6 de abril de 2011

Indústria Regional
O crescimento real é menor


   

 
Os dados desagregados por regiões da produção industrial divulgados hoje pelo IBGE possibilitam fazer duas observações. A primeira é que os resultados parecem indicar que há uma retomada da atividade industrial neste início de ano, como pode ser atestado pelos resultados em estados com participação importante na indústria nacional. Em São Paulo, a produção cresceu 1,1% em fevereiro com relação a janeiro (segundo mês consecutivo de variação positiva: 0,7% em janeiro). Em Minas, o desempenho da indústria em fevereiro foi maior (3,4%) e no Rio, maior ainda (5,1%) – todas as variações calculadas a partir da série com ajuste sazonal.

Em segundo lugar, os dados para São Paulo em fevereiro (1,1%) mostram que a produção industrial do País não está crescendo a uma taxa próxima de 2,0%, como pode dar a entender o resultado divulgado pelo próprio IBGE para a indústria em geral no segundo mês deste ano (1,9%). Isso porque a indústria paulista, por ser mais estruturada e diversificada, está menos sujeita a oscilações da produção decorrentes de um bom ou ruim desempenho de um setor específico. Aliás, isto é o que se pode notar na evolução da produção em muitas das localidades pesquisadas pelo IBGE ao longo dos últimos onze meses terminados em fevereiro deste ano: um movimento alternado de variações positivas e negativas.

Além do acima exposto, algumas outras considerações são pertinentes. A recuperação da atividade industrial nos dois primeiro meses do ano (sobretudo em fevereiro) reflete, pode-se dizer, mais uma “acomodação” da substituição da produção doméstica pelo bem importado do que uma reversão desse processo; ou ainda, é muito provável que a indústria nacional esteja se beneficiando um pouco mais do bom momento pelo qual passa a economia brasileira – com relação ao que se observou desde abril de 2010, quando a indústria praticamente ficou estagnada –, o que não significa que após a “invasão das importações” ocorrida nos últimos dez meses, a presença dos importados no País esteja sofrendo uma reversão.

Chama a atenção também a desaceleração da produção industrial na região Nordeste. Apesar dos bons resultados de Ceará e Pernambuco em fevereiro, a indústria nordestina vem perdendo ritmo e apresentando taxas negativas de variação – como pode ser observado nas taxas calculadas em um mês com relação ao mesmo mês do ano anterior. De novembro de 2010 a fevereiro deste ano, a evolução da produção industrial da região Nordeste foi a seguinte, –2,0%, –5,4%, –6,1% e –9,1%, nessa ordem. Nessa comparação, as produções no Ceará e em Pernambuco também são negativas nos dois primeiros meses de 2011. É possível que esse comportamento da indústria nordestina esteja sendo dado por fatores pontuais. Por exemplo, o resultado de fevereiro (–9,1%) decorreu, em grande medida, devido à queda da produção de produtos químicos (–42,7%), de petróleo e produção de álcool (–10,6%), setores que apresentam especificidades bastante peculiares nos seus processos produtivos.

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