A produção industrial recuou 2,1% em abril com relação
a março – na série de dados com ajuste sazonal
do IBGE. Essa forte retração interrompe a retomada
da atividade industrial que vinha sendo observada no início
deste ano (0,2%, 1,9% e 1,1%, respectivamente, em janeiro, fevereiro
e março). Um dos fatores que podem estar determinando esse
comportamento da indústria em abril é o fim do pequeno
ciclo de acomodação dos importados que, provavelmente,
prevaleceu no primeiro trimestre do ano. Ou seja, é possível
que, dada a evolução recente de valorização
do câmbio, uma nova onda de substituição dos
bens domésticos pelos importados esteja em curso.
Além
desse fator mais geral, outros dois podem ser destacados para
a explicação do resultado de abril. Primeiro, a
diminuição da produção de bens de
capital (–2,9%) em abril é um dado que chama a atenção
na pesquisa do IBGE é traz alguma preocupação
não somente para a evolução da indústria
nacional, mas também para a das atividades econômicas
do País. Isso porque ele pode estar refletindo expectativas
mais negativas quanto ao andamento da economia brasileira nos
próximos meses. Em outras palavras, é possível
que a expectativa tão propalada de desaceleração
da economia nos próximos meses já esteja afetando
o fluxo de investimentos no País.
O segundo
destaque é a elevadíssima queda da produção
de bens duráveis (–10,1% em abril com relação
a março, variação calculada com ajuste sazonal).
Aqui, devem estar atuando as medidas macroprudenciais do governo
para inibir o consumo das famílias por meio da restrição
do crédito. Desde novembro do ano passado, quando ações
mais claras de contenção do crédito começaram
a ser tomadas, a produção de bens duráveis
vem oscilando (–0,5%, –0,3%, 5,1%, –1,3% e 4,5%,
respectivamente, de novembro de 2010 a março deste ano),
chegando aos 10,1% negativos de abril e acumulando, nesse período
de novembro de 2010 a abril de 2011, retração de
3,4%. Nota-se que há uma queda concentrada nesse setor
da indústria em abril e, caso isso não ocorresse,
o resultado de abril não seria tão ruim.
Por fim, o
recuo de 0,6% na produção de bens intermediários
é mais um resultado ruim de um setor muito representativo
da indústria brasileira e que pode ser entendido como um
termômetro das atividades industriais. A tendência
de crescimento nesse setor é, tomando-se os quatro primeiros
meses do ano, nada positiva.
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