Segundo os dados divulgados hoje pelo IBGE, os números
gerais da indústria melhoraram no primeiro trimestre de
2011, após dois trimestres de resultados desfavoráveis.
Com relação ao quarto trimestre do ano passado com
ajuste sazonal, a expansão foi de 1,3%, um índice
que pode ser considerado fraco, mas superior às taxas de
–0,4% e 0,0% dos trimestres anteriores. Com relação
ao mesmo trimestre de 2010, a produção evoluiu 2,3%
com a indústria de transformação crescendo
2,2%.
Pois bem,
esses resultados teriam sido inferiores caso não contassem
com o amparo do crescimento de segmentos de alta e média-alta
intensidade tecnológica. De fato, se a variação
média da indústria de transformação
foi de 2,2% no período, o segmento de baixa intensidade
tecnológica acusou declínio de 1,5%. O segmento
de média-baixa tecnologia teve melhora de 3,2%, mas em
alta intensidade tecnológica e média alta intensidade
os resultados foram bem superiores: 5,4% e 4,2%.
Nos segmentos
de maior tecnologia, o resultado mais favorável decorreu
dos setores Aeronáutico e aero espacial e Instrumentos
médicos e, em média-alta tecnologia, dos setores
de Veículos automotores e de Equipamentos para ferrovias.Na
faixa de menor intensidade tecnológica, o resultado adverso
decorreu, sobretudo, de um declínio muito significativo
em Têxteis, couro e calçados (–7,1%), um grupo
que vem sofrendo como nenhum outro os efeitos da concorrência
do produto importado, o qual é beneficiado pela moeda brasileira
apreciada. Todavia, convém observar que esse grupo servira
de “escudo” à crise de 2008/2009, permitindo
que a indústria mantivesse um mínimo padrão
de crescimento e colaborando para a preservação
do emprego nesse período.
Essas são
as vantagens da diversificação industrial. Todos
os segmentos segundo a intensidade tecnológica têm
seu papel na dinâmica da indústria, mas um dos mais
importantes é que as trajetórias distintas de cada
um dos grupos ajudam a compensar resultados setoriais adversos
que levariam a um declínio do setor industrial como um
todo, caso a diversificação não fosse relevante.
A indústria brasileira vem perdendo densidade, cadeias
produtivas inteiras vêm sendo desmanchadas e, para setores
relevantes, as atividades de montagem a partir de componentes
importados e de distribuição e varejo têm
tido preponderância sobre a atividade de industrialização
de produtos propriamente dita. Mas o país conserva uma
diversificação industrial que ainda pode ser considerada
ampla e preserva uma participação de algum destaque
no cenário industrial, o que ainda lhe permite usufruir
das vantagens da diversificação.
Manter essa
característica implica buscar melhorar a competitividade
da indústria em diversos itens, dentre os quais o câmbio,
a tributação, o custo de capital e de encargos sobre
a mão de obra, a qualidade e o custo da infraestrutura
são os mais importantes. Elevar a produtividade e a inovação
das empresas completam o quadro de necessidades.