4 de abril de 2011 |
Política
Econômica |
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O IEDI deseja colocar para apreciação do Ministro e para debate com os nossos conselheiros, além do tema da conjuntura econômica nacional e internacional, aspectos relacionados a uma grande questão que a cada dia que passa vem preocupando muito nossa entidade. Não temos dúvida de que o Brasil vai resolver os problemas de curto prazo atinentes a uma inflação maior, a uma desaceleração do crescimento e a uma grande pressão para valorização de sua moeda. Entendemos que o governo agirá o quanto for necessário para controlar gastos, delimitar o avanço excessivo do crédito e atuar no câmbio para neutralizar as grandes apreciações cambiais. O governo tem procurado, com razão, evitar aumentos mais pronunciados na taxa de juros para não prejudicar ainda mais a atividade econômica, o desequilíbrio das contas públicas e a valorização do real. Mas, estamos extremamente preocupados com o futuro da indústria e do dinamismo da economia brasileira a longo prazo, em um contexto em que é nítida a perda de competitividade de nosso parque industrial. Essa preocupação não é de quem lamenta a situação atual – que se mantém favorável para a maioria dos setores – ou de quem clama por mais incentivos ou subsídios. É, sim, de quem olha para o futuro e vê muitos problemas a serem resolvidos. A nossa colocação básica para o Ministro vai nessa direção. Como o Senhor avalia a perspectiva de que venhamos a atacar de frente as questões que nos permitirão a médio e longo prazo aproveitar, em benefício do emprego e da qualidade de vida da população, as fronteiras que estão se abrindo para o desenvolvimento brasileiro? Estamos nos referindo ao dinamismo do mercado interno consumidor e aos horizontes que setores como infraestrutura, habitação e petróleo abrem para a economia do País. O Senhor sabe muito bem que o comércio exterior é capaz de refletir em primeira mão os diferenciais favoráveis ou desfavoráveis de produtividade e competitividade de um país. Nesse sentido, a reversão de superávit para déficit da indústria de transformação brasileira, da ordem de US$ 65 bilhões em apenas cinco anos, é reveladora, sem dúvida, de um dinamismo econômico maior, mas expressa, sobretudo, um grande descompasso na nossa capacidade de competir lá fora e aqui dentro com a produção estrangeira. Esse processo tende a ser muito severo com setores mais intensivos em tecnologia, mas também afeta vários segmentos intensivos em trabalho. Felizmente, os setores de maior proximidade com o agronegócio e com a indústria extrativa têm sido preservados. Mesmo assim, parece patente que, caso nada seja feito, haverá a uma regressão da estrutura industrial brasileira e perda do seu dinamismo, com graves repercussões para o crescimento de longo prazo. O Brasil não pode se dar ao luxo de apresentar déficits comerciais tão elevados na indústria porque precisa manter seu desequilíbrio externo em nível financiável. De outra parte, o País ainda não alcançou um desenvolvimento econômico e social que lhe possibilite abrir mão da indústria e dos serviços qualificados como alavancas de elevação de sua renda per capita e de melhora das condições de vida da população. Temos, portanto, uma agenda carregada a curto prazo, mas a agenda que nos remete ao longo prazo nos parece tão ou mais decisiva neste momento. Queremos ter indústria? Isso é relevante para a promoção do desenvolvimento que queremos? Qual indústria devemos ter? Essas interrogações levam a outras que, segundo nosso ponto de vista, estão na base de uma estratégia de desenvolvimento do País. Selecionamos algumas delas, sobre as quais gostaríamos de ouvi-lo. Sobre a política industrial, tema de decisiva relevância para o futuro da economia do País, avaliamos ser imprescindível que inclua uma audaciosa política de inovação e introduza o tema da sustentabilidade como mais um vetor de desenvolvimento econômico. Uma política de exportação de manufaturados é também, neste momento, um complemento imprescindível da política industrial brasileira. Uma segunda questão diz respeito ao setor público. O governo anunciou um corte do orçamento de R$ 50 bilhões. A medida auxiliará o combate à inflação e será importante para dar mais solidez às contas públicas. Mas não seria relevante neste momento definir uma trajetória para a redução dos gastos correntes como proporção do PIB, preservando-se o investimento e os gastos sociais? Medidas nessa direção não são fáceis, mas se tomadas teriam muita relevância em promover a redução da taxa de juros e refrear o ímpeto com que os capitais externos vêm ingressando no País. Educação, formação profissional, infraestrutura, reforma tributária, financiamento de longo prazo, são temas que também gostaríamos de ver o novo governo se debruçar com ênfase ainda maior do que já foi feito, pois são determinantes da dinâmica futura do nosso desenvolvimento. Para finalizar, gostaríamos de saber sobre o andamento de medidas que já foram anunciadas, mas ainda não implementadas e que, se foram, apresentam alcance limitado até o momento:
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