31 de agosto de 2011

Indústria
Desempenho ruim e preocupante


  

 
O crescimento de 0,5% da produção em julho com relação a junho (com ajuste sazonal) divulgado hoje pelo IBGE não ameniza a situação difícil da indústria brasileira. Nos últimos meses, tem-se observado um movimento oscilatório, de altos e baixos, do nível de atividades da indústria (em junho frente a maio, por exemplo, registrou-se queda de 1,2%). Mas, o sinal que está prevalecendo na evolução da produção industrial é de perda de ritmo, ou ainda, uma tendência clara de desaceleração. E isso pode ser constatado em termos gerais, ou seja, nos diferentes setores ou ramos da indústria.

No primeiro semestre deste ano com relação ao mesmo período de 2010, a produção física da indústria aumentou 1,7% – um resultado bastante modesto em relação ao crescimento de 16,2% registrado nos primeiros seis meses de 2010 –, e iniciou o segundo trimestre com retração de 0,3% (variação de julho deste ano com relação ao mesmo mês do ano passado). Nessas mesmas comparações, em três dos quatro grandes setores da indústria, observou-se perda de ritmo da produção.

No setor de bens de capital, o crescimento de 5,8% no primeiro semestre deu lugar a um aumento de 3,8% em julho; no setor de bens duráveis, após elevação de 1,9% nos seis primeiros meses deste ano, a produção cresceu 1,3% em julho; no setor de bens intermediários, mais do que desaceleração, a produção iniciou o segundo semestre com queda de 2,4%, após registrar variação de 1,2% no primeiro semestre. No setor de bens semi e não duráveis, apesar do ligeiro aumento, a produção cresce a taxas pouco expressivas: 0,5% no primeiro semestre e 0,8% em julho.

A taxa anualizada em doze meses também aponta para resultados mais fracos da indústria. Se, até junho, essa taxa projetava um crescimento anual de 3,7% da produção industrial, com o dado de julho passou-se para uma elevação de 2,9%. Esse comportamento de desaceleração também pode ser visto em todos os quatro grandes setores da indústria (bens de capital, intermediários, duráveis e semi e não duráveis) e em vinte dos vinte e seis segmentos industriais pesquisados pelo IBGE, deixando claro que o desempenho da indústria neste ano ficará muito aquém do aumento de 10,5% de 2010.

Para completar esse cenário nada favorável da indústria, cabe destacar o desempenho do setor de bens intermediários neste ano de 2011. Como se sabe, além de ser o setor com maior peso na indústria, o de bens intermediários também pode ser considerado um termômetro da atividade industrial, na medida em que ele representa as compras realizadas internamente na indústria. E esse termômetro diz que a temperatura está baixa: no acumulado do ano até julho, o crescimento da produção de intermediários foi de somente 0,6%. Das sete variações registradas neste ano para o setor, cinco foram negativas. Esse desempenho do setor de bens intermediários, bem abaixo da média geral da indústria, está refletindo também outro problema (e mais grave) enfrentado pela indústria: o aumento da substituição do insumo nacional pelo importado.

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