9 de fevereiro de 2011

Indústria Regional
Ganhos e perdas no pós-crise


   

 
Na base do crescimento de 10,5% da produção industrial brasileira em 2010 com relação a 2009 – este um ano cuja evolução da indústria foi muito condicionada pela crise internacional, resultando em uma queda de 7,4% de sua produção – está o desempenho da indústria de São Paulo. De fato, foi o desempenho da indústria paulista (variação de 10,1% em 2010 frente a 2009) que deu o padrão da evolução da produção manufatureira do País, a qual foi um pouco além devido ao crescimento mais intenso que teve lugar em algumas economias regionais.

Por motivos diferentes, esses são os casos das indústrias de Minas Gerais, do Espírito Santo e do Amazonas. Se as indústrias dos dois primeiros estados estiveram entre as que mais intensamente sofreram os efeitos imediatos da crise (retrações de 13,1% e de 14,6% em 2009, respectivamente), já que são muito dependentes da produção de commodities, por esse mesmo motivo apresentaram crescimento de 15,0% e 22,3%, nessa ordem, em 2010 – na medida em que foram favorecidas pela alta dos preços internacionais das commodities, o que dinamizou extraordinariamente a indústria extrativa mineral.

No caso do Amazonas, se o perfil de produção altamente vinculado a bens duráveis motivou uma forte retração no ano marcado pela crise (queda de 8,8% em 2009), ele também colaborou muito para o avanço de 16,3% em 2010 – já que houve, no ano passado, uma forte recuperação da produção de material eletrônico e equipamentos de comunicações (18,4%) e de outros equipamentos de transporte (18,9%).

Cabe avaliar o quanto os centros regionais brasileiros lograram superar os efeitos da crise ao longo de 2010. Para isso, serão comparados aqui os níveis de produção de dezembro último e de setembro de 2008 – mês do grande agravamento da crise internacional. Na média brasileira, o patamar da produção industrial em dezembro de 2010 era ainda 2,4% inferior ao registrado em 2008, a despeito de todo o crescimento que a indústria acumularia em 2010. É digno de registro que estados com peso significativo na indústria nacional, como São Paulo (–1,9%) e Minas (–3,2%), não recuperaram seus níveis de produção de antes da crise. Isso também ocorreu com o Nordeste (–4,9%) e dois dos estados do sul do País – Santa Catarina (–1,5%) e Rio Grande do Sul (–5,4%).

As indústrias dos estados do Amazonas (+1,5%), Paraná (+5,1%), Espírito Santo (+1,8%) e Rio de Janeiro (+1,7%) lograram melhores resultados e aparecem em dezembro de 2010 com níveis de produção superiores aos de setembro de 2008. No caso dos dois últimos estados, o avanço da produção extrativa foi decisivo para a recuperação da indústria capixaba, enquanto os desempenhos dos setores de veículos automotores, de metalurgia básica e de refino de petróleo e produção de álcool tiveram grande influência para a superação da crise na indústria fluminense.

Esse balanço da evolução da produção industrial regional desde o agravamento da crise até dezembro de 2010 mostra que a indústria nacional não está acompanhando de todo o bom momento pelo qual a economia brasileira passa. Os setores que apresentaram melhores resultados são os que estão ligados à produção de commodities industriais ou à de bens duráveis – estes últimos muito favorecidos pelo aumento do consumo doméstico derivado da maior oferta de crédito e dos maiores prazos de financiamento. E quanto às expectativas? O recuo de 0,7% da indústria brasileira em dezembro de 2010 relativamente ao mês imediatamente anterior não é um bom sinal, sobretudo por refletir quedas (em muitos casos significativas) da atividade fabril em onze das catorze localidades pesquisadas pelo IBGE: Rio de Janeiro (–5,7%), Paraná (–5,0%), Bahia (–3,9%), Goiás (–3,8%), Rio Grande do Sul (–3,0%), Espírito Santo (–1,9%), Ceará (–1,6%), São Paulo (–1,2%), Pernambuco (–1,2%), Região Nordeste (–0,7%), e Amazonas (–0,4%).
 

 
O recuo de 0,7% da indústria brasileira em dezembro de 2010, relativamente ao mês imediatamente anterior na série dessazonalizada, refletiu a queda da atividade fabril em onze das catorze localidades pesquisadas, de acordo com os dados divulgados hoje pelo IBGE. Essa é a segunda variação negativa consecutiva, visto que em novembro a indústria brasileira registrou retração de 0,2%. As pressões negativas vieram de: Rio de Janeiro (–5,7%), Paraná (–5,0%), Bahia (–3,9%), Goiás (–3,8%), Rio Grande do Sul (–3,0%), Espírito Santo (–1,9%), Ceará (–1,6%), São Paulo (–1,2%), Pernambuco (–1,2%), Região Nordeste (–0,7%), e Amazonas (–0,4%). Por outro lado, os três locais com alta foram Santa Catarina (3,0%), Minas Gerais (2,0%) e Pará (0,8%).

No confronto entre dezembro de 2010 e dezembro de 2009, a produção nacional assinalou alta de 2,7%. Nesta comparação, dez localidades assinalaram variações positivas. Pará (13,5%) e Goiás (10,3%) apresentaram os maiores avanços. Em seguida vieram: Amazonas (8,7%), Minas Gerais (6,5%), e Santa Catarina (5,2%), Rio de Janeiro e São Paulo (ambos com 1,2%), Rio Grande do Sul (0,7%), Paraná e Pernambuco (ambos com 0,2%). As pressões negativas, por sua vez, vieram do Espírito Santo (–0,8%), Região Nordeste (–5,5%), Ceará (–9,7%) e Bahia (–10,8%).

No confronto entre o quarto trimestre de 2010 e igual período de 2009, onze localidades apresentaram acréscimos, colaborando para a alta de 3,3% da indústria brasileira nesta comparação. Goiás (15,0%) e Pará (11,5%) foram os destaques positivos, e a Região Nordeste (–1,6%), Bahia (–2,8%) e Ceará (–5,9%) foram os únicos a apontarem taxas negativas.

No acumulado entre janeiro e dezembro de 2010, todos os locais analisados assinalaram avanço na produção fabril. As maiores pressões positivas ocorreram no Espírito Santo (22,3%), Goiás (17,1%), Amazonas (16,3%), Minas Gerais (15,0%) e Paraná (14,2%). Além destes, Pernambuco (+10,2%) e São Paulo (+10,1%) apresentaram crescimento expressivo próximos à média da indústria brasileira.

 

 
São Paulo. No confronto entre novembro e dezembro de 2010, a produção industrial do estado paulista recuou 1,2% na série sem efeitos sazonais, após crescer 1,2% no mês anterior. Na comparação mensal (mês / mesmo mês do ano anterior), foi observado acréscimo de 1,2%, com alta de dez das vinte atividades pesquisadas, com destaque para veículos automotores (12,8%), de outros produtos químicos (11,0%) e de máquinas e equipamentos (6,2%). Em sentido oposto, entre os setores que assinalaram queda na produção, destacam-se: farmacêutico (–9,1%), produtos de metal (–13,7%) e alimentos (–6,5%). Na análise do quarto trimestre de 2010 frente a igual período de 2009, a alta foi de 2,8%, apontando para um arrefecimento da produção industrial do estado (+18,1% no 1º trimestre, +12,8% no segundo e +8,5% no terceiro). No ano, o crescimento de 10,1% deveu-se principalmente a veículos automotores (24,6%), máquinas e equipamentos (26,6%), outros produtos químicos (13,9%), produtos de metal (25,3%) e borracha e plástico (15,4%). Do lado oposto, farmacêutica (–5,7%), refino de petróleo e produção de álcool (–3,5%), material eletrônico e equipamentos de comunicações (–6,6%) e outros equipamentos de transporte (–4,1%) foram as contribuições negativas mais significativas.

Minas Gerais. O mês de dezembro apontou crescimento (2,0%) da indústria mineira frente ao mês imediatamente anterior na série livre de efeitos sazonais. Frente a dezembro de 2009, a produção fabril deste estado foi 6,5% superior, graças ao desempenho favorável da indústria extrativa (21,1%), veículos automotores (20,3%), outros produtos químicos (15,8%) e minerais não metálicos (11,4%). As pressões negativas vieram de máquinas e equipamentos (–24,8%) e alimentos (–2,9%). No quarto trimestre do ano o estado registrou acréscimo de 6,4% frente ao quarto trimestre de 2009, ritmo inferior aos trimestres anteriores. No acumulado de 2010, a indústria cresceu 15,0%, impulsionada pelos setores de metalurgia básica (27,6%), indústrias extrativas (31,9%), máquinas e equipamentos (55,4%) e outros produtos químicos (22,4%); enquanto celulose e papel (–1,6%) e de produtos do fumo (–3,2%) foram as únicas pressões negativas.

Espírito Santo. A produção da indústria capixaba decresceu 1,9% em dezembro frente a novembro, na série livre dos efeitos sazonais. No indicador mensal, a variação de –0,8% deveu-se ao desempenho negativo da indústria de transformação (–10,2%), dado que a indústria extrativa cresceu 21,0% no período. Metalurgia básica (–26,0%) e alimentos e bebidas (–7,9%) representaram os impactos negativos de maior importância; por sua vez, minerais não metálicos (16,8%) foi a maior contribuição positiva. Na análise do quarto trimestre de 2010, o crescimento de 6,6% reflete a piora do ritmo de produção do estado, visto que no terceiro trimestre a variação foi de 16,6%. No acumulado de 2010 frente a igual período do ano anterior, o avanço observado foi de 22,3%, sendo o setor extrativo (60,0%) o maior impacto positivo, seguido de metalurgia básica (12,7%), alimentos e bebidas (11,1%), minerais não metálicos (9,9%) e celulose e papel (2,3%).

 

 

 

 

 

Leia outras edições de Análise IEDI na seção Economia e Indústria do site do IEDI


Leia no site do IEDI: Tendências e Oportunidades na Economia Verde:
Eficiência Energética
- O avanço em eficiência energética se mostra atrativo por se
tratar de uma opção custo-efetivo: qualquer investimento em eficiência gera retornos,
neste caso por meio de economias futuras de energia.