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A análise dos dados divulgados hoje pelo IBGE sobre a produção
industrial por região do País mostra que a retração
da indústria em abril (–2,1%), após um primeiro
trimestre de crescimento, teve características que podem
ser consideradas mais negativas ainda. Isso, pois, ao se tomar
o desempenho da indústria paulista, observa-se um recuo
de sua produção bem mais acentuado do que a média
nacional, de –3,8% em abril com relação a
março (com ajuste sazonal). A preocupação
com relação a esse resultado é que, como
se sabe, a evolução da indústria de São
Paulo afeta muito a produção industrial do País,
não somente porque ela tem elevada participação
no total da indústria brasileira, mas também porque
as suas atividades influenciam o desempenho das indústrias
das demais regiões.
No mês
de abril, a produção também registrou queda
em outro estado com alta participação relativa nas
atividades industriais do País. De fato, no estado mineiro,
a produção industrial recuou 1,1% na passagem do
mês de março para o de abril (com ajuste sazonal).
Embora represente uma queda menor do que a da média nacional,
essa é a segunda retração consecutiva das
atividades industriais em Minas (–0,3% em março).
Vale notar também que, na comparação com
abril de 2010, tanto em Minas (–1,7%) como em São
Paulo (–2,3%) a produção também caiu
no quarto mês deste ano. Ou seja, inicia-se o segundo trimestre
deste ano com desempenhos negativos da produção
industrial em estados importantes para as atividades da indústria
do País.
Assim, se
a tendência da produção industrial era de
crescimento – considerando sua evolução até
março – sobretudo pelo comportamento ascendente da
indústria de São Paulo (já que na maioria
dos outros estados a produção oscilava muito), agora
fica difícil identificar uma trajetória para indústria
brasileira. No entanto, os dados de abril indicam que, provavelmente,
a retomada da produção industrial do primeiro trimestre
foi interrompida e que a indústria passou a seguir mais
de perto a desaceleração da economia brasileira
– enquanto efeito das medidas macroprudenciais –,
bem como a refletir uma possível nova onda de substituição
do bem produzido domesticamente pelo bem importado.
Uma última
observação para qualificar o resultado de abril
deste ano: ao se comparar com setembro de 2008 (mês do agravamento
da crise internacional e no qual as atividades da indústria
atingiam um pico), a produção industrial do País
voltou a ficar abaixo (–0,7%) do patamar daquele mês.
Em São Paulo, o nível da produção
caiu ainda mais em abril relativamente a setembro de 2008 (–1,0%).
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De acordo com os dados divulgados pela Pesquisa Industrial Mensal –
Regional do IBGE, na passagem de março para abril a produção
industrial decresceu em nove dos catorze locais pesquisados. As maiores
quedas ficaram por conta dos estados do Ceará (–6,9%), Goiás
(–5,1%), São Paulo (–3,8%) e Santa Catarina (–2,6%).
Acompanharam tal tendência os estados de Pernambuco (–2,0%),
Paraná (–1,9%), região Nordeste (–1,7%), Rio
Grande do Sul (–1,5%) e Minas Gerais (–1,1%). Já os
estados do Pará, Amazonas, Rio de Janeiro, Espírito Santo
e Bahia, apresentaram movimento contrário, isto é, apresentaram
crescimento da produção industrial na passagem de março
para abril de 8,4%,5,8%,2,5%,1,8% e 0,4%, respectivamente.
Na base de comparação
mês contra mesmo mês do ano anterior, os estados de Ceará
(–16,2%), Goiás (–11,1%), Santa Catarina (–7,7%),
Pernambuco (–7,4%), região Nordeste (–6,3%), Bahia
(–4,1%), São Paulo (–2,3%) e Minas Gerais (–1,7%)
assinalaram queda. Em sentido contrário, apresentaram crescimento
os estados do Espírito Santo (14,2%), Rio de Janeiro (7,3%), Amazonas
(1,9%), Paraná (1,4%) e Rio Grande do Sul (0,6%). A produção
da indústria no Pará ficou estável (0,1%).
A produção
industrial acumulada neste ano até abril, com relação
a igual período de 2010, apresentou crescimento em seis das quatorze
localidades. As ampliações mais significativas no desempenho
regional foram registradas pelos estados do Espírito Santo (12,0%),
Rio de Janeiro (3,9%). Obtiveram também crescimento nessa mesma
base de comparação os estados de Paraná (3,8%), Minas
Gerais (3,0%), São Paulo (2,4%) e Rio Grande do Sul (1,4%).
No que diz respeito
ao indicador acumulado nos últimos 12 meses, o crescimento de 5,4%
da produção nacional deveu-se a variação positiva
de todas as localidades, com exceção da Bahia, que assinalou
variação negativa de 0,5%. Os destaques foram os estados
do Espírito Santo (14,3%), Paraná (11,5%) e Goiás
(7,4%).
Amazonas. Em abril, frente março, com dados já
descontados dos efeitos sazonais, a produção industrial
amazonense apresentou avanço de 5,8%. No confronto com abril de
2010, constatou-se avanço de 1,9%, taxa influenciada pelo setor
de Equipamentos de instrumentação médico-hospitalar
e ópticos (43,8%). Em sentido oposto, os setores de Alimentos e
bebidas (–10,7%) apresentou queda. No acumulado dos quatro primeiros
meses de 2011, a produção industrial obteve queda de –1,4%.
Nessa comparação, vale destacar os setores de Equipamentos
de instrumentação médico-hospitalar e ópticos
(61,1%) e Outros equipamentos de transporte (29,3%). Por outro lado, os
setores de Alimentos e bebidas (–27,0%) e Material eletrônico
e equipamentos de comunicações (–6,3%) apresentaram
queda em sua produção.
Pará.
A partir de dados livres de efeitos sazonais, observa-se que
a indústria paraense, na passagem de março para abril, registrou
crescimento de 8,4%. Na comparação abril de 2011 contra
igual mês de 2010, houve acréscimo de 0,1%, taxa muito influenciada
pelo desempenho do Setor extrativo (6,6%). Por outro lado, os setores
de Alimentos e bebidas (–14,0%) e Madeira (–25.4%) apresentaram
queda em sua produção. Na comparação acumulada
no ano até abril, a produção do estado paraense registrou
queda de –1,6%, taxa impulsionada pelos setores de Metalurgia básica
(–2,0%), Alimentos e bebidas (–4,0%) e Madeira (–7,8%).
Ceará.
Em abril, a indústria cearense apresentou a maior queda
dentre os estados pesquisados, (6,9%), com dados livres de efeitos sazonais.
Na comparação mensal (mês/ mesmo mês do ano
anterior), o estado registrou queda ainda maior, de 16,2%. Esta taxa foi
impulsionada pelos setores de Alimentos e bebidas (–14,0%), Artigos
de couro (–27,9%) e Refino de petróleo e produção
de álcool (–67,4%). A produção industrial no
período entre janeiro e abril de 2011 foi de –9,5%, devido,
em grande medida, ao desempenho da indústria de Artigos de couro
(–24,9%), Refino de petróleo e produção de
álcool (–35,0%) e Têxtil (–10,0%). Por outro
lado, o único setor a apresentar taxa positiva nessa comparação
foi Máquinas, aparelhos e materiais elétricos (11,6%).
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