Recentemente, o IEDI lançou vários estudos que identificam
os desafios da indústria de transformação
brasileira e que apresentam medidas de políticas industriais
fundamentais para a competitividade do setor. Esta Análise,
tendo como base estudo realizado pelo Programa das Nações
Unidas para o Meio Ambiente (UNEP, na sigla em inglês),
acrescenta muitos argumentos que fortalecem a visão de
que as questões de sustentabilidade devem também
estar, de modo essencial, presentes na política industrial
brasileira.
De acordo
com o relatório da UNEP, os três pilares do desenvolvimento
sustentável – o econômico, o ambiental e o
social – devem receber atenção equânime
no desenvolvimento e planejamento econômico do século
XXI. Isso pois, nos últimos dois anos, o conceito de economia
verde vem ganhando força como um novo paradigma econômico,
no qual a riqueza material da sociedade não é forçosamente
obtida à custa de aumento dos riscos ambientais, da escassez
de recursos e das disparidades sociais.
Para a transição
a uma economia verde, diz o relatório, é fundamental
criar as condições para que os investimentos públicos
e privados incorporem critérios ambientais e sociais. Além
disso, os principais indicadores de desempenho econômico,
como o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), precisam ser
ajustados para considerar a poluição, degradação
de recursos e dos serviços de ecossistema e as consequências
distributivas para os mais pobres da perda de capital natural.
Entre outros
pontos, o estudo analisa os desafios e as oportunidades associadas
à transição para uma economia verde nos setores
denominados de capital construído: energia, indústria
de transformação, transporte, resíduos, construção
e turismo. Nos três primeiros destes setores, o estudo identifica
as maiores oportunidades para produção de riqueza
usando menos recursos materiais e energia.
No caso da
indústria de transformação, o estudo aponta
grandes desafios e oportunidades. Na avaliação dos
autores do estudo, o enverdecimento da indústria de transformação
é essencial para qualquer esforço no sentido de
dissociar as pressões ambientais e o crescimento econômico.
A atividade manufatureira verde se difere da convencional na medida
em que se propõe a reduzir a quantidade de recursos naturais
necessários para produzir bens acabados por meio de processos
mais eficientes de uso a de energia e materiais, reduzindo também
as externalidades negativas da produção associadas
aos resíduos e à poluição.
O estudo identifica
uma ampla gama de áreas para investimento e inovação
verde na indústria de transformação, incluindo
design e desenvolvimento de produto, substituição
de materiais e energia, controle e modificação de
processo, e novos processos e tecnologias limpas. Estas áreas
são elementos-chave para a formatação de
estratégias de oferta e de demanda para melhorar a eficiência
dos recursos na indústria de transformação.
Uma estratégia
da oferta envolve redesenho e melhoria da eficiência dos
processos e tecnologias empregadas nos principais subsetores da
indústria de transformação intensivos em
materiais (metais ferrosos, alumínio, cimento, plástico,
etc.). Já a estratégia da demanda envolve a alteração
da composição da demanda tanto da indústria
como do consumidor final. Isso requer modificação
do produto final, ou seja, priorizar o uso de bens finais que
incorporem materiais e energia com muito mais eficiência
e/ou de produtos de design que exigem menos material
na sua fabricação.
Todos os diferentes
ramos da indústria de transformação têm
potencial significativo de melhoria da eficiência energética
ainda que em grau variável e com várias necessidades
de investimento. Estimativas indicam que investimentos em eficiência
energética durante as próximas quatro décadas
poderiam reduzir o consumo de energia industrial por quase metade
em comparação com o modelo atual de negócios.
Em relação à melhoria da eficiência
no uso de materiais, o desenvolvimento de parques ecoindustriais
permitiria a implementação eficaz da produção
em circuito fechado, elevando a vida útil dos materiais.
O cenário
de investimento verde para a indústria de transformação
sugere que consideráveis melhorias na eficiência
energética podem ser alcançadas. Até 2050,
as projeções mostram que a indústria pode
praticamente "dissociar" o consumo de energia do crescimento
econômico, sobretudo na maioria das indústrias intensivas
de energia. O investimento verde também aumentará
o emprego no setor, com efeitos consideráveis na geração
de empregos indiretos.
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aqui o texto completo desta Análise.