O desempenho recorde da produção (10,5%), do emprego
(3,4%) e das horas pagas (4,1%) na indústria em 2010 reflete
um comportamento de recuperação da atividade econômica
pós recessão. De fato, em 2009, a produção
industrial registrou queda de 7,4% em relação a
2008, o emprego se contraiu 5,0% e as horas pagas caíram
5,3%. Assim, a expansão de 6,1% na produtividade em 2010,
contra um decréscimo de 2,2% em 2009, pode ser interpretado
como resultado, em grande parte, dos ganhos de escala obtidos
por uma maior ocupação da capacidade ociosa gerada
pela contração da produção no ano
de 2009.
Na média
de 2009/2010, a produtividade aumentou 1,8%, um índice
baixo. Maior – porém ainda podendo ser considerado
modesto – foi o crescimento médio da produtividade
no período de nove anos que vai de 2002 a 2010: 2,7%. Uma
evolução mais ampla da produtividade da indústria
seria importante para dar mais capacidade de competição
ao setor diante do produto fabricado no estrangeiro. Nesse sentido,
metas de produtividade poderiam ser introduzidas em uma nova versão
da Política de Desenvolvimento Produtivo – PDP; incentivos
para o aumento e renovação do parque industrial
poderiam ser criados, além de ações para
melhorar a formação da mão de obra.
Ainda caracterizando
2010 como um ano de recuperação do nível
de atividade, observou-se que dentro do ano a retomada do crescimento
industrial se iniciou com a expansão da produção
e da produtividade à frente das horas pagas e do emprego.
Comportamento semelhante ocorreu em 2004, quando a indústria
se recuperou da estagnação do ano anterior. Mesmo
com uma recuperação bastante forte da produtividade
em 2010, esse movimento começou a perder força a
partir do segundo semestre, quando as taxas de crescimento das
horas pagas, seguindo as do emprego, passaram a ser crescentes
na comparação em 12 meses.
O crescimento
da produtividade em simultâneo com o aumento na contratação
de mão de obra sinaliza uma expectativa favorável
do empresário quanto ao futuro desempenho da economia.
Porém, para que o crescimento da produtividade seja sustentável,
é necessário que a recuperação na
taxa de investimento se consolide, dando início a um ciclo
virtuoso de crescimento. A concretização deste cenário
depende dos estímulos da demanda interna e externa sobre
a estrutura produtiva da indústria, bem como do impacto
da evolução da taxa de câmbio e da taxa de
salários sobre as estruturas de custo das empresas do setor.
A expectativa
para o comportamento da produtividade em 2011 é que a taxa
seja positiva, porém inferior a alcançada em 2010.
Ganhos de escala, pela ocupação de capacidade instalada,
já deverão ter menor importância em 2011,
assim como também os estímulos da política
anti-cíclica mantidos ainda em 2010 já terão
se dissipado. Ademais, a indústria deverá enfrentar
em 2011 uma maior pressão de custo pelo lado da mão
de obra, por força de aumentos na remuneração
média real do trabalho acima da produtividade, já
percebidos no segundo semestre de 2010.
A permanência
do câmbio valorizado, reduzindo a competitividade do setor,
também deverá atuar como um condicionante a reduzir
o ritmo de expansão da indústria em 2011. Do outro
lado, o maior investimento realizado em 2010, em parte respondendo
ao estímulo do PSI, o Programa de Sustentação
do Investimento, favorecerá o aumento da produtividade
à medida que as inversões novas forem sendo incorporadas
ao estoque de capital industrial.
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