O emprego industrial em 2010 cresceu 3,4% com relação
a 2009, um bom resultado que reflete a recuperação
da produção e da ocupação da indústria
à crise de 2009. Mas o emprego industrial fechou o ano
estagnado. De fato, com o dado divulgado hoje pelo IBGE, observa-se
que, de agosto a dezembro, o nível de ocupados na indústria
brasileira não mais avança. Após variações
nulas nos meses de agosto (0,1%), setembro (0,0%), outubro (0,1%)
e novembro (0,1%), o emprego industrial apresentou ligeira queda
em dezembro (–0,1%) – todas as taxas calculadas com
relação ao mês imediatamente anterior a partir
da série com ajuste sazonal. Isso é o reflexo, com
o retardo costumeiro, do que vem ocorrendo com a produção
industrial, a qual, desde o segundo trimestre de 2010, vem “patinando”
e já acumula retração de 2,7% no período
abril-dezembro de 2010.
Em todas as
bases de comparação, o crescimento do número
de ocupados na indústria vem perdendo ritmo. Ao se comparar
trimestre com trimestre imediatamente anterior, por exemplo, o
emprego industrial apresentou a seguinte evolução
em 2010: 1,0%, 1,5%, 0,8% e 0,1%, respectivamente, no primeiro,
segundo, terceiro e quarto trimestres. Esses dados deixam claro
que o já referido aumento de 3,4% dos ocupados na indústria
no acumulado do ano de 2010 – a maior taxa registrada pelo
IBGE desde 2002 – deve ser tomado com cautela.
Em primeiro
lugar, porque o nível de emprego com o qual se está
comparando é baixo: em 2009, devido aos efeitos da crise,
a retração do número de ocupados na indústria
brasileira foi de 4,9% – uma queda também histórica
na série do IBGE. Em segundo lugar, como também
foi visto acima, o crescimento do emprego industrial concentrou-se
no primeiro semestre de 2010, o que significa que as últimas
tendências não são nada positivas.
Vale registrar
ainda que, frente ao patamar de setembro de 2008, quando do agravamento
da crise internacional, o nível de ocupação
na indústria é, em dezembro de 2010, 1,7% menor.
Ou seja, houve uma recuperação ao longo desses mais
de dois anos, mas ela foi parcial, e o quadro atual não
permite dizer, com segurança, que o mercado de trabalho
ligado à indústria logrará resultados mais
favoráveis neste começo de ano. Isto devido ao baixo
desempenho de um setor em que as importações vêm
crescentemente deslocando e substituindo a produção
doméstica.
Regionalmente,
no acumulado no ano, frente o mesmo período de 2009, todos
os locais apresentaram alta da ocupação industrial,
com destaque para São Paulo (2,8%), seguido por região
Nordeste (5,0%), Norte e Centro-Oeste (4,2%), Rio Grande do Sul
(4,0%), Rio de Janeiro (5,6%) e Santa Catarina (3,4%). Em termos
setoriais, também comparando-se o número de ocupados
na indústria em 2010 com 2009, aparecem, com maior crescimento,
os setores de máquinas e equipamentos (7,3%), produtos
de metal (7,0%), meios de transporte (5,9%), máquinas e
aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações
(7,2%), calçados e couro (5,7%), têxtil (6,4%), alimentos
e bebidas (1,5%) e metalurgia básica (7,7%).
Por outro
lado, os segmentos de vestuário (–2,1%) e de madeira
(–5,8%) representaram as pressões negativas mais
relevantes em termos de queda do número de ocupados. Pode-se
observar nas séries de dados do IBGE, no entanto, que em
quase todas as regiões e em muitos setores (naqueles com
crescimento positivo em 2010), o emprego vem desacelerando.
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