Se a produção da indústria brasileira continuou
apresentando resultados positivos em março (aumento de
0,5%, após crescer 0,3% e 2,0%, respectivamente, em janeiro
e fevereiro – taxas calculadas com relação
ao mês imediatamente anterior com ajuste sazonal), não
se pode dizer o mesmo do seu mercado de trabalho. Dados divulgados
hoje pelo IBGE mostram que o número de pessoas ocupadas
na indústria ficou estagnado em março com relação
a fevereiro (variação de 0,0%, com ajuste sazonal).
Vale lembrar que no período de seis meses compreendidos
entre agosto de 2010 e janeiro deste ano, o emprego industrial
não cresceu e só apresentou um resultado mais significativo
em fevereiro, quando sua taxa de variação ficou
em 0,5%. Portanto, o emprego não acompanhou com o mesmo
ímpeto, neste primeiro trimestre do ano, a evolução
da produção no setor industrial.
Como se sabe,
o desempenho da indústria foi muito desfavorável
nos últimos nove meses do ano passado (queda de 2,2% da
produção no acumulado abril-dezembro de 2010) e
o emprego não sofreu tanto naquele período –
ficou praticamente estagnado. Ou seja, a indústria manteve
seus postos de trabalho num momento adverso e, provavelmente,
por isso não se observa agora, quando da retomada de sua
produção, uma reação mais forte e
robusta de seu emprego. Outro indicador que mostra que o mercado
de trabalho da indústria não está com força
e também não projeta uma tendência de crescimento
nos próximos meses é o número de horas pagas.
Segundo o IBGE, o número de horas pagas na indústria
recuou 0,3% em março com relação ao mês
imediatamente anterior, após crescer 1,0% em fevereiro.
Em outras
comparações, é possível notar alguma
reação do mercado de trabalho no primeiro trimestre
de 2011. Na comparação com o trimestre imediatamente
anterior a partir da série com ajuste sazonal, a ocupação
e o número de horas pagas na indústria aumentaram,
respectivamente, 0,3% e 0,9% no primeiro trimestre deste ano.
É verdade que essas taxas de variação sucedem
outras que indicavam uma forte desaceleração tanto
do emprego quanto das horas pagas. No primeiro caso, a evolução
das taxas foi 1,5%, 0,8% e 0,1% no segundo, terceiro e quarto
trimestres de 2010, nessa ordem. No caso das horas pagas, 1,7%,
0,1% e –0,2%, também na mesma sequência. Ou
seja, apesar de os níveis de comparação serem
baixos, vale destacar os sinais positivos e ascendentes das variações
do número de ocupados e das horas pagas neste primeiro
trimestre do ano.
No acumulado
dos três primeiros meses deste ano frente a igual período
de 2010, o emprego industrial cresceu 2,6%. Nessa comparação,
treze dos catorze locais registraram aumento do pessoal ocupado
na indústria, sendo São Paulo (1,5%), região
Nordeste (3,0%), Minas Gerais (3,7%), região Norte e Centro-Oeste
(4,4%), Rio Grande do Sul (3,6%), Paraná (3,1%) e Santa
Catarina (2,7%) as pressões positivas mais significativas.
Em termos setoriais, doze ramos pesquisados pelo IBGE registraram
aumento do emprego, sendo as principais variações
positivas nos setores de meios de transporte (8,3%), produtos
de metal (8,3%), máquinas e equipamentos (6,4%), máquinas
e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações
(6,9%), alimentos e bebidas (1,7%) e metalurgia básica
(8,3%).
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