9 de agosto de 2011

Indústria Regional
Recuo nos três principais centros produtivos


   

 
O recuo de 1,6% da produção da indústria brasileira em junho com relação a maio refletiu a queda da atividade industrial em nove das catorze localidades do País pesquisadas pelo IBGE. Por si só, esse é um resultado bastante desfavorável, mas, ao se observar o que ocorreu com a produção em junho nos três maiores parques industriais do País, o cenário da indústria é bem mais preocupante. Segundo os dados divulgados pelo IBGE, no Rio de Janeiro, em São Paulo e em Minas, a produção caiu, respectivamente, 4,5%, 1,5% e 1,3% – taxas de variação de junho frente a maio com ajuste sazonal.

Essa retração da produção nesses estados e em outras localidades do País confirma o movimento oscilatório da evolução da indústria nacional, marcada por altos e baixos. No entanto, a tendência que vai se configurando é de perda de ritmo e mesmo de queda da produção do setor. No segundo trimestre com relação ao primeiro trimestre deste ano, com dados dessazonalizados, a produção desacelerou em nove locais. Em São Paulo, de um crescimento de 2,0% no primeiro trimestre, a produção caiu 1,3% no segundo trimestre. Em Minas, passou de 0,8% para –0,1%; no Rio Grande do Sul, de 0,8% para –0,3%; no Paraná, de 5,6% para –0,9%; em Santa Catarina, de 0,2% para –6,6%; no Rio de Janeiro, de –1,1% para –1,2%.

Em outras comparações, também é nítida o menor ímpeto da produção industrial. A indústria geral começou janeiro deste ano com uma taxa anualizada de 9,4%, a qual caiu para 3,7% em junho. No estado de São Paulo, essa mesma taxa passou de 9,2% em janeiro para 4,1% em junho; em Minas, de 13,2% para 5,6%; e no Rio de Janeiro, de 7,7% para 4,2%. Ou seja, mantido esse ritmo, o crescimento da produção industrial em 2011 fica muito comprometido, podendo se situar muito abaixo de uma já não tão espetacular taxa de 3,0%.

A indústria brasileira vive um momento muito adverso, consequência de sua perda de competitividade, cujos fatores determinantes já são bem conhecidos. A política industrial lançada semana passada e batizada de Brasil Maior tem seus méritos e mostra sensibilidade do Governo para com o setor. Ela poderá minimizar, ainda no curto prazo, muitas dificuldades enfrentadas por alguns segmentos industriais. No entanto, o cenário geral e as perspectivas da indústria brasileira continuam desfavoráveis e ficam mais nebulosos diante da crise da dívida soberana em países importantes da Europa e da crise política dos Estados Unidos. O filme da crise de 2008 poderá se repetir em alguns de seus pontos, por exemplo: nova onda – e mais penosa – de desaquecimento das economias desenvolvidas; acirramento da concorrência nos mercados internacionais de bens; e, do lado da economia americana, uma política monetária expansionista. São cenas prováveis de um filme que, certamente, não serão nada coloridas para a indústria brasileira.

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