11 de agosto de 2011

Emprego Industrial
Sinais mais do que negativos


   

 
Os sinais são de agravamento do emprego industrial no Brasil. O último dado do IBGE, divulgado hoje, mostra uma retração de 0,2% do número de ocupados na indústria no mês de junho com relação a maio, com ajuste sazonal. Essa taxa de variação confirma o fraquíssimo desempenho do setor industrial na geração de empregos do País, o qual pode ser observado desde agosto do ano passado. De fato, no período agosto de 2010 a junho de 2011, ou ainda, em onze meses, o emprego na indústria avançou somente 0,3%. O que explica esse comportamento é a desaceleração da produção industrial, resultado da perda de competitividade do bem produzido domesticamente em relação ao produzido no estrangeiro e da própria diminuição do ritmo da economia brasileira.

No entanto, o sinal mais preocupante nos dados do IBGE não está nessa retração de 0,2% dos ocupados na indústria ou mesmo na nítida trajetória descendente da taxa de variação do emprego industrial na série que compara determinado mês com o mesmo mês do ano anterior (2,8%, 2,9%, 2,2%, 1,7%, 1,3% e 0,7%, respectivamente, de janeiro a junho deste ano). O resultado mais grave é o recuo do emprego em São Paulo: –1,5% em junho frente a junho de 2010. Uma queda do número de ocupados na indústria paulista que também foi registrada em abril (–0,3%) e maio (–0,8%), ou seja, três meses consecutivos de retração a taxas cada vez mais negativas. Dada a elevada participação da indústria de São Paulo no emprego industrial, a tendência que se pode traçar para o mercado de trabalho do setor não é nada favorável.

Além disso, cabe observar que o número de horas pagas na indústria não vem apresentando bons resultados desde março deste ano. Em junho com relação a maio, houve queda de 0,6% – com ajuste sazonal. Isso é um indicativo de que o emprego poderá sofrer novos reveses nos próximos meses. Parece que o emprego industrial, após ficar estagnado por praticamente onze meses, começa a encolher, seguindo mais de perto o processo de desaceleração da produção industrial que ocorre há mais tempo. A lógica aqui é que a prioridade de manter os postos de trabalho ocupados pode estar cedendo diante das adversidades que a indústria vive no plano da produção.

Um último ponto: esses números de junho estão, vale dizer, “limpos” de qualquer efeito da nova onda de crise internacional. Um agravamento no cenário internacional poderá dificultar ainda mais o quadro já nada salutar da indústria brasileira.
  

 
Em junho, o emprego na indústria apresentou recuo de 0,2% frente a maio, na série livre de efeitos sazonais. Este foi o sexto resultado positivo consecutivo. Na comparação com o mesmo mês de 2010, houve uma expansão de 0,7%. Na análise trimestral, frente ao mesmo trimestre do ano anterior, o emprego cresceu 1,2%. No acumulado do primeiro semestre do ano, em comparação a igual período de 2010, o emprego industrial cresceu 1,9%, enquanto que no acumulado dos últimos doze meses a variação foi de 3,1%, a menor variação desde novembro de 2010 (2,9%), assinalando trajetória descendente.

No índice mês/mesmo mês do ano anterior, o acréscimo de 0,7% do emprego industrial se deu graças ao saldo positivo entre contratações e demissões em nove dos 14 locais pesquisados. As pressões mais significativas vieram de Paraná (6,4%), Rio Grande do Sul (2,5%), Minas Gerais (2,1%), região Nordeste (1,7%) e região Norte e Centro-Oeste (2,2%). Por outro lado, São Paulo, com queda de 1,5%, teve a principal pressão negativa no total nacional. No acumulado do ano, 12 locais registraram avanço no emprego industrial, sendo Paraná (4,6%), Minas Gerais (3,3%), região Nordeste (2,6%), região Norte e Centro-Oeste (3,4%) e Rio Grande do Sul (3,0%) as taxas positivas mais significantes. São Paulo mostrou ligeira variação positiva (0,2%) no acumulado no ano, enquanto o Ceará foi o único a recuar
(-0,6%).

No confronto junho 11/ junho 10, 10 dos 18 segmentos pesquisados obtiveram alta do pessoal ocupado, com destaque para os setores de alimentos e bebidas (3,2%), meios de transporte (7,0%), máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações (7,0%), outros produtos da indústria de transformação (5,2%), máquinas e equipamentos (3,0%) e metalurgia básica (4,4%), enquanto papel e gráfica (-10,1%), calçados e couro (-5,4%), madeira (-11,2%) e vestuário (-3,5%) foram as maiores pressões negativas.

 

 
Na análise trimestral, pode-se observar desaceleração do ritmo do emprego industrial, visto que na passagem entre o primeiro (3,6%) e o segundo trimestres de 2011 (1,2%), 14 setores apresentaram essa tendência, com destaque para produtos de metal (de 8,2% para 3,4%), têxtil (de 3,2% para -1,4%), calçados e couro (de -0,2% para -3,7%), máquinas e equipamentos (de 6,4% para 3,8%), borracha e plástico (de 3,8% para 0,7%), minerais não metálicos (de 4,1% para 1,9%) e madeira (de -5,6% para -9,9%).

No fechamento do primeiro semestre de 2011, doze ramos pesquisados registraram acréscimos, sendo as principais variações nos setores de meios de transporte (7,9%), alimentos e bebidas (2,4%), máquinas e equipamentos (5,1%), produtos de metal (5,7%), máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações (6,3%) e metalurgia básica (7,4%); enquanto papel e gráfica (-9,0%), vestuário (-3,1%), madeira (-7,8%) e calçados e couro
(-2,0%) foram as principais variações negativas.

Número de Horas Pagas. O número de horas pagas aos trabalhadores na indústria apresentou queda de 0,6% na passagem de maio para junho, na série dessazonalizada, após dois recuos consecutivos em abril (-0,3%) e março -0,5%) e estabilidade em maio. Frente a junho de 2010, houve estabilidade das horas pagas na indústria. Na comparação acumulada do ano, houve acréscimo de 1,6%. No acumulado dos últimos 12 meses frente ao período imediatamente anterior, as contratações da indústria registraram alta de 3,1%.

Folha de Pagamento Real per capita. Em junho, frente a maio, este índice apresentou expansão de 0,7%. Frente a junho de 2010, o resultado manteve-se positivo: 3,6%. No acumulado do primeiro semestre de 2011, o aumento foi de 5,5%, enquanto no acumulado dos últimos doze meses, houve variação positiva de 7,2%.

 

 

 

 

 

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