12 de maio de 2011

Emprego Industrial
Em descompasso com a produção


   

 
Se a produção da indústria brasileira continuou apresentando resultados positivos em março (aumento de 0,5%, após crescer 0,3% e 2,0%, respectivamente, em janeiro e fevereiro – taxas calculadas com relação ao mês imediatamente anterior com ajuste sazonal), não se pode dizer o mesmo do seu mercado de trabalho. Dados divulgados hoje pelo IBGE mostram que o número de pessoas ocupadas na indústria ficou estagnado em março com relação a fevereiro (variação de 0,0%, com ajuste sazonal). Vale lembrar que no período de seis meses compreendidos entre agosto de 2010 e janeiro deste ano, o emprego industrial não cresceu e só apresentou um resultado mais significativo em fevereiro, quando sua taxa de variação ficou em 0,5%. Portanto, o emprego não acompanhou com o mesmo ímpeto, neste primeiro trimestre do ano, a evolução da produção no setor industrial.

Como se sabe, o desempenho da indústria foi muito desfavorável nos últimos nove meses do ano passado (queda de 2,2% da produção no acumulado abril-dezembro de 2010) e o emprego não sofreu tanto naquele período – ficou praticamente estagnado. Ou seja, a indústria manteve seus postos de trabalho num momento adverso e, provavelmente, por isso não se observa agora, quando da retomada de sua produção, uma reação mais forte e robusta de seu emprego. Outro indicador que mostra que o mercado de trabalho da indústria não está com força e também não projeta uma tendência de crescimento nos próximos meses é o número de horas pagas. Segundo o IBGE, o número de horas pagas na indústria recuou 0,3% em março com relação ao mês imediatamente anterior, após crescer 1,0% em fevereiro.

Em outras comparações, é possível notar alguma reação do mercado de trabalho no primeiro trimestre de 2011. Na comparação com o trimestre imediatamente anterior a partir da série com ajuste sazonal, a ocupação e o número de horas pagas na indústria aumentaram, respectivamente, 0,3% e 0,9% no primeiro trimestre deste ano. É verdade que essas taxas de variação sucedem outras que indicavam uma forte desaceleração tanto do emprego quanto das horas pagas. No primeiro caso, a evolução das taxas foi 1,5%, 0,8% e 0,1% no segundo, terceiro e quarto trimestres de 2010, nessa ordem. No caso das horas pagas, 1,7%, 0,1% e –0,2%, também na mesma sequência. Ou seja, apesar de os níveis de comparação serem baixos, vale destacar os sinais positivos e ascendentes das variações do número de ocupados e das horas pagas neste primeiro trimestre do ano.

No acumulado dos três primeiros meses deste ano frente a igual período de 2010, o emprego industrial cresceu 2,6%. Nessa comparação, treze dos catorze locais registraram aumento do pessoal ocupado na indústria, sendo São Paulo (1,5%), região Nordeste (3,0%), Minas Gerais (3,7%), região Norte e Centro-Oeste (4,4%), Rio Grande do Sul (3,6%), Paraná (3,1%) e Santa Catarina (2,7%) as pressões positivas mais significativas. Em termos setoriais, doze ramos pesquisados pelo IBGE registraram aumento do emprego, sendo as principais variações positivas nos setores de meios de transporte (8,3%), produtos de metal (8,3%), máquinas e equipamentos (6,4%), máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações (6,9%), alimentos e bebidas (1,7%) e metalurgia básica (8,3%).

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