7 de julho de 2011

Economia e Política Econômica
Sobre a dinâmica industrial


   

 
Nos primeiros cincos meses de 2011 o crescimento industrial não chegou a 2%, muito longe da taxa alcançada no mesmo período do ano passado (17,3%) ou do ano como um todo de 2010 (10,5%). É claro que esses últimos índices têm correspondência em um processo de recuperação de nossa economia à crise internacional, razão pela qual foram mais expressivos. Mas, se retrocedermos ao período pré-crise, a comparação também faz sobressair o magro desempenho de 2011: no ano cheio de 2007, a expansão industrial foi de 6,0% e de 6,3% no período janeiro/maio de 2008.

Outro ponto a ser observado: o encolhimento da produção tem sido generalizado. Assim, acusam redução absoluta setores tão relevantes quanto distintos como alimentos, bebidas, indústria têxtil, vestuário, calçados, edição e impressão, perfumaria, produtos químicos, mobiliário, máquinas para escritório e equipamentos de informática. Em vários outros casos a produção cresceu, porém muito pouco (abaixo de 3%), a exemplo de celulose e papel, madeira, borracha e plástico, metalurgia básica, produtos de metal, máquinas e equipamentos e máquinas e materiais elétricos. Como se vê, é grande o número de segmentos com flagrante perda de dinamismo ou mesmo retração absoluta, conferindo uma ampla abrangência ao baixo crescimento desta primeira metade de 2011.

Se na grande maioria dos setores o nível atual de crescimento é não só inferior ao ano da recuperação (2010) como está também muito distante do padrão anterior à crise, a conclusão é que a indústria brasileira já não vem sendo capaz de transformar, como antes, o bom momento econômico vivido pelo país em maior investimento e produção para o mercado doméstico e para exportação. Mesmo nos casos dos ramos favorecidos pela conjuntura interna e internacional, a expansão, embora ainda presente, tem sido menor do que antes, como na extração mineral, refino de petróleo e álcool, farmacêutica, minerais não metálicos, material eletrônico e de comunicações, veículos automotores e outros equipamentos de transporte. Exceção à regra, equipamentos de instrumentação médico hospitalar teve performance superior a de qualquer outro momento e foi o campeão de crescimento industrial. Esses casos contribuíram para sustentar uma taxa positiva para a indústria.

As observações acima sugerem que uma causa de efeito muito amplo e de gravidade ímpar se apresentou em 2011 para deprimir a indústria. Medidas tomadas pelo governo para desacelerar o crescimento econômico – cortes de gastos públicos, elevações da taxa de juros e controle do crédito – e que já reduzem o ritmo de crescimento do consumo devem ter contribuído. Mas, a valorização cambial e um contexto global em que economias muito competitivas como China, Coréia e Alemanha, buscam mercados alternativos diante do frágil progresso das economias centrais, são os fatores principais que derrubaram a indústria brasileira. Esta vem perdendo posições em mercados de outros países, assim como no mercado interno diante da produção externa. Está excepcionalmente caro produzir no Brasil e a taxa de câmbio agrava muito esta situação.
 

 
 

 

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