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O crescimento de 0,5% da produção em julho com relação
a junho (com ajuste sazonal) divulgado hoje pelo IBGE não
ameniza a situação difícil da indústria
brasileira. Nos últimos meses, tem-se observado um movimento
oscilatório, de altos e baixos, do nível de atividades
da indústria (em junho frente a maio, por exemplo, registrou-se
queda de 1,2%). Mas, o sinal que está prevalecendo na evolução
da produção industrial é de perda de ritmo,
ou ainda, uma tendência clara de desaceleração.
E isso pode ser constatado em termos gerais, ou seja, nos diferentes
setores ou ramos da indústria.
No primeiro
semestre deste ano com relação ao mesmo período
de 2010, a produção física da indústria
aumentou 1,7% – um resultado bastante modesto em relação
ao crescimento de 16,2% registrado nos primeiros seis meses de
2010 –, e iniciou o segundo trimestre com retração
de 0,3% (variação de julho deste ano com relação
ao mesmo mês do ano passado). Nessas mesmas comparações,
em três dos quatro grandes setores da indústria,
observou-se perda de ritmo da produção.
No setor de
bens de capital, o crescimento de 5,8% no primeiro semestre deu
lugar a um aumento de 3,8% em julho; no setor de bens duráveis,
após elevação de 1,9% nos seis primeiros
meses deste ano, a produção cresceu 1,3% em julho;
no setor de bens intermediários, mais do que desaceleração,
a produção iniciou o segundo semestre com queda
de 2,4%, após registrar variação de 1,2%
no primeiro semestre. No setor de bens semi e não duráveis,
apesar do ligeiro aumento, a produção cresce a taxas
pouco expressivas: 0,5% no primeiro semestre e 0,8% em julho.
A taxa anualizada
em doze meses também aponta para resultados mais fracos
da indústria. Se, até junho, essa taxa projetava
um crescimento anual de 3,7% da produção industrial,
com o dado de julho passou-se para uma elevação
de 2,9%. Esse comportamento de desaceleração também
pode ser visto em todos os quatro grandes setores da indústria
(bens de capital, intermediários, duráveis e semi
e não duráveis) e em vinte dos vinte e seis segmentos
industriais pesquisados pelo IBGE, deixando claro que o desempenho
da indústria neste ano ficará muito aquém
do aumento de 10,5% de 2010.
Para completar
esse cenário nada favorável da indústria,
cabe destacar o desempenho do setor de bens intermediários
neste ano de 2011. Como se sabe, além de ser o setor com
maior peso na indústria, o de bens intermediários
também pode ser considerado um termômetro da atividade
industrial, na medida em que ele representa as compras realizadas
internamente na indústria. E esse termômetro diz
que a temperatura está baixa: no acumulado do ano até
julho, o crescimento da produção de intermediários
foi de somente 0,6%. Das sete variações registradas
neste ano para o setor, cinco foram negativas. Esse desempenho
do setor de bens intermediários, bem abaixo da média
geral da indústria, está refletindo também
outro problema (e mais grave) enfrentado pela indústria:
o aumento da substituição do insumo nacional pelo
importado.
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Segundo dados do IBGE, a indústria geral assinalou crescimento
de 0,5% em julho frente a junho na série com dados dessazonalizados,
revertendo parte da perda de 1,2% registrada no mês anterior. Frente
o mesmo mês do ano anterior, a produção industrial
registrou taxa negativa de 0,3%, após dois meses consecutivos de
taxas positivas (2,5% em maio e 1,1% em junho). No ano, a indústria
geral acumulou crescimento de 1,4%, valor bem inferior ao acumulado no
mesmo período de 2010 (15,0%). No acumulado dos últimos
12 meses frente a igual período imediatamente anterior, houve expansão
de 2,9%, pior resultado desde abril de 2010.
Em relação
ao mês imediatamente anterior, com dados já livres dos efeitos
sazonais, todas as categorias, exceto os bens intermediários (–0,7%)
apresentaram avanços. As taxas mais elevadas foram registradas
pelos segmentos de bens de consumo semi e não duráveis (3,8%),
seguidos dos bens de consumo duráveis (2,9%) e bens de capital
(1,7%). Frente julho de 2010, novamente, apenas os bens intermediários
assinalaram queda (–2,4%). Das demais categorias de uso, o destaque
ficou para bens de capital (3,8%), graças ao desempenho positivo
dos bens de capital para equipamentos de transportes (11,5%), para fins
industriais (11,5%) e para construção (12,7%). Os segmentos
de bens de consumo duráveis (1,3%) e de bens de consumo semi e
não duráveis (0,8%) também apontaram resultados positivos.
No acumulado dos sete
primeiros meses de 2011, todas as categorias apontaram taxas positivas,
com os bens de capital (5,5%) registrando a variação mais
significativa, seguidos pelo segmento de bens de consumo duráveis
(1,9%), bens intermediários (0,6%) e de bens de consumo semi e
não duráveis (0,5%).
A partir dos dados
dessazonalizados, observou-se que, dos 27 setores incluídos na
pesquisa, 14 setores apresentaram nível de produção
superior na passagem de junho para julho. Os destaques, por ordem de contribuição,
foram: edição e impressão (16,8%), veículos
automotores (4,3%), alimentos (1,9%), bebidas (4,1%) e refino de petróleo
e produção de álcool (1,9%). Por outro lado, os setores
que mais influenciaram negativamente a taxa geral foram a indústria
farmacêutica (–9,0%), outros produtos químicos (–1,8%),
têxtil (–4,9%), diversos (–12,9%) e máquinas
e equipamentos (–1,3%).
No confronto de julho
de 2011 com julho de 2010, houve queda em 15 dos setores da pesquisa.
Os destaques negativos foram: de têxtil (–20,9%), farmacêutica
(–12,9%), refino de petróleo e produção de
álcool (–5,6%), metalurgia básica (–6,5%), outros
produtos químicos (–4,2%), vestuário (–13,9%)
e alimentos (–1,0%). Entre os ramos que registraram avanço,
pode-se citar o setor de edição e impressão (37,9%),
veículos automotores (2,9%), material eletrônico e equipamentos
de comunicações (9,3%), máquinas e equipamentos (2,7%)
e fumo (17,5%). Importante notar que julho deste ano teve um dia útil
a menos que julho de 2010.
No acumulado entre
janeiro e julho de 2011, onze segmentos industriais não apresentaram
crescimento. O setor produtor de veículos automotores representou
a maior influência positiva (com crescimento de 5,6%), seguido por
outros equipamentos de transporte (11,3%), farmacêutica (6,1%),
edição e impressão (5,7%), equipamentos de instrumentação
médico-hospitalares, ópticos e outros (17,5%), minerais
não metálicos (4,6%), máquinas e equipamentos (2,2%),
indústrias extrativas (2,7%) e material eletrônico e equipamentos
de comunicações (5,5%), enquanto os setores que mais pressionaram
negativamente foram têxtil (–14,4%), outros produtos químicos
(–2,7%), bebidas (–4,1%) e alimentos (–1,1%).
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