10 de junho de 2011

Emprego Industrial
Nove meses de estagnação


   

 
Se o primeiro trimestre deste ano parecia indicar uma retomada das atividades industriais no País algo que poderia ser interpretado como um alento após nove meses de estagnação os dados divulgados hoje pelo IBGE para o emprego na indústria confirmam que o setor sofreu um forte revés em abril, o que dificulta muito traçar uma trajetória para a evolução nos próximos meses, embora existam indícios de que a tendência não seja positiva.

De fato, além da retração da produção industrial em abril (–2,1%, sendo que no estado de São Paulo a produção caiu ainda mais, –3,8%), o emprego industrial também decresceu (–0,1%) no quarto mês deste ano, segundo o IBGE – todas as taxas com relação ao mês imediatamente anterior e com ajuste sazonal. Vale lembrar que, desde agosto do ano passado, o emprego industrial não cresce, ele se mantém praticamente estagnado – o único “respiro” ocorreu em fevereiro, quando o número de ocupados na indústria aumentou 0,5%.

Seja nas suas atividades produtivas, seja no seu mercado de trabalho, o movimento da indústria ocorrido em abril é consequência do próprio andamento da economia brasileira, que vem desacelerando em resposta às medidas de contenção do Governo, bem como da presença mais acentuada dos bens importados no País, os quais continuam sendo favorecidos pela valorização do câmbio, sobretudo nestes últimos meses.

Para frente, os indicadores de desempenho não são promissores: de acordo com a CNI, os índices de expectativas das empresas com relação aos seus negócios vêm caindo e, segundo os dados divulgados hoje pelo IBGE, observa-se a segunda queda consecutiva do número de horas pagas na indústria (–0,3% em março e –0,4% em abril – taxas de variação relativas ao mês anterior, com ajuste sazonal). Quedas no número de horas pagas podem ser um indicador de que o emprego venha a cair no futuro próximo.

O que se mostra como certo é a desaceleração do ritmo de evolução no mercado de trabalho da indústria. Ao se tomar a série que compara mês com o mesmo mês do ano anterior, nota-se que as taxas de variação do número de ocupados são decrescentes desde julho do ano passado. Naquele mês, a taxa foi de 5,7%, chegando a 1,7% em abril deste ano. O mesmo ocorreu com o número de horas pagas na indústria: em julho de 2010, a taxa de variação foi de 5,5%, avançou para 6,1% em agosto e foi declinado até chegar a 1,2% no quarto mês de 2011. A taxa anualizada de número de ocupados na indústria também caiu em abril, ainda que modo mais suave: passou de 3,9% em março par 3,7% em abril.
  

 
Conforme a pesquisa de emprego industrial publicada hoje pelo IBGE, o pessoal ocupado assalariado na indústria geral apresentou um recuo de 0,1% na passagem de março para abril de 2011 na série livre de efeitos sazonais. Na comparação mensal (mês/mesmo mês do ano anterior) houve expansão de 1,7%, décima quinta taxa positiva consecutiva, porém a de menor magnitude desde fevereiro de 2010 (0,8%). No acumulado do primeiro quadrimestre, comparado ao mesmo período de 2010, houve um acréscimo de 2,4%. Nos últimos 12 meses, o índice ainda registrou crescimento de 3,7%, a menor dos últimos três meses.

Para o acréscimo dos ocupados industriais no Brasil de 1,7% frente a abril de 2010, 11 das 14 regiões pesquisadas registraram taxas positivas, com destaque para: o Paraná (5,4%), a região Nordeste (3,1%) e Minas Gerais (3,4%). Vale citar também as contribuições positivas vindas do Rio Grande do Sul (2,7%) e da região Norte e Centro-Oeste (2,2%). Por outro lado, São Paulo registrou decréscimo de 0,2%. O indicador acumulado no ano apresentou crescimento de 2,4% da ocupação assalariada industrial, com ampliação em 13 das regiões englobadas na pesquisa. As principais pressões positivas foram verificadas na região Nordeste (3,1%), Minas Gerais (3,7%), São Paulo (1,0%), região Norte e Centro-Oeste (3,8%), Paraná (3,8%) e Rio Grande do Sul (3,3%). O único resultado negativo foi registrado no Ceará (–0,1%).

Frente ao mesmo mês do ano anterior, onze dos dezoito ramos industriais apresentaram aumento do pessoal ocupado assalariado. Destacaram-se: meios de transporte (8,1%), alimentos e bebidas (2,5%), produtos de metal (5,6%), máquinas e equipamentos (4,1%), metalurgia básica (8,3%) e máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações (5,2%). Por outro lado, entre os sete ramos que registraram resultados negativos, sobressaíram os impactos vindos de papel e gráfica (–9,4%), vestuário (–3,7%) e madeira (–8,6%). Na variação acumulada entre janeiro e abril de 2011 frente ao mesmo período de 2010, doze ramos apresentaram resultados positivos. Os principais destaques foram: meios de transporte (8,2%), produtos de metal (7,6%), máquinas e equipamentos (5,8%), alimentos e bebidas (1,9%), máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações (6,5%) e metalurgia básica (8,2%), enquanto papel e gráfica (–8,4%) e vestuário (–2,8%) exerceram as principais pressões negativas.

 

 
Folha de Pagamento Real. A variável registrou na comparação com mês imediatamente anterior variação negativa de 0,8%, após ter crescido por três meses consecutivos. Na comparação contra igual mês do ano anterior, o valor da folha de pagamento cresceu 4,7%, décima sexta taxa positiva, enquanto o indicador acumulado nos quatro primeiros meses do ano ficou em 6,1%. A taxa acumulada nos últimos dozes manteve a trajetória de taxas menos positivas registrando alta de 7,5%.

Número de Horas Pagas. O número total de horas pagas pela indústria caiu 0,4% entre março e abril do presente ano na série com ajuste sazonal, após ter registrado recuo de 0,3% em março. No confronto com abril de 2010 houve crescimento de 1,2%, o pior resultado desde janeiro de 2010 (0,0%) neste tipo de comparação. No acumulado do primeiro quadrimestre do ano frente a igual período de 2010, o avanço foi de 2,2%, enquanto que nos últimos 12 meses, houve avanço de 4,0%.

 

 

 

 

 

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