|
|
Diante de um PIB que cresceu 7,5% em 2010, é muito cedo
para se constatar a estagnação do emprego na indústria
brasileira que se observa desde agosto do ano passado. De acordo
com os dados divulgados hoje pelo IBGE, o número de ocupados
na indústria teve ligeira queda de 0,1% em janeiro com
relação a dezembro, após apresentar a seguinte
evolução nos últimos cinco meses de 2010:
0,1%, 0,0%, 0,1%, 0,1%, –0,1%, nessa ordem, de agosto a
dezembro (todas as taxas de variação calculadas
no mês com relação ao mês imediatamente
anterior a partir da série com ajuste sazonal).
Esse comportamento
do emprego reflete o momento nada positivo pelo qual a produção
industrial vem passando, que, segundo os dados do próprio
IBGE, acumula retração de 2,6% no período
abril de 2010 a janeiro de 2011 (tomando-se como base o mês
de março de 2010). E, como já está mais do
que evidenciado, esse baixo desempenho do setor industrial se
deve, em grande medida, ao volume crescente de importações
que está deslocando e substituindo a produção
doméstica.
A estagnação
do emprego também pode ser observada na evolução
da média móvel trimestral (calculada no trimestre
encerrado no mês contra trimestre encerrado no mês
imediatamente anterior a partir da série com ajuste sazonal),
a qual desde outubro do ano passado é igual a zero. Já,
na relação mês/mesmo mês do ano anterior,
o emprego industrial assinalou avanço de 2,7% em janeiro
último; mas, embora esse resultado represente a décima
segunda variação positiva nesta comparação,
é nítida a sua perda de ritmo: 5,3%, 5,1%, 4,8%,
4,2%, 3,1%, 3,4%, respectivamente, de julho a dezembro de 2010.
E se esses
números mostram um quadro bastante desfavorável
para o emprego industrial nos últimos meses (“um
olhar pelo retrovisor”), os sinais para se traçar
uma tendência do emprego neste início de ano não
são animadores. Ao se tomar o total de horas pagas na indústria
como, aproximadamente, um indicador antecedente do desempenho
do emprego industrial, nota-se que, em janeiro, houve um recuou
das horas pagas na indústria (–0,1% com relação
a dezembro, com dados já dessazonalizados) e uma confirmação
da desaceleração de seu comportamento na comparação
mês contra mesmo mês do ano anterior (em janeiro deste
ano, verificou-se acréscimo de 2,8%, ante 3,5% em dezembro).
|
Na passagem de dezembro de 2010 para janeiro de 2011 na série livre
de efeitos sazonais, o pessoal ocupado assalariado na indústria
apresentou pequeno recuo de 0,1%. Cabe salientar que é o segundo
mês que a ocupação na indústria registra essa
variação. Na relação mês/ mesmo mês
do ano anterior, o emprego industrial assinalou avanço de 2,7%,
a décima segunda variação positiva nesta comparação.
A variação acumulada nos últimos 12 meses foi de
3,7%, variação superior a dezembro do ano anterior o resultado,
que foi de 3,4%. Entretanto, se comparado ao resultado do último
trimestre do ano passado (3,6%), podemos observar uma clara desaceleração.
Na comparação
mensal (mês/mesmo mês do ano anterior), das 14 regiões
contempladas pela pesquisa, todas registraram avanço na ocupação.
As maiores contribuições a média geral foram: São
Paulo (2,0%), Minas Gerais (4,2%), região Norte e Centro-Oeste
(4,4%) e região Nordeste (2,1%). Em São Paulo, os impactos
setoriais mais significativos vieram de meios de transporte (7,6%), máquinas
e equipamentos (5,7%) e têxtil (10,6%). A redução
no ritmo de crescimento do emprego industrial na passagem do quarto trimestre
do ano passado (3,6%) para janeiro de 2011 (2,7%) ocorreu em 12 dos 14
locais pesquisados, com destaque para Pernambuco (de 5,3% para 0,2%),
Bahia (de 6,6% para 3,9%), Espírito Santo (de 5,5% para 3,1%),
Rio de Janeiro (de 6,3% para 3,9%) e região Nordeste (de 4,2% para
2,1%).
Setorialmente, doze
dos dezoito setores pesquisados aumentaram o contingente de trabalhadores
na indústria contra igual mês do ano passado. Os destaques
positivos de maior significância foram: meios de transporte (8,2%),
de produtos de metal (8,9%), de máquinas e equipamentos (7,4%),
de máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações
(7,6%) e de metalurgia básica (9,0%), enquanto papel e gráfica
(–8,1%) e vestuário (–2,8%) apontaram os principais
impactos negativos.
Folha de Pagamento
Real. A
folha de pagamento real da indústria brasileira apresentou, na
relação janeiro de 2011/dezembro de 2010, já livre
dos efeitos sazonais, variação positiva de 5,1%, após
ter acumulado queda de 4,4% entre novembro e dezembro de 2010. Frente
a janeiro de 2010, verificou-se um aumento de 7,1%, impulsionado pelo
crescimento das contratações em meios de transporte (17,5%),
máquinas e equipamentos (12,2%), produtos químicos (11,9%),
produtos de metal (11,1%) e alimentos e bebidas (3,7%). Por outro lado,
papel e gráfica (–10,9%) e madeira (-2,6%) exerceram os maiores
impactos negativos sobre o total da indústria.
Número
de Horas Pagas. Houve um recuo no total de horas pagas na indústria
na passagem de dezembro para janeiro 0,1%, com dados já dessazonalizados.
Frente ao igual mês de 2010 verificou-se acréscimo de 2,8%,
com treze dos quatorze locais e onze dos dezoito ramos pesquisados assinalando
crescimento. Dentre os locais pesquisados, os maiores impactos positivos
vieram de São Paulo (1,9%), Minas Gerais (5,0%), região
Norte e Centro-Oeste (5,8%), Paraná (3,5%) e Santa Catarina (3,0%).
Setorialmente, meios de transporte (8,9%), produtos de metal (10,3%),
máquinas e equipamentos (7,0%), minerais não metálicos
(8,1%) e máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações
(7,7%) exerceram as principais contribuições.
|
|