1º de abril de 2011

Indústria
Um crescimento a ser avaliado


  

 
Após dez meses de resultados muito fracos – de abril de 2010 a janeiro de 2011, a produção industrial acumulou queda de 2,2% –, a indústria voltou a lograr um desempenho bastante expressivo em fevereiro. Segundo dados do IBGE divulgados hoje, a produção física da indústria brasileira cresceu 1,9% no segundo mês deste ano com relação a janeiro – taxa calculada a partir da série com ajuste sazonal. Ainda na comparação de fevereiro com janeiro, o crescimento de 0,9% da produção de bens de capital e a alta de 1,3% da produção de bens intermediários são um indicativo de que essa retomada da atividade industrial pode ser mais duradoura. Vale lembrar que o primeiro reflete boa parte dos investimentos na economia e o segundo, as compras internas na indústria.

No entanto, esse primeiro resultado positivo não implica que a indústria deva crescer, nos próximos meses, a taxas tão fortes quanto à registrada em fevereiro. O que pode estar acontecendo é que essa volta do crescimento da produção industrial, se confirmada, esteja refletindo uma “acomodação” de um processo que se mostrou muito intenso nos últimos meses, qual seja, o de substituição da produção doméstica pelo bem importado. É possível que esse processo tenha desacelerado, o que não significa dizer que ele sofreu uma reversão.

O mercado brasileiro foi invadido por bens importados devido às suas condições relativamente melhores no cenário internacional e ao seu câmbio valorizado e devido às estratégias agressivas de outros países que apostaram tudo nas exportações para reerguer suas economias. Essa “invasão” correspondeu a uma “primeira onda” desse processo, que pode voltar a ficar mais forte devido ao panorama bastante real de uma continuidade de valorização da moeda nacional ou a algum outro fenômeno internacional que leve os países estrangeiros a buscar um novo fortalecimento de suas posições nos mercados de exportações.

É importante sublinhar também, a partir dos dados do IBGE, o momento adverso pelo qual alguns segmentos do setor de bens de consumo duráveis vêm passando. Se o segmento de veículos automotores conseguiu reverter em fevereiro (aumento de 4,7%) a queda de 4,2% registrada em janeiro, os segmentos de Material eletrônico, aparelhos e equipamentos de comunicações (–5,7%) e de Mobiliário (–0,1%) – os quais compõem, em parte, o setor de bens duráveis – apresentaram resultados negativos em fevereiro – todas as taxas calculadas no mês com relação ao mês imediatamente anterior com ajuste sazonal. Além desses dois, nos segmentos da linha marrom, a produção desacelerou muito não somente no último trimestre do ano passado (–3,4%), mas também nos dois primeiros meses deste ano (–26,1%) – taxas relativas ao mesmo período do ano anterior. Esses resultados explicam a queda de 2,3% da produção de bens de consumo duráveis em fevereiro com relação a janeiro.
 

 
Segundo dados do IBGE, a indústria geral assinalou em fevereiro uma variação positiva de 1,9% frente a janeiro na série com dados dessazonalizados, após apontar taxas ligeiramente positivas em janeiro (0,2%) e em dezembro (0,7%). Na comparação com fevereiro de 2010, a produção industrial brasileira assinalou um avanço de 6,9%. No ano, a indústria geral acumulou um crescimento de 4,6%. No acumulado dos últimos 12 meses frente à igual período imediatamente anterior, houve expansão de 8,6%.

Em relação ao mês imediatamente anterior, com dados já livres dos efeitos sazonais, quatro categorias de uso apresentaram taxas positivas. Com crescimento mais expressivo, destacam-se: bens de intermediários (1,3%) e bens de capital (0,9%). A produção de bens de consumo duráveis caiu 2,3% e a de bens de consumo semiduráveis e não duráveis, 0,1%.

Frente fevereiro de 2010, todas as categorias de uso assinalaram resultados positivos, com destaque para a os bens de capital (17,9%), devido ao desempenho de todos seus subsetores, como: bens de capital para construção (28,8%) exercendo a principal influência, seguido por bens de capital para equipamentos de transporte (27,8%) e para uso misto (15,2%).

O desempenho de bens de consumo duráveis (17,9%), que também ficou acima da média da global (6,9%), foi explicado em grande parte pelo avanço na fabricação de automóveis (24,3%) e motocicletas (42,3%). Os setores de bens intermediários e de bens de consumo semi e não duráveis, ficaram abaixo da média da indústria geral, com resultados positivos de 4,1% e 3,6%, respectivamente. Na variação acumulada nos primeiros dois meses de 2011, mais uma vez o destaque positivo foram os bens de capital (13,1%), seguidos dos bens de consumo duráveis (11,7%).

 

 
A partir dos dados dessazonalizados, observou-se que na passagem de janeiro para fevereiro, dos 27 setores incluídos na pesquisa, observaram-se, dez ramos com queda na produção, dezessete com índices positivos. Os destaques por ordem de contribuição foram: alimentos (6,7%), veículos automotores (4,7%) exercendo as maiores influências sobre o total da indústria. Também merece destaque as contribuições positivas vindas de equipamentos médicos-hospitalares, ópticos e outros (11,0%), produtos de metal (7,0%), máquinas para escritório e equipamentos de informática (6,7%), metalurgia básica (3,3%), e bebidas (2,8%). Já as principais influências negativas vieram de material eletrônico e equipamentos de comunicação (–5,7%), edição e impressão (–4,0%) e produtos químicos (–3,7%).

No confronto de fevereiro de 2011 com fevereiro de 2010, o crescimento foi generalizado, atingindo 22 dos 27 ramos industriais, com destaque para: veículos automotores (24,1%), outros equipamentos de transporte (23,7%), produtos de metal (10,4%) e equipamentos médicos-hospitalares, ópticos e outros (40,0%). Os impactos negativos mais relevantes, por sua vez, vieram de produtos químicos (–8,7%), Calçados e artigos em couro (–5,2%) e Edição e impressão (–4,5%).

No acumulado entre janeiro e fevereiro de 2011, 23 das 27 atividades registraram crescimento na produção. Os destaques positivos foram: Veículos automotores (16,1%), equipamentos médico-hospitalares, ópticos e outros (30,4%), outros equipamentos de transporte (17,6%), máquinas e equipamentos (8,2%), indústria extrativa (5,1%), alimentos (2,7%). Em sentido oposto, entre os quatro ramos com queda na produção sobressaíram os recuos vindos de outros produtos químicos (–5,2%) e de têxtil (–7,1%).

 

 

 

 

 

 

 

 

Leia outras edições de Análise IEDI na seção Economia e Indústria do site do IEDI


Leia no site do IEDI: Tendências e Oportunidades na Economia Verde:
Eficiência Energética
- O avanço em eficiência energética se mostra atrativo por se
tratar de uma opção custo-efetivo: qualquer investimento em eficiência gera retornos,
neste caso por meio de economias futuras de energia.