11 de fevereiro de 2011

Emprego Industrial
2010 bom com final de ano ruim


   

 
O emprego industrial em 2010 cresceu 3,4% com relação a 2009, um bom resultado que reflete a recuperação da produção e da ocupação da indústria à crise de 2009. Mas o emprego industrial fechou o ano estagnado. De fato, com o dado divulgado hoje pelo IBGE, observa-se que, de agosto a dezembro, o nível de ocupados na indústria brasileira não mais avança. Após variações nulas nos meses de agosto (0,1%), setembro (0,0%), outubro (0,1%) e novembro (0,1%), o emprego industrial apresentou ligeira queda em dezembro (–0,1%) – todas as taxas calculadas com relação ao mês imediatamente anterior a partir da série com ajuste sazonal. Isso é o reflexo, com o retardo costumeiro, do que vem ocorrendo com a produção industrial, a qual, desde o segundo trimestre de 2010, vem “patinando” e já acumula retração de 2,7% no período abril-dezembro de 2010.

Em todas as bases de comparação, o crescimento do número de ocupados na indústria vem perdendo ritmo. Ao se comparar trimestre com trimestre imediatamente anterior, por exemplo, o emprego industrial apresentou a seguinte evolução em 2010: 1,0%, 1,5%, 0,8% e 0,1%, respectivamente, no primeiro, segundo, terceiro e quarto trimestres. Esses dados deixam claro que o já referido aumento de 3,4% dos ocupados na indústria no acumulado do ano de 2010 – a maior taxa registrada pelo IBGE desde 2002 – deve ser tomado com cautela.

Em primeiro lugar, porque o nível de emprego com o qual se está comparando é baixo: em 2009, devido aos efeitos da crise, a retração do número de ocupados na indústria brasileira foi de 4,9% – uma queda também histórica na série do IBGE. Em segundo lugar, como também foi visto acima, o crescimento do emprego industrial concentrou-se no primeiro semestre de 2010, o que significa que as últimas tendências não são nada positivas.

Vale registrar ainda que, frente ao patamar de setembro de 2008, quando do agravamento da crise internacional, o nível de ocupação na indústria é, em dezembro de 2010, 1,7% menor. Ou seja, houve uma recuperação ao longo desses mais de dois anos, mas ela foi parcial, e o quadro atual não permite dizer, com segurança, que o mercado de trabalho ligado à indústria logrará resultados mais favoráveis neste começo de ano. Isto devido ao baixo desempenho de um setor em que as importações vêm crescentemente deslocando e substituindo a produção doméstica.

Regionalmente, no acumulado no ano, frente o mesmo período de 2009, todos os locais apresentaram alta da ocupação industrial, com destaque para São Paulo (2,8%), seguido por região Nordeste (5,0%), Norte e Centro-Oeste (4,2%), Rio Grande do Sul (4,0%), Rio de Janeiro (5,6%) e Santa Catarina (3,4%). Em termos setoriais, também comparando-se o número de ocupados na indústria em 2010 com 2009, aparecem, com maior crescimento, os setores de máquinas e equipamentos (7,3%), produtos de metal (7,0%), meios de transporte (5,9%), máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações (7,2%), calçados e couro (5,7%), têxtil (6,4%), alimentos e bebidas (1,5%) e metalurgia básica (7,7%).

Por outro lado, os segmentos de vestuário (–2,1%) e de madeira (–5,8%) representaram as pressões negativas mais relevantes em termos de queda do número de ocupados. Pode-se observar nas séries de dados do IBGE, no entanto, que em quase todas as regiões e em muitos setores (naqueles com crescimento positivo em 2010), o emprego vem desacelerando.

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