entre
janeiro e agosto de 2011, 16 segmentos industriais apresentaram crescimento.
O setor produtor de veículos automotores representou a maior influência
positiva (com crescimento de 5,7%), seguido por equipamentos de instrumentação
médico-hospitalares, ópticos e outros (12,5%) outros equipamentos
de transporte (11,7%), material eletrônico, aparelhos e equipamentos
de comunicações (6,2%), edição e impressão
(7,2%), minerais não metálicos (4,3%), farmacêutica
(3,9%), indústrias extrativas (2,5%) e máquinas e equipamentos
(2,1%); já os setores que mais pressionaram negativamente foram:
produtos têxteis (–14,3%), calçados e artigos em couro
(–9,4%), outros produtos químicos (–3,2%) e alimentos
(–1,3%).
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