4 de março de 2011

Indústria Regional
Duas trajetórias regionais
da indústria brasileira


   

 
A evolução da produção das indústrias regionais do País vem apresentando comportamento instável dentro de um quadro geral de desaceleração; é o que se observa nos dados divulgados hoje pelo IBGE. Para ilustrar tal desempenho, tomemos dois casos: a Região Nordeste e o estado de São Paulo. Em janeiro com relação a dezembro, considerando os ajustes sazonais, a produção industrial no Nordeste ficou praticamente estagnada (variação de apenas 0,1%) e, na comparação com janeiro de 2010, ela recuou 6,1%. Trata-se, evidentemente de um resultado claramente adverso.

A situação de progressiva fragilidade das indústrias do Nordeste aparece também na análise temporal. Ao se tomar a série ajustada sazonalmente que compara determinado mês com o mês imediatamente anterior, a produção industrial da Região apresentou a seguinte evolução: 0,0%, 1,6%, –3,7%, 1,1%, –2,4%, –0,4%, 1,3%, –5,4% e –0,7%, nessa ordem, no período que vai de abril a dezembro de 2010, para então iniciar este ano, como supracitado, com variação de 0,1%. Ao se acumular essas taxas, tendo como base o mês de março de 2010, a produção recuou muito nos últimos dez meses encerrados em janeiro: 8,4%.

A reviravolta na indústria nordestina também é claramente identificada na série que compara determinado mês com o mesmo mês do ano anterior. O andamento da produção, segundo essa série, foi: 20,6%, 20,0%, 9,7%, 13,9%, 7,6%, 4,3%, 2,8%, –2,0% e –5,5%, considerando ainda o período que se inicia em abril e termina em dezembro. No primeiro mês de 2011, a produção acompanhou a tendência dos últimos meses de 2010 e continuou a cair (–6,1%, como também foi dito acima). Esses dados, em conjunto, mostram que, mais que uma desaceleração, a indústria do Nordeste vem sofrendo uma forte retração.

Em termos setoriais, quem mais puxou para baixo a produção no Nordeste nos últimos doze meses até janeiro foram as atividades industriais de produtos químicos (–21,2%), têxtil (–25,8%) e refino de petróleo e produção de álcool (–10,4%). No Ceará, cabe destacar a retração da indústria de calçados e artigos de couro (–30,6%) e, em Pernambuco, a queda da produção em metalurgia básica (–20,1%).

E se a produção industrial no Nordeste está encolhendo, no estado em que a indústria tem mais peso e é mais estruturada, não se consegue observar uma trajetória consistente de crescimento, muito embora o quadro não seja de retração aberta como no outro caso. De fato, o que se vê é uma oscilação, uma instabilidade acentuada na evolução da produção em São Paulo. Mais precisamente, a indústria paulista está oscilando muito, permanecendo estagnada na média do período que vai de abril do ano passado – quando toda a indústria brasileira também entrou num ritmo desfavorável de produção.

É exatamente isto: ao se acumular as variações da produção industrial de São Paulo no período abril de 2010/janeiro de 2011, obtém-se uma taxa igual a zero. Portanto, dada essa evolução instável com “tendência” a estagnação, o resultado de janeiro da produção paulista (aumento de 0,7% com relação a dezembro, na série com ajuste sazonal) não pode ser interpretado como uma reversão desse cenário. E esse quadro desfavorável para São Paulo vale para o País.

Por último, vale também destacar os setores em que a produção mais caiu nos últimos doze meses no estado de São Paulo: alimentos (–7,9%), produtos de metal (–10,5%) e máquinas para escritório e equipamentos de informática (–19,8%).

Leia aqui o texto completo desta Análise.