20 de maio de 2011

Sustentabilidade
Nova fronteira para a política industrial


  

 
Recentemente, o IEDI lançou vários estudos que identificam os desafios da indústria de transformação brasileira e que apresentam medidas de políticas industriais fundamentais para a competitividade do setor. Esta Análise, tendo como base estudo realizado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (UNEP, na sigla em inglês), acrescenta muitos argumentos que fortalecem a visão de que as questões de sustentabilidade devem também estar, de modo essencial, presentes na política industrial brasileira.

De acordo com o relatório da UNEP, os três pilares do desenvolvimento sustentável – o econômico, o ambiental e o social – devem receber atenção equânime no desenvolvimento e planejamento econômico do século XXI. Isso pois, nos últimos dois anos, o conceito de economia verde vem ganhando força como um novo paradigma econômico, no qual a riqueza material da sociedade não é forçosamente obtida à custa de aumento dos riscos ambientais, da escassez de recursos e das disparidades sociais.

Para a transição a uma economia verde, diz o relatório, é fundamental criar as condições para que os investimentos públicos e privados incorporem critérios ambientais e sociais. Além disso, os principais indicadores de desempenho econômico, como o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), precisam ser ajustados para considerar a poluição, degradação de recursos e dos serviços de ecossistema e as consequências distributivas para os mais pobres da perda de capital natural.

Entre outros pontos, o estudo analisa os desafios e as oportunidades associadas à transição para uma economia verde nos setores denominados de capital construído: energia, indústria de transformação, transporte, resíduos, construção e turismo. Nos três primeiros destes setores, o estudo identifica as maiores oportunidades para produção de riqueza usando menos recursos materiais e energia.

No caso da indústria de transformação, o estudo aponta grandes desafios e oportunidades. Na avaliação dos autores do estudo, o enverdecimento da indústria de transformação é essencial para qualquer esforço no sentido de dissociar as pressões ambientais e o crescimento econômico. A atividade manufatureira verde se difere da convencional na medida em que se propõe a reduzir a quantidade de recursos naturais necessários para produzir bens acabados por meio de processos mais eficientes de uso a de energia e materiais, reduzindo também as externalidades negativas da produção associadas aos resíduos e à poluição.

O estudo identifica uma ampla gama de áreas para investimento e inovação verde na indústria de transformação, incluindo design e desenvolvimento de produto, substituição de materiais e energia, controle e modificação de processo, e novos processos e tecnologias limpas. Estas áreas são elementos-chave para a formatação de estratégias de oferta e de demanda para melhorar a eficiência dos recursos na indústria de transformação.

Uma estratégia da oferta envolve redesenho e melhoria da eficiência dos processos e tecnologias empregadas nos principais subsetores da indústria de transformação intensivos em materiais (metais ferrosos, alumínio, cimento, plástico, etc.). Já a estratégia da demanda envolve a alteração da composição da demanda tanto da indústria como do consumidor final. Isso requer modificação do produto final, ou seja, priorizar o uso de bens finais que incorporem materiais e energia com muito mais eficiência e/ou de produtos de design que exigem menos material na sua fabricação.

Todos os diferentes ramos da indústria de transformação têm potencial significativo de melhoria da eficiência energética ainda que em grau variável e com várias necessidades de investimento. Estimativas indicam que investimentos em eficiência energética durante as próximas quatro décadas poderiam reduzir o consumo de energia industrial por quase metade em comparação com o modelo atual de negócios. Em relação à melhoria da eficiência no uso de materiais, o desenvolvimento de parques ecoindustriais permitiria a implementação eficaz da produção em circuito fechado, elevando a vida útil dos materiais.

O cenário de investimento verde para a indústria de transformação sugere que consideráveis melhorias na eficiência energética podem ser alcançadas. Até 2050, as projeções mostram que a indústria pode praticamente "dissociar" o consumo de energia do crescimento econômico, sobretudo na maioria das indústrias intensivas de energia. O investimento verde também aumentará o emprego no setor, com efeitos consideráveis na geração de empregos indiretos.

Leia aqui o texto completo desta Análise.