A produtividade do trabalho na indústria no primeiro semestre
de 2011 ficou estagnada na comparação com o primeiro
semestre de 2010. O resultado de apenas 0,1% decorreu de uma expansão
de 1,7% na produção física e de 1,6% nas
horas pagas. Estes percentuais apontam para a desaceleração
do ritmo de atividade do setor, contrastando com o desempenho
observado ao longo de 2010, de franca recuperação
da produção (10,5%) e da produtividade (6,1%) em
relação ao ano de 2009. O comportamento do emprego
ainda foi positivo no primeiro semestre de 2011, com expansão
de 1,9%, porém as variações mês a mês,
com apenas duas taxas positivas, apontam também para um
desaquecimento no ritmo do mercado de trabalho da indústria.
Por outro
lado, a variação do custo da mão de obra,
obtido pela comparação das taxas de crescimento
da folha de pagamento média real (3,5%) com a produtividade
(0,1%) registra aumento de 3,5% no semestre. Em 2010 este indicador
havia apresentado variação negativa, tanto no fechamento
do ano (–2,6%) como no primeiro semestre (–8,9%).
Na comparação mensal a variação do
custo da mão de obra foi de 1,9%. Assim, o primeiro semestre
da indústria configura um cenário de desaceleração
da produção e da produtividade e de aumento dos
custos da mão de obra no setor.
A evolução
da produtividade é ditada pela expansão da produção,
ou seja, é o crescimento do produto industrial, estimulado
pela expansão da demanda agregada, que explica o crescimento
da produtividade. Na comparação do indicador acumulado
de média móvel de 12 meses, observa-se que a desaceleração
da produção e da produtividade ocorre a partir de
novembro de 2010 e vem se acentuando em 2011. As razões
para a desaceleração no ritmo de atividade industrial
em 2011 podem ser atribuídas tanto à perda de competitividade
dos bens industriais produzidos domesticamente, dado à
forte apreciação da taxa de câmbio, como às
medidas econômicas adotadas neste ano para conter o consumo,
com objetivo de desacelerar a inflação. Também
contribuiu para o resultado a base de comparação
elevada, pois foram expressivos os acréscimos de produtividade
obtidos em 2010.
Um dos principais
desafios da indústria nacional é aumentar sua produtividade.
Essa expansão da produtividade requer um esforço
maior de aumento da taxa de investimento do País. Somente
com investimentos que incorporem ganhos tecnológicos e
inovação (de produtos, de processos, de gestão)
as empresas brasileiras se tornarão mais produtivas e se
capacitarão para enfrentar a concorrência cada vez
mais acirrada tanto nos mercados externos como no mercado interno.
Mais do que um desafio grande, a busca por maior produtividade
é até uma questão de sobrevivência
para muitas empresas e setores da indústria nacional. No
entanto, esse esforço encontra fortes desestímulos
e pode não lograr sucesso se os altos custos de se produzir
no País não forem enfrentados de modo ainda mais
veemente. O Plano Brasil Maior, lançado pelo Governo na
semana passada, tem o mérito de reconhecer a indústria
como um setor importante para a sustentação do nosso
crescimento econômico. As medidas do Plano são um
começo para que, de fato, a indústria nacional comece
a vislumbrar um horizonte mais positivo, que favoreça os
investimentos que serão realizados hoje e traçarão
o caminho do desenvolvimento que queremos para o País.
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