15 de abril de 2011

Balança Comercial
A fronteira da importação
de bens industriais


   

 
Como se sabe, o saldo comercial de bens industrializados sofreu uma radical reversão. Passou de um saldo anual de cerca de US$ 30 bilhões em 2005 para um déficit de cerca de US 35 bilhões em 2010. A classificação de bens duráveis foi feita pelo IEDI com base em uma metodologia da OCDE. Pois bem, como se apresenta a tendência do processo de aumento do déficit de produtos industriais neste início de 2011? As notas a seguir têm por base os dados da Secex para o primeiro trimestre deste ano, o qual é comparado com os primeiros trimestres de anos anteriores.

A primeira observação é que os dados do primeiro trimestre parecem sugerir que o processo de elevação do déficit do setor terá continuidade em 2011. O déficit global da indústria de transformação foi de US$ 10 bilhões, contra um superávit nas demais atividades produtivas da economia brasileira de US$ 13,2 bilhões, resultando em um superávit comercial brasileiro de US$ 3,2 bilhões. Mantida a mesma correspondência entre o déficit no primeiro trimestre de 2011 com relação ao déficit do ano de 2010, o saldo da balança comercial da indústria de transformação em 2011 seria negativo em US$ 50 bilhões.

Se em termos do setor industrial como um todo o processo parece não ter mudado sua orientação, uma análise tendo por base a classificação dos produtos industriais segundo a intensidade tecnológica traz pontos novos de extremo relevo para a análise. Em primeiro lugar, os produtos considerados de alta tecnologia parecem ter desacelerado fortemente a evolução de seu déficit, o qual chegou a US$ 6,8 bilhões em 2011, contra US$ 6,2 bi em 2010 (considerando os primeiros trimestres de ambos esses anos). Ou seja, não há sinal algum de reversão do déficit nesse caso, mas há uma interessante desaceleração que precisa ser analisada com maior profundidade. Talvez aqui, a “invasão” do importado tenha chegado ao limite do seu possível.

No outro extremo, ou seja, no caso dos setores de baixa intensidade tecnológica, que tem maior proximidade com o agronegócio – especialmente na indústria de alimentos –, o superávit elevou-se de US$ 6,2 bilhões para US$ 7,4 bilhões, amortecendo o déficit global da indústria de transformação. Igualmente favorável foi o resultado do comércio exterior de bens de média-baixa intensidade, cujo déficit do ano anterior – que pela primeira vez o setor acusou em 2010 (US$ 1,2 bilhão) – deu lugar ainda a um saldo negativo, porém de menor valor (US$ 0,8 bilhão). A melhora nesse caso foi devido ao desempeno de produtos metálicos, certamente correspondendo à melhora no segmento de aço.

Mas, onde houve diferença flagrante foi em média-alta intensidade tecnológica. Nesse caso o déficit no primeiro trimestre de 2011 chegou a US$ 11 bilhões, US$ 3,5 bilhões a mais do que no primeiro trimestre de 2010, que ficou na faixa de US$ 7,5 bilhões. Essa é a fronteira da importação que parece despontar considerando-se a indústria de transformação brasileira, razão pela qual setores como de produtos químicos, máquinas e equipamentos mecânicos, máquinas e equipamentos elétricos e veículos automotores registraram déficits verdadeiramente explosivos. São os complexos eletro-eletrônico, metal-mecânico e químico – os quais formam o coração de uma estrutura industrial moderna- que estão em jogo. Não é pouca coisa.
  

 
Está Análise traz um breve resumo da Carta IEDI divulgada hoje, a qual trata da evolução, no primeiro trimestre deste ano, da balança comercial brasileira dos bens típicos da indústria de transformação, desagregados segundo a intensidade tecnológica. Essa classificação, adotada pela OCDE, compreende quatro faixas: de alta intensidade tecnológica, de média-alta, média-baixa e baixa intensidade.

Na balança comercial brasileira da indústria de transformação, os bens produzidos por atividades consideradas como de alta intensidade tecnológica e como de média-alta experimentaram os déficits de maior magnitude de suas respectivas séries no trimestre inicial do ano. O grupo de alta intensidade registrou saldo negativo de US$ 6,8 bilhões, batendo o déficit recorde para esse período observado em 2010, quando atingira US$ 6,2 bilhões. Já o de média-alta intensidade, atingiu saldo negativo de US$ 11,0 bilhões, representando uma ampliação de US$ 3,5 bilhões no déficit em relação a igual período de 2010.

Quanto aos produtos de média-alta intensidade, estes registraram novamente déficit no primeiro trimestre de 2011, de US$ 707 milhões. Frisa-se que o primeiro trimestre de 2010 foi quando essa faixa experimentou resultado negativo pela primeira vez para esse período do ano em toda a série. Nesta ocasião, foi registrado déficit de US$ 1,2 bilhão.

Desta forma, somente o conjunto dos bens de baixa intensidade tecnológica, foi o único a apresentar superávit no acumulado dos três meses iniciais de 2011. Aliás, o superávit de US$ 8,5 bilhões representou o novo ponto culminante de toda a série para esse período do ano. Tal resultado se encontra em linha com o êxito exportador do Brasil em produtos agropecuários e da extração mineral, inclusos nos demais produtos. Os produtos industriais alimentícios, gênero ligado ao agronegócio, têm concorrido para esse êxito.

 

Fonte: MDIC/Secex. Elaboração IEDI.

 

Fonte: MDIC/Secex. Elaboração IEDI.

 

Fonte: MDIC/Secex. Elaboração IEDI.

 

Fonte: MDIC/Secex. Elaboração IEDI.

 

Fonte: MDIC/Secex. Elaboração IEDI.

 

Fonte: MDIC/Secex. Elaboração IEDI.

 

Fonte: MDIC/Secex. Elaboração IEDI.

 

Fonte: MDIC/Secex. Elaboração IEDI.

 

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Leia no site do IEDI: Políticas para a Promoção da Economia Verde. É apresentado um conjunto de sugestões com foco em energias renováveis e eficiência energética tendo em vista uma agenda de desenvolvimento sustentável para o Brasil.