19 de agosto de 2011

Indústria
O desafio da produtividade


  

 
A produtividade do trabalho na indústria no primeiro semestre de 2011 ficou estagnada na comparação com o primeiro semestre de 2010. O resultado de apenas 0,1% decorreu de uma expansão de 1,7% na produção física e de 1,6% nas horas pagas. Estes percentuais apontam para a desaceleração do ritmo de atividade do setor, contrastando com o desempenho observado ao longo de 2010, de franca recuperação da produção (10,5%) e da produtividade (6,1%) em relação ao ano de 2009. O comportamento do emprego ainda foi positivo no primeiro semestre de 2011, com expansão de 1,9%, porém as variações mês a mês, com apenas duas taxas positivas, apontam também para um desaquecimento no ritmo do mercado de trabalho da indústria.

Por outro lado, a variação do custo da mão de obra, obtido pela comparação das taxas de crescimento da folha de pagamento média real (3,5%) com a produtividade (0,1%) registra aumento de 3,5% no semestre. Em 2010 este indicador havia apresentado variação negativa, tanto no fechamento do ano (–2,6%) como no primeiro semestre (–8,9%). Na comparação mensal a variação do custo da mão de obra foi de 1,9%. Assim, o primeiro semestre da indústria configura um cenário de desaceleração da produção e da produtividade e de aumento dos custos da mão de obra no setor.

A evolução da produtividade é ditada pela expansão da produção, ou seja, é o crescimento do produto industrial, estimulado pela expansão da demanda agregada, que explica o crescimento da produtividade. Na comparação do indicador acumulado de média móvel de 12 meses, observa-se que a desaceleração da produção e da produtividade ocorre a partir de novembro de 2010 e vem se acentuando em 2011. As razões para a desaceleração no ritmo de atividade industrial em 2011 podem ser atribuídas tanto à perda de competitividade dos bens industriais produzidos domesticamente, dado à forte apreciação da taxa de câmbio, como às medidas econômicas adotadas neste ano para conter o consumo, com objetivo de desacelerar a inflação. Também contribuiu para o resultado a base de comparação elevada, pois foram expressivos os acréscimos de produtividade obtidos em 2010.

Um dos principais desafios da indústria nacional é aumentar sua produtividade. Essa expansão da produtividade requer um esforço maior de aumento da taxa de investimento do País. Somente com investimentos que incorporem ganhos tecnológicos e inovação (de produtos, de processos, de gestão) as empresas brasileiras se tornarão mais produtivas e se capacitarão para enfrentar a concorrência cada vez mais acirrada tanto nos mercados externos como no mercado interno. Mais do que um desafio grande, a busca por maior produtividade é até uma questão de sobrevivência para muitas empresas e setores da indústria nacional. No entanto, esse esforço encontra fortes desestímulos e pode não lograr sucesso se os altos custos de se produzir no País não forem enfrentados de modo ainda mais veemente. O Plano Brasil Maior, lançado pelo Governo na semana passada, tem o mérito de reconhecer a indústria como um setor importante para a sustentação do nosso crescimento econômico. As medidas do Plano são um começo para que, de fato, a indústria nacional comece a vislumbrar um horizonte mais positivo, que favoreça os investimentos que serão realizados hoje e traçarão o caminho do desenvolvimento que queremos para o País.

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