9 de junho de 2011

Economia e Política Econômica
O padrão de crescimento em 2011


   

 
O resultado do PIB do primeiro trimestre foi positivo. A economia avançou 1,3% com relação ao último trimestre do ano passado, contra apenas 0,8% no trimestre anterior. Não foi só isso. A indústria melhorou e a agropecuária também, enquanto o setor de serviços manteve sua liderança no crescimento global. O investimento evoluiu bem mais e o consumo bem menos do que vinha ocorrendo, sugerindo que a inflação maior desse ano decorre mais do “choque” de commodities e de fatores pontuais do que de um maior aquecimento da economia, embora o nível da atividade continue alto.

Os novos dados do PIB também já dizem algo sobre o perfil do crescimento em 2011. O crescimento econômico atual, na faixa de 4%, pode prevalecer para o restante do ano. Trata-se de uma trajetória moderada, bem inferior a de 2010 (7,5%) e que tem à frente o setor de serviços (expansão de 4%) onde o comércio cresce mais (5%). Só depois aparece a indústria (3,5%) e a agropecuária (3%), mas nesse caso, é provável que o resultado melhore. O detalhe é que dentro da indústria, a manufatura tem desempenho muito inferior: 2,5%.

Em suma, a economia deve ser puxada pelos setores de bens não transacionáveis com um dinamismo apenas modesto da transformação industrial. Se isso se confirmar, o ano de 2011 estará contribuindo para reforçar a tendência da “especialização” precoce da economia brasileira em uma “economia de serviços”.

No provável padrão de crescimento do ano, aparece ainda com destaque a moderação do consumo com avanço que pode ser inferior aos 6% com que evoluiu no primeiro trimestre de 2011. As despesas de consumo das famílias aumentaram muito no período de recuperação à crise, culminando com uma elevação real de 7,5% no último trimestre do ano passado. A desaceleração é obra das “medidas macroprudenciais” que, independentemente dos juros básicos, contiveram o crédito para as pessoas físicas. Ao contrário do que muitos diziam, as políticas do governo nessa área funcionaram e hoje colaboram para conter o consumo.

No investimento, a expansão no primeiro trimestre, próxima a 9%, pode se consolidar no ano como um todo se os empresários não refrearem seus planos de inversão temendo uma desaceleração maior da economia. A nosso ver, o crescimento na casa de 4% ameniza o risco de um retrocesso forte das inversões, mas há outro problema a ser levado em conta: a confiança dos empresários não pára de cair em razão do grande ímpeto das importações favorecidas pelo câmbio. A política econômica precisa ter presente que é muito difícil reerguer os investimentos após uma frustração das expectativas empresariais e, por isso, deve evitar uma desaceleração maior do PIB, assim como a valorização excessiva da moeda.

De resto, o ano de 2011 deverá reproduzir o fosso entre uma progressão relativamente pequena das exportações de bens e serviços e um dinamismo muito maior das importações, o que não é nada bom, pois quase sempre esse padrão leva, cedo ou tarde, a crises cambiais.
 

 

 

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