17 de fevereiro de 2011

Indústria
Recuperação da produtividade
em 2010 e as perspectivas


  

 
O desempenho recorde da produção (10,5%), do emprego (3,4%) e das horas pagas (4,1%) na indústria em 2010 reflete um comportamento de recuperação da atividade econômica pós recessão. De fato, em 2009, a produção industrial registrou queda de 7,4% em relação a 2008, o emprego se contraiu 5,0% e as horas pagas caíram 5,3%. Assim, a expansão de 6,1% na produtividade em 2010, contra um decréscimo de 2,2% em 2009, pode ser interpretado como resultado, em grande parte, dos ganhos de escala obtidos por uma maior ocupação da capacidade ociosa gerada pela contração da produção no ano de 2009.

Na média de 2009/2010, a produtividade aumentou 1,8%, um índice baixo. Maior – porém ainda podendo ser considerado modesto – foi o crescimento médio da produtividade no período de nove anos que vai de 2002 a 2010: 2,7%. Uma evolução mais ampla da produtividade da indústria seria importante para dar mais capacidade de competição ao setor diante do produto fabricado no estrangeiro. Nesse sentido, metas de produtividade poderiam ser introduzidas em uma nova versão da Política de Desenvolvimento Produtivo – PDP; incentivos para o aumento e renovação do parque industrial poderiam ser criados, além de ações para melhorar a formação da mão de obra.

Ainda caracterizando 2010 como um ano de recuperação do nível de atividade, observou-se que dentro do ano a retomada do crescimento industrial se iniciou com a expansão da produção e da produtividade à frente das horas pagas e do emprego. Comportamento semelhante ocorreu em 2004, quando a indústria se recuperou da estagnação do ano anterior. Mesmo com uma recuperação bastante forte da produtividade em 2010, esse movimento começou a perder força a partir do segundo semestre, quando as taxas de crescimento das horas pagas, seguindo as do emprego, passaram a ser crescentes na comparação em 12 meses.

O crescimento da produtividade em simultâneo com o aumento na contratação de mão de obra sinaliza uma expectativa favorável do empresário quanto ao futuro desempenho da economia. Porém, para que o crescimento da produtividade seja sustentável, é necessário que a recuperação na taxa de investimento se consolide, dando início a um ciclo virtuoso de crescimento. A concretização deste cenário depende dos estímulos da demanda interna e externa sobre a estrutura produtiva da indústria, bem como do impacto da evolução da taxa de câmbio e da taxa de salários sobre as estruturas de custo das empresas do setor.

A expectativa para o comportamento da produtividade em 2011 é que a taxa seja positiva, porém inferior a alcançada em 2010. Ganhos de escala, pela ocupação de capacidade instalada, já deverão ter menor importância em 2011, assim como também os estímulos da política anti-cíclica mantidos ainda em 2010 já terão se dissipado. Ademais, a indústria deverá enfrentar em 2011 uma maior pressão de custo pelo lado da mão de obra, por força de aumentos na remuneração média real do trabalho acima da produtividade, já percebidos no segundo semestre de 2010.

A permanência do câmbio valorizado, reduzindo a competitividade do setor, também deverá atuar como um condicionante a reduzir o ritmo de expansão da indústria em 2011. Do outro lado, o maior investimento realizado em 2010, em parte respondendo ao estímulo do PSI, o Programa de Sustentação do Investimento, favorecerá o aumento da produtividade à medida que as inversões novas forem sendo incorporadas ao estoque de capital industrial.

Leia aqui o texto completo desta Análise.