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Os sinais são de agravamento do emprego industrial no Brasil.
O último dado do IBGE, divulgado hoje, mostra uma retração
de 0,2% do número de ocupados na indústria no mês
de junho com relação a maio, com ajuste sazonal.
Essa taxa de variação confirma o fraquíssimo
desempenho do setor industrial na geração de empregos
do País, o qual pode ser observado desde agosto do ano
passado. De fato, no período agosto de 2010 a junho de
2011, ou ainda, em onze meses, o emprego na indústria avançou
somente 0,3%. O que explica esse comportamento é a desaceleração
da produção industrial, resultado da perda de competitividade
do bem produzido domesticamente em relação ao produzido
no estrangeiro e da própria diminuição do
ritmo da economia brasileira.
No entanto,
o sinal mais preocupante nos dados do IBGE não está
nessa retração de 0,2% dos ocupados na indústria
ou mesmo na nítida trajetória descendente da taxa
de variação do emprego industrial na série
que compara determinado mês com o mesmo mês do ano
anterior (2,8%, 2,9%, 2,2%, 1,7%, 1,3% e 0,7%, respectivamente,
de janeiro a junho deste ano). O resultado mais grave é
o recuo do emprego em São Paulo: –1,5% em junho frente
a junho de 2010. Uma queda do número de ocupados na indústria
paulista que também foi registrada em abril (–0,3%)
e maio (–0,8%), ou seja, três meses consecutivos de
retração a taxas cada vez mais negativas. Dada a
elevada participação da indústria de São
Paulo no emprego industrial, a tendência que se pode traçar
para o mercado de trabalho do setor não é nada favorável.
Além
disso, cabe observar que o número de horas pagas na indústria
não vem apresentando bons resultados desde março
deste ano. Em junho com relação a maio, houve queda
de 0,6% – com ajuste sazonal. Isso é um indicativo
de que o emprego poderá sofrer novos reveses nos próximos
meses. Parece que o emprego industrial, após ficar estagnado
por praticamente onze meses, começa a encolher, seguindo
mais de perto o processo de desaceleração da produção
industrial que ocorre há mais tempo. A lógica aqui
é que a prioridade de manter os postos de trabalho ocupados
pode estar cedendo diante das adversidades que a indústria
vive no plano da produção.
Um último
ponto: esses números de junho estão, vale dizer,
“limpos” de qualquer efeito da nova onda de crise
internacional. Um agravamento no cenário internacional
poderá dificultar ainda mais o quadro já nada salutar
da indústria brasileira.
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Em junho, o emprego na indústria apresentou recuo de 0,2% frente
a maio, na série livre de efeitos sazonais. Este foi o sexto resultado
positivo consecutivo. Na comparação com o mesmo mês
de 2010, houve uma expansão de 0,7%. Na análise trimestral,
frente ao mesmo trimestre do ano anterior, o emprego cresceu 1,2%. No
acumulado do primeiro semestre do ano, em comparação a igual
período de 2010, o emprego industrial cresceu 1,9%, enquanto que
no acumulado dos últimos doze meses a variação foi
de 3,1%, a menor variação desde novembro de 2010 (2,9%),
assinalando trajetória descendente.
No índice mês/mesmo
mês do ano anterior, o acréscimo de 0,7% do emprego industrial
se deu graças ao saldo positivo entre contratações
e demissões em nove dos 14 locais pesquisados. As pressões
mais significativas vieram de Paraná (6,4%), Rio Grande do Sul
(2,5%), Minas Gerais (2,1%), região Nordeste (1,7%) e região
Norte e Centro-Oeste (2,2%). Por outro lado, São Paulo, com queda
de 1,5%, teve a principal pressão negativa no total nacional. No
acumulado do ano, 12 locais registraram avanço no emprego industrial,
sendo Paraná (4,6%), Minas Gerais (3,3%), região Nordeste
(2,6%), região Norte e Centro-Oeste (3,4%) e Rio Grande do Sul
(3,0%) as taxas positivas mais significantes. São Paulo mostrou
ligeira variação positiva (0,2%) no acumulado no ano, enquanto
o Ceará foi o único a recuar
(-0,6%).
No confronto junho
11/ junho 10, 10 dos 18 segmentos pesquisados obtiveram alta do pessoal
ocupado, com destaque para os setores de alimentos e bebidas (3,2%), meios
de transporte (7,0%), máquinas e aparelhos eletroeletrônicos
e de comunicações (7,0%), outros produtos da indústria
de transformação (5,2%), máquinas e equipamentos
(3,0%) e metalurgia básica (4,4%), enquanto papel e gráfica
(-10,1%), calçados e couro (-5,4%), madeira (-11,2%) e vestuário
(-3,5%) foram as maiores pressões negativas.
Na análise trimestral, pode-se observar desaceleração
do ritmo do emprego industrial, visto que na passagem entre o primeiro
(3,6%) e o segundo trimestres de 2011 (1,2%), 14 setores apresentaram
essa tendência, com destaque para produtos de metal (de 8,2% para
3,4%), têxtil (de 3,2% para -1,4%), calçados e couro (de
-0,2% para -3,7%), máquinas e equipamentos (de 6,4% para 3,8%),
borracha e plástico (de 3,8% para 0,7%), minerais não metálicos
(de 4,1% para 1,9%) e madeira (de -5,6% para -9,9%).
No fechamento do primeiro
semestre de 2011, doze ramos pesquisados registraram acréscimos,
sendo as principais variações nos setores de meios de transporte
(7,9%), alimentos e bebidas (2,4%), máquinas e equipamentos (5,1%),
produtos de metal (5,7%), máquinas e aparelhos eletroeletrônicos
e de comunicações (6,3%) e metalurgia básica (7,4%);
enquanto papel e gráfica (-9,0%), vestuário (-3,1%), madeira
(-7,8%) e calçados e couro
(-2,0%) foram as principais variações negativas.
Número
de Horas Pagas. O número de horas pagas aos trabalhadores
na indústria apresentou queda de 0,6% na passagem de maio para
junho, na série dessazonalizada, após dois recuos consecutivos
em abril (-0,3%) e março -0,5%) e estabilidade em maio. Frente
a junho de 2010, houve estabilidade das horas pagas na indústria.
Na comparação acumulada do ano, houve acréscimo de
1,6%. No acumulado dos últimos 12 meses frente ao período
imediatamente anterior, as contratações da indústria
registraram alta de 3,1%.
Folha de Pagamento
Real per capita. Em junho, frente a maio, este índice
apresentou expansão de 0,7%. Frente a junho de 2010, o resultado
manteve-se positivo: 3,6%. No acumulado do primeiro semestre de 2011,
o aumento foi de 5,5%, enquanto no acumulado dos últimos doze meses,
houve variação positiva de 7,2%.
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