31 de maio de 2011

Indústria
Retomada interrompida


  

 
A produção industrial recuou 2,1% em abril com relação a março – na série de dados com ajuste sazonal do IBGE. Essa forte retração interrompe a retomada da atividade industrial que vinha sendo observada no início deste ano (0,2%, 1,9% e 1,1%, respectivamente, em janeiro, fevereiro e março). Um dos fatores que podem estar determinando esse comportamento da indústria em abril é o fim do pequeno ciclo de acomodação dos importados que, provavelmente, prevaleceu no primeiro trimestre do ano. Ou seja, é possível que, dada a evolução recente de valorização do câmbio, uma nova onda de substituição dos bens domésticos pelos importados esteja em curso.

Além desse fator mais geral, outros dois podem ser destacados para a explicação do resultado de abril. Primeiro, a diminuição da produção de bens de capital (–2,9%) em abril é um dado que chama a atenção na pesquisa do IBGE é traz alguma preocupação não somente para a evolução da indústria nacional, mas também para a das atividades econômicas do País. Isso porque ele pode estar refletindo expectativas mais negativas quanto ao andamento da economia brasileira nos próximos meses. Em outras palavras, é possível que a expectativa tão propalada de desaceleração da economia nos próximos meses já esteja afetando o fluxo de investimentos no País.

O segundo destaque é a elevadíssima queda da produção de bens duráveis (–10,1% em abril com relação a março, variação calculada com ajuste sazonal). Aqui, devem estar atuando as medidas macroprudenciais do governo para inibir o consumo das famílias por meio da restrição do crédito. Desde novembro do ano passado, quando ações mais claras de contenção do crédito começaram a ser tomadas, a produção de bens duráveis vem oscilando (–0,5%, –0,3%, 5,1%, –1,3% e 4,5%, respectivamente, de novembro de 2010 a março deste ano), chegando aos 10,1% negativos de abril e acumulando, nesse período de novembro de 2010 a abril de 2011, retração de 3,4%. Nota-se que há uma queda concentrada nesse setor da indústria em abril e, caso isso não ocorresse, o resultado de abril não seria tão ruim.

Por fim, o recuo de 0,6% na produção de bens intermediários é mais um resultado ruim de um setor muito representativo da indústria brasileira e que pode ser entendido como um termômetro das atividades industriais. A tendência de crescimento nesse setor é, tomando-se os quatro primeiros meses do ano, nada positiva.

Leia aqui o texto completo desta Análise.