10 de maio de 2011

Indústria Regional
Perspectiva de continuidade
da recuperação


   

 
A desagregação regional da produção industrial de março possibilita identificar que houve de fato uma retomada das atividades produtivas da indústria nacional no primeiro trimestre de 2011. Um indicador muito relevante nessa direção diz respeito à produção no Estado mais industrializado do País, São Paulo, que cresceu, de forma expressiva, pelo terceiro mês consecutivo: 0,8% em janeiro, 1,7% em fevereiro e 1,6% em março – todas as taxas calculadas com relação ao mês imediatamente anterior a partir da série com ajuste sazonal. Do lado contrário, indicando uma fraqueza do setor industrial brasileiro que deve ser acompanhada nos próximos meses, Estados com participação importante na indústria do país apresentaram resultados fracos no mês de março, como é o caso de Minas (–0,1%), ou mesmo muito negativos, como é o caso do Rio de Janeiro (–3,8%).

Como vem sendo observada uma oscilação pronunciada da produção industrial nas diferentes localidades do País nos últimos meses, a análise trimestral parece mais apropriada para traçar tendências da produção industrial regional. Na série que compara um trimestre com o trimestre imediatamente anterior com ajuste sazonal, a constatação é que em São Paulo e em Minas a produção voltou a ganhar fôlego nos três primeiros meses do corrente ano. No primeiro caso, a evolução da atividade industrial foi de 0,8%, 0,2% e 2,2%, respectivamente, no terceiro e quarto trimestres de 2010 e primeiro trimestre de 2011; em Minas, as variações foram: –0,7%, 0,3% e 1,1%, na mesma ordem.

No Rio de Janeiro, o sinal não é positivo: a produção no primeiro trimestre de 2011 com relação ao quarto trimestre do ano passado caiu 1,1% – embora, vale observar, a produção fluminense crescera a taxas bem maiores no terceiro (1,6%) e quarto (1,4%) trimestres de 2010, superando não somente as marcas de evolução de São Paulo e Minas, como também a média nacional, que foi de –0,4% e 0,0 nos dois últimos trimestres de 2010.

Nos estados do Norte e Nordeste, a produção industrial vem apresentando resultados muito ruins. No Nordeste a atividade industrial teve as seguintes variações no terceiro e quarto trimestres de 2010 e primeiro trimestre deste ano (sempre na comparação do trimestre com o trimestre imediatamente anterior com ajuste sazonal): –2,1%, –3,4% e –1,4%. No Pará, a evolução foi 0,2%, 3,5% e –6,3%, comportamento diferente da produção no Amazonas, a qual, após cair 3,0% e 0,2%, respectivamente, no terceiro e quarto trimestre de 2010, cresceu 3,7% no primeiro trimestre deste ano – vale observar, um crescimento com relação a um nível de produção baixo.

Esses resultados mostram a dificuldade de se traçar tendências gerais para a produção da indústria brasileira. O comportamento de algumas indústrias com peso local importante está determinando a própria evolução da produção em alguns estados, como a indústria extrativa no Pará (cuja produção caiu 2,4% no primeiro trimestre deste ano com relação a igual período de 2010), ou as indústrias de Calçados e artigos de couro e Refino de petróleo e produção de álcool no estado do Ceará (cujas produções caíram 23,9% e 20,4%, respectivamente, nessa mesma comparação). No Rio, a perda de dinamismo deveu-se à retração na produção das indústrias farmacêutica, de veículos automotores e de edição e impressão. A expectativa para o ano é que prevaleça a recuperação observada no primeiro trimestre deste ano em São Paulo e em Minas, ou ainda, tendência positiva, mas sem grande ímpeto.
 

 
De acordo com os dados divulgados hoje pela Pesquisa Industrial Mensal – Regional do IBGE, na passagem de fevereiro para março a produção industrial cresceu em sete dos catorze locais pesquisados. Os estados de Bahia (7,0%), região Nordeste (6,2%), Ceará (2,0%), Rio Grande do Sul (1,9%), Espírito Santo (1,6%), São Paulo (1,6%) e Paraná (1,1%) apresentaram aumento da produção industrial na passagem de fevereiro para março. As maiores quedas ficaram por conta dos estados do Amazonas (–8,9%) e Pará (–4,6%). Acompanharam tal tendência os estados de Rio de Janeiro (–3,8%), Pernambuco (–2,2%), Santa Catarina (–1,2%), Goiás (–0,6%) e Minas Gerais (–0,1%).

Na base de comparação mês contra mesmo mês do ano anterior, os estados de Espírito Santo (10,5%), Minas Gerais (2,0%), São Paulo (1,2%) e Rio Grande do Sul (1,9%) assinalaram crescimento. Os estados do Amazonas (–14,6%), Ceará (–9,9%) e Paraná (–8,9%), destacaram-se negativamente e bem abaixo da média nacional (–2,1%).

A produção industrial acumulada no período janeiro-março apresentou crescimento em sete das quatorze localidades. As ampliações mais significativas no desempenho regional foram registradas pelos estados do Espírito Santo (11,3%) e Paraná (4,8%). Obteve também crescimento nessa mesma base de comparação os estados de Minas Gerais (4,5%), São Paulo (3,8%), Rio de Janeiro (2,7%), Rio Grande do Sul (1,5%) e Santa Catarina (0,3%).

Já no acumulado nos últimos 12 meses, o crescimento de 6,8% da produção nacional deveu-se à variação positiva da produção industrial em todas as localidades. Os destaques foram os estados do Espírito Santo (15,1%), Paraná (12,1%) e Goiás (10,4%).

 

 
Espírito Santo.
Em março, frente fevereiro, com dados já descontados dos efeitos sazonais, a produção industrial capixaba apresentou avanço de 1,6%. No confronto com março de 2010, constatou-se avanço de 10,5%, taxa influenciada pelo setor: Indústria extrativa (43,7%). Em sentido oposto, os setores de Alimentos e bebidas (–13,3%) e Metalurgia básica (–3,1) apresentaram queda. No acumulado dos três primeiros meses de 2011, a produção industrial obteve alta de 11,3%. Os setores Indústria extrativa (40,6%) e Minerais não metálicos (12,0%) apresentaram altas expressivas em sua produção. Por outro lado, Indústria de transformação (–2,3%) e Metalurgia básica (–9,7%) apresentaram queda em sua produção.

São Paulo. A partir de dados livres de efeitos sazonais, observa-se que a indústria paulista, na passagem de fevereiro para março, registrou crescimento de 1,6%. Na comparação março de 2011 contra igual mês de 2010, houve acréscimo de 1,2%, taxa influenciada pelos setores: Refino de petróleo e prod. De álcool (37,2%), Material eletrônico e equipamentos de comunicação (27,5%) e indústria farmacêutica (17,6%). Por outro lado, Máquinas para escritório e equipamentos de informática (–32,8%), Máquinas, aparelhos e materiais elétricos (–7,6%) e Máquinas e equipamentos (–3,0%) apresentaram queda. Na comparação acumulada no ano, o estado registrou alta de 3,8%, taxa impulsionada pelos setores de: Veículos automotores (21,2%), Alimentos (5,1%), Máquinas, aparelhos e materiais elétricos (24,6%) e Madeira (11,7%). O único setor que apresentou queda foi Máquinas para escritório e equipamentos de informática (–24,5%).

Amazonas. Em março, a indústria amazonense apresentou a maior queda dentre os estados pesquisados, (–8,9%), com dados livres de efeitos sazonais. Na comparação mensal (mês/ mesmo mês do ano anterior), o estado registrou queda de 14,6%, taxa impulsionada pelo setor de Alimentos e bebidas (–46,3%), Equipamentos de comunicações (–12,7%) e Edição e impressão (–15,1%). A produção industrial no período entre janeiro e março de 2011 foi de –2,5%, devido sobretudo ao desempenho da indústria de Alimentos e bebidas (–30,7%) e Material eletrônico e equipamentos de comunicações (–9,2%). Por outro lado, os dois únicos setores a apresentarem taxas positivas foram: Outros equipamentos de transporte (33,8%) e Equipamentos médico-hospitalares, ópticos e outros (68,7%).

 

 

 

 

 

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