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A indústria de transformação iniciou 2011
crescendo sua produção em 2,2%, na comparação
entre o primeiro trimestre de 2011 e igual período de 2010.
Nesse resultado, pela classificação por intensidade
tecnológica da indústria de transformação,
adotada pela OCDE, há de se destacar que:
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Das quatro faixas de intensidade, alta; média-alta; média-baixa;
e baixa, foram os segmentos de alta e de média-alta intensidade
aqueles que mais cresceram em janeiro-março: respectivamente,
5,4% e 4,2% na comparação entre o primeiro trimestre
de 2011 e igual período de 2010.
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Apesar disso, as balanças comerciais dos produtos típicos
das indústrias de alta e de média-alta intensidade
se deterioraram fortemente na comparação entre
acumulados até março de 2011 e de 2010. De fato,
o déficit dos produtos da indústria de alta intensidade
cresceu para US$ 6,8 bilhões, enquanto o dos bens do
segmento de média-alta saltou para US$ 11,0 bilhões.
Ou seja, apesar do incremento na produção, este
não acompanhou o crescimento da demanda doméstica.
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Quanto às indústrias de média-baixa intensidade,
sua produção física aumentou 3,2%. Esta
faixa de intensidade tem seu comportamento bastante ditado pelo
comportamento da produção de bens metálicos
(metalurgia básica e fabricação de produtos
metálicos) e da fabricação de derivados
do petróleo refinado, álcool e outros combustíveis.
A produção de bens metálicos cresceu apenas
1,6% no trimestre, mas ainda assim, propiciou um superávit
de US$ 2,1 bilhões, o que ajudou a conter o déficit
dos bens desta faixa, que atingiu US$ 707 milhões.
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O segmento menos intensivo em termos tecnológicos foi
o único cuja produção declinou, queda de
1,5% no trimestre. As indústrias de alimentos, bebidas
e fumo sofreram declínio de 0,7%, enquanto as indústrias
madeireiras, de papel e celulose, gráfica e afins perceberam
recuo de 1,0%. Ainda assim, foram ambas, principalmente a produção
de alimentos, que proporcionaram o superávit recorde,
de US$ 8,5 bilhões dos produtos da indústria de
baixa intensidade tecnológica.
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Ainda dentro da faixa de baixa intensidade, as indústrias
têxtil, do vestuário, couro e calçados sofreram
forte retração no início de 2011, de 7,1%.
Como agravante, tecidos, artigos de vestuário, calçados
e afins registraram pela primeira vez déficit em janeiro-março
pela série iniciada em 1989.
Desse modo, observa-se que atividades intensivas em mão-de-obra
– indústria têxtil, do vestuário, calçados
etc. – e aquelas para as quais a diferenciação
de produto, economias de escala e inovação são
fatores críticos de sucesso – a exemplo dos segmentos
do complexo eletrônico e a indústria de bens de capital
– são as que têm mais sentido os efeitos da
taxa de câmbio apreciada.
As autoridades econômicas têm demonstrado apreensão
de um lado com a inflação e, de outro, com a manutenção
do crescimento e da base produtiva instalada. Porém, está-se
pagando pela timidez na redução das taxas de juros
durante a fase aguda da crise internacional em 2009. No momento
atual, quando a elevação da taxa de juros é
um dos instrumentos de contenção da alta de preços,
o processo ocorre a partir de um patamar de taxa de juros já
muito elevado.
Esforços mais contundentes para resolver questões
de infra-estrutura, para aprimorar e simplificar o sistema tributário,
bem como para cercear mecanismos de estímulo às
importações adotados pelos governos estaduais são
medidas prementes. Ademais, à medida que a taxa de câmbio
tem prejudicado setores mais intensivos em tecnologia e nos quais
a diferenciação de produto é condição
para o sucesso dos negócios, instrumentos em prol da inovação
adquirem maior relevo.
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