13 de maio de 2011

Indústria
Produção e saldo comercial da
indústria por intensidade tecnológica


  

 
A indústria de transformação iniciou 2011 crescendo sua produção em 2,2%, na comparação entre o primeiro trimestre de 2011 e igual período de 2010. Nesse resultado, pela classificação por intensidade tecnológica da indústria de transformação, adotada pela OCDE, há de se destacar que:
   

  • Das quatro faixas de intensidade, alta; média-alta; média-baixa; e baixa, foram os segmentos de alta e de média-alta intensidade aqueles que mais cresceram em janeiro-março: respectivamente, 5,4% e 4,2% na comparação entre o primeiro trimestre de 2011 e igual período de 2010.
     
  • Apesar disso, as balanças comerciais dos produtos típicos das indústrias de alta e de média-alta intensidade se deterioraram fortemente na comparação entre acumulados até março de 2011 e de 2010. De fato, o déficit dos produtos da indústria de alta intensidade cresceu para US$ 6,8 bilhões, enquanto o dos bens do segmento de média-alta saltou para US$ 11,0 bilhões. Ou seja, apesar do incremento na produção, este não acompanhou o crescimento da demanda doméstica.
     
  • Quanto às indústrias de média-baixa intensidade, sua produção física aumentou 3,2%. Esta faixa de intensidade tem seu comportamento bastante ditado pelo comportamento da produção de bens metálicos (metalurgia básica e fabricação de produtos metálicos) e da fabricação de derivados do petróleo refinado, álcool e outros combustíveis. A produção de bens metálicos cresceu apenas 1,6% no trimestre, mas ainda assim, propiciou um superávit de US$ 2,1 bilhões, o que ajudou a conter o déficit dos bens desta faixa, que atingiu US$ 707 milhões.
     
  • O segmento menos intensivo em termos tecnológicos foi o único cuja produção declinou, queda de 1,5% no trimestre. As indústrias de alimentos, bebidas e fumo sofreram declínio de 0,7%, enquanto as indústrias madeireiras, de papel e celulose, gráfica e afins perceberam recuo de 1,0%. Ainda assim, foram ambas, principalmente a produção de alimentos, que proporcionaram o superávit recorde, de US$ 8,5 bilhões dos produtos da indústria de baixa intensidade tecnológica.
     
  • Ainda dentro da faixa de baixa intensidade, as indústrias têxtil, do vestuário, couro e calçados sofreram forte retração no início de 2011, de 7,1%. Como agravante, tecidos, artigos de vestuário, calçados e afins registraram pela primeira vez déficit em janeiro-março pela série iniciada em 1989.

 
Desse modo, observa-se que atividades intensivas em mão-de-obra – indústria têxtil, do vestuário, calçados etc. – e aquelas para as quais a diferenciação de produto, economias de escala e inovação são fatores críticos de sucesso – a exemplo dos segmentos do complexo eletrônico e a indústria de bens de capital – são as que têm mais sentido os efeitos da taxa de câmbio apreciada.

As autoridades econômicas têm demonstrado apreensão de um lado com a inflação e, de outro, com a manutenção do crescimento e da base produtiva instalada. Porém, está-se pagando pela timidez na redução das taxas de juros durante a fase aguda da crise internacional em 2009. No momento atual, quando a elevação da taxa de juros é um dos instrumentos de contenção da alta de preços, o processo ocorre a partir de um patamar de taxa de juros já muito elevado.

Esforços mais contundentes para resolver questões de infra-estrutura, para aprimorar e simplificar o sistema tributário, bem como para cercear mecanismos de estímulo às importações adotados pelos governos estaduais são medidas prementes. Ademais, à medida que a taxa de câmbio tem prejudicado setores mais intensivos em tecnologia e nos quais a diferenciação de produto é condição para o sucesso dos negócios, instrumentos em prol da inovação adquirem maior relevo.
 

  

 

 

 

 

 

 

 

 

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