O principal destaque dos indicadores das Contas Nacionais Trimestrais
divulgados hoje pelo IBGE é o desempenho da Indústria
de Transformação. No segundo trimestre com relação
ao primeiro, o valor agregado da Indústria de Transformação
não cresceu, ficou estagnado. Esse dado é, por si
só, preocupante, pois confirma que o principal setor da
indústria brasileira (composta ainda pela extrativa, construção
e distribuição de eletricidade, gás e água)
está sendo fortemente afetado pelo menor ritmo da economia
brasileira e pelo avanço das importações
de manufaturados. Além disso, esse resultado da Indústria
de Transformação também é preocupante
na medida em que ele pode começar a afetar o desempenho
dos demais setores da economia brasileira de modo mais significativo.
É bom lembrar que a Indústria de Transformação
é um grande demandante de bens da agropecuária e
também do setor de serviços. Provavelmente, o Banco
Central considerou, nas suas projeções, esse comportamento
da Indústria de Transformação ao decidir
ontem baixar a taxa Selic em 0,5 ponto percentual.
Outro destaque
diz respeito à evolução dos investimentos.
Na comparação com o mesmo trimestre do ano anterior,
observa-se que a Formação Bruta de Capital Fixo
vem nitidamente perdendo fôlego (21,1%, 12,3%, 8,8% e 5,9%,
respectivamente, do terceiro trimestre de 2010 até o segundo
trimestre deste ano). E se, na comparação trimestre
contra trimestre imediatamente anterior com ajuste sazonal, o
investimento cresceu a uma taxa de variação maior
no segundo trimestre (1,7%) do que no primeiro (1,0%), o resultado
pode ser considerado muito modesto, com implicações
desfavoráveis para o desempenho futuro da economia do País.
De fato, como consequência dessa evolução,
a participação dos investimentos no PIB ficou em
somente 17,8% no segundo trimestre, não avançando
em relação à participação registrada
no primeiro trimestre (18,0%), o que passou a dificultar ainda
mais o percurso para se atingir, em 2014, a taxa de 24% a 25%
do PIB que se projeta como necessária para que a economia
brasileira cresça de forma sustentável nos próximos
anos.
Em linhas
gerais, os dados do IBGE confirmam o que já era esperado:
a economia brasileira segue num ritmo mais lento, em nítida
desaceleração. Em qualquer base de comparação,
é possível observar que o PIB brasileiro vem crescendo
a taxas decrescentes. Por exemplo, após o aumento de 1,2%
no primeiro trimestre deste ano, o PIB cresceu 0,8% no segundo
– taxas de variação calculadas com relação
ao trimestre imediatamente anterior, com ajuste sazonal. Ao se
tomar a série que compara trimestre com o mesmo trimestre
do ano anterior, a evolução do PIB também
vai ficando mais moderada: 9,2%, 6,7% 5,0%, 4,2% e 3,1%, nessa
ordem, do segundo trimestre de 2010 até o segundo trimestre
deste ano. O agravante dessa desaceleração, como
se pode deduzir do exposto acima, fica por conta da Indústria
de Transformação, a qual, vale acrescentar, começou
o segundo semestre deste ano apresentando dados de produção
e expectativas empresariais nada favoráveis. Se novas projeções
para a economia brasileira aparecerem, elas caminharão,
pelo que tudo indica, num mesmo sentido: para baixo.
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