1º de julho de 2011

Indústria
Positivo em maio,
mas em desaceleração


  

 
Em maio, a produção industrial brasileira voltou a crescer (1,3% com relação ao mês imediatamente anterior, com ajuste sazonal), após apresentar retração de 1,2% em abril. Apesar de positivo, o resultado de maio não permite traçar uma tendência de retomada da atividade industrial nos próximos meses. O que estamos observando é uma oscilação da produção na indústria, seja ao nível das suas categorias de uso, seja ao nível dos seus segmentos.

De fato, tomando em primeiro lugar o setor de bens duráveis, este apresentou nos meses de fevereiro, março, abril e maio a seguinte evolução: –1,4%, 4,6%, –10,0% e 2,7%; no setor de semiduráveis e não duráveis, a progressão foi: 0,0%, 2,0%, –1,5% e 0,0%; no de intermediários, 1,3%, 0,0%, –0,6% e 1,5% (todas as variações com relação ao mês imediatamente anterior e com ajuste sazonal). No setor de bens de capital, a produção apresentou melhores resultados nesse período (2,2%, 3,9%, –2,9% e 1,7%, respectivamente, de fevereiro a maio), mas ainda assim registrou forte queda em abril.

Nos segmentos industriais, vale notar que os que mais cresceram em maio com relação a abril – Produtos de metal (12,8%), Máquinas e equipamentos (4,8%), Máquinas, aparelhos e materiais elétricos (4,4%), Alimentos (3,9%) e Veículos automotores (3,5%) – também tiveram forte retração da produção em abril (–10,2%, –5,0%, –9,8%, –3,0% e 2,9%, na mesma ordem dos segmentos).

A taxa de variação média móvel trimestral minimiza esse efeito oscilatório. Ao se tomar a evolução dessa taxa, é possível identificar uma desaceleração da produção. Na indústria geral, a taxa variação média móvel trimestral teve o seguinte comportamento nos meses de março, abril e maio, respectivamente: 0,9%, 0,4% e 0,2%. Nas categorias de uso, observa-se também perda de ritmo da produção nesse período. Em bens de capital, as taxas foram 2,5%, 1,0% e 0,8%; em bens duráveis, 2,7%, –2,4%, –1,1%; em semi e não duráveis, 0,9%, 0,2% e 0,2% (todas as taxas de março a maio). No caso de bens intermediários, nota-se uma estabilidade (0,4%, 0,2% e 0,3%).

Esses números mostram que a indústria está desacelerando. Em parte, isso decorre das medidas macroprudenciais do governo, as quais também estão afetando a economia em geral. No entanto, os efeitos do câmbio valorizado e o fato de ser muito caro produzir no Brasil são fatores importantes (e já bem conhecidos) que vêm se somar para explicar esse desempenho bastante desfavorável da indústria nacional, o qual já se arrasta por um período consideravelmente longo – desde abril do ano passado.

Um último ponto: a indústria brasileira atingiu, de fato, o maior nível de produção da sua série histórica, mas ele está somente 0,7% acima do patamar de produção de setembro de 2008, mês em que ocorreu o agravamento da crise internacional. Ou seja, passaram-se dois anos e oito meses para a indústria retomar, com um ligeiro aumento, o nível de produção pré-crise.

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