Na base do crescimento de 10,5% da produção industrial
brasileira em 2010 com relação a 2009 – este
um ano cuja evolução da indústria foi muito
condicionada pela crise internacional, resultando em uma queda
de 7,4% de sua produção – está o desempenho
da indústria de São Paulo. De fato, foi o desempenho
da indústria paulista (variação de 10,1%
em 2010 frente a 2009) que deu o padrão da evolução
da produção manufatureira do País, a qual
foi um pouco além devido ao crescimento mais intenso que
teve lugar em algumas economias regionais.
Por motivos
diferentes, esses são os casos das indústrias de
Minas Gerais, do Espírito Santo e do Amazonas. Se as indústrias
dos dois primeiros estados estiveram entre as que mais intensamente
sofreram os efeitos imediatos da crise (retrações
de 13,1% e de 14,6% em 2009, respectivamente), já que são
muito dependentes da produção de commodities, por
esse mesmo motivo apresentaram crescimento de 15,0% e 22,3%, nessa
ordem, em 2010 – na medida em que foram favorecidas pela
alta dos preços internacionais das commodities, o que dinamizou
extraordinariamente a indústria extrativa mineral.
No caso do
Amazonas, se o perfil de produção altamente vinculado
a bens duráveis motivou uma forte retração
no ano marcado pela crise (queda de 8,8% em 2009), ele também
colaborou muito para o avanço de 16,3% em 2010 –
já que houve, no ano passado, uma forte recuperação
da produção de material eletrônico e equipamentos
de comunicações (18,4%) e de outros equipamentos
de transporte (18,9%).
Cabe avaliar
o quanto os centros regionais brasileiros lograram superar os
efeitos da crise ao longo de 2010. Para isso, serão comparados
aqui os níveis de produção de dezembro último
e de setembro de 2008 – mês do grande agravamento
da crise internacional. Na média brasileira, o patamar
da produção industrial em dezembro de 2010 era ainda
2,4% inferior ao registrado em 2008, a despeito de todo o crescimento
que a indústria acumularia em 2010. É digno de registro
que estados com peso significativo na indústria nacional,
como São Paulo (–1,9%) e Minas (–3,2%), não
recuperaram seus níveis de produção de antes
da crise. Isso também ocorreu com o Nordeste (–4,9%)
e dois dos estados do sul do País – Santa Catarina
(–1,5%) e Rio Grande do Sul (–5,4%).
As indústrias
dos estados do Amazonas (+1,5%), Paraná (+5,1%), Espírito
Santo (+1,8%) e Rio de Janeiro (+1,7%) lograram melhores resultados
e aparecem em dezembro de 2010 com níveis de produção
superiores aos de setembro de 2008. No caso dos dois últimos
estados, o avanço da produção extrativa foi
decisivo para a recuperação da indústria
capixaba, enquanto os desempenhos dos setores de veículos
automotores, de metalurgia básica e de refino de petróleo
e produção de álcool tiveram grande influência
para a superação da crise na indústria fluminense.
Esse balanço
da evolução da produção industrial
regional desde o agravamento da crise até dezembro de 2010
mostra que a indústria nacional não está
acompanhando de todo o bom momento pelo qual a economia brasileira
passa. Os setores que apresentaram melhores resultados são
os que estão ligados à produção de
commodities industriais ou à de bens duráveis –
estes últimos muito favorecidos pelo aumento do consumo
doméstico derivado da maior oferta de crédito e
dos maiores prazos de financiamento. E quanto às expectativas?
O recuo de 0,7% da indústria brasileira em dezembro de
2010 relativamente ao mês imediatamente anterior não
é um bom sinal, sobretudo por refletir quedas (em muitos
casos significativas) da atividade fabril em onze das catorze
localidades pesquisadas pelo IBGE: Rio de Janeiro (–5,7%),
Paraná (–5,0%), Bahia (–3,9%), Goiás
(–3,8%), Rio Grande do Sul (–3,0%), Espírito
Santo (–1,9%), Ceará (–1,6%), São Paulo
(–1,2%), Pernambuco (–1,2%), Região Nordeste
(–0,7%), e Amazonas (–0,4%).
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