8 de junho de 2011

Indústria Regional
O forte revés de São Paulo


   

 
A análise dos dados divulgados hoje pelo IBGE sobre a produção industrial por região do País mostra que a retração da indústria em abril (–2,1%), após um primeiro trimestre de crescimento, teve características que podem ser consideradas mais negativas ainda. Isso, pois, ao se tomar o desempenho da indústria paulista, observa-se um recuo de sua produção bem mais acentuado do que a média nacional, de –3,8% em abril com relação a março (com ajuste sazonal). A preocupação com relação a esse resultado é que, como se sabe, a evolução da indústria de São Paulo afeta muito a produção industrial do País, não somente porque ela tem elevada participação no total da indústria brasileira, mas também porque as suas atividades influenciam o desempenho das indústrias das demais regiões.

No mês de abril, a produção também registrou queda em outro estado com alta participação relativa nas atividades industriais do País. De fato, no estado mineiro, a produção industrial recuou 1,1% na passagem do mês de março para o de abril (com ajuste sazonal). Embora represente uma queda menor do que a da média nacional, essa é a segunda retração consecutiva das atividades industriais em Minas (–0,3% em março). Vale notar também que, na comparação com abril de 2010, tanto em Minas (–1,7%) como em São Paulo (–2,3%) a produção também caiu no quarto mês deste ano. Ou seja, inicia-se o segundo trimestre deste ano com desempenhos negativos da produção industrial em estados importantes para as atividades da indústria do País.

Assim, se a tendência da produção industrial era de crescimento – considerando sua evolução até março – sobretudo pelo comportamento ascendente da indústria de São Paulo (já que na maioria dos outros estados a produção oscilava muito), agora fica difícil identificar uma trajetória para indústria brasileira. No entanto, os dados de abril indicam que, provavelmente, a retomada da produção industrial do primeiro trimestre foi interrompida e que a indústria passou a seguir mais de perto a desaceleração da economia brasileira – enquanto efeito das medidas macroprudenciais –, bem como a refletir uma possível nova onda de substituição do bem produzido domesticamente pelo bem importado.

Uma última observação para qualificar o resultado de abril deste ano: ao se comparar com setembro de 2008 (mês do agravamento da crise internacional e no qual as atividades da indústria atingiam um pico), a produção industrial do País voltou a ficar abaixo (–0,7%) do patamar daquele mês. Em São Paulo, o nível da produção caiu ainda mais em abril relativamente a setembro de 2008 (–1,0%).

Leia aqui o texto completo desta Análise.