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O crescimento de 10,5% da indústria brasileira em 2010
com relação a 2009 refletiu também a recuperação
da produção em todos os seus segmentos classificados
pelo IEDI segundo a ótica da intensidade tecnológica,
quais sejam: segmentos produtores de bens de alta, de média-alta,
de média-baixa e de baixa intensidade tecnológica.
Pode-se dizer que, em geral, a pujança do mercado interno
foi determinante para o desempenho positivo desses segmentos em
2010. A produção cresceu 4,5% no segmento de alta
intensidade tecnológica; 17,7% no de média-alta;
10,7% no de média-baixa; e 5,7% no de baixa. Mas, há
características relacionadas a cada um deles que merecem
ser destacadas.
No de alta
intensidade tecnológica, o menor crescimento da produção
(4,5%) entre os quatro segmentos em 2010 se deve, em alguma medida,
ao que se pode chamar de “efeito retardado” da crise,
já que nesse segmento encontra-se a indústria aeronáutica,
cuja característica de sua produção (por
encomenda) permitiu que ela não sofresse de imediato os
reveses da crise (pois, para 2009, muitos contratos já
estavam fechados), mas implicou uma reação mais
lenta em 2010 (na espera de uma recuperação mais
consistente do mercado internacional, que é o mercado relevante
desse tipo de bem).
O forte crescimento
(30,4%) do valor das importações de produtos de
alta intensidade tecnológica em 2010 também explica
o resultado mais modesto do segmento de alta intensidade, sobretudo
pelos aumentos expressivos das importações de produtos
de informática (45,0%) e de equipamentos de rádio,
televisores e comunicação (41,1%). Ou seja, na indústria
nacional de bens de alta intensidade tecnológica também
ocorreu um “efeito substituição” da
produção doméstica pelo produto importado.
A evolução
do mercado interno, como foi dito acima, foi importante para o
desempenho positivo de todos os quatro segmentos em 2010. No entanto,
ele foi decisivo para a evolução do segmento produtor
de bens de média-alta intensidade tecnológica. De
fato, o crescimento de 17,7% da produção desse segmento
em 2010 (após retração de 12,4% em 2009)
se deve muito aos elevados aumentos da produção
de bens de capital e de automóveis (produtos que estão
classificados como de média-alta intensidade tecnológica),
os quais mais que compensaram o crescimento das importações
desses dois tipos de bens no ano passado.
No entanto,
isso não quer dizer que a importação de bens
de capital e de veículos foi reduzida em 2010. Pelo contrário,
os aumentos das importações – sempre em valores
– de máquinas e equipamentos elétricos (43,7%),
de máquinas e equipamentos mecânicos (41,6%) e de
veículos automotores, reboques e semi-reboques (51,2%)
colaboraram significativamente para o estrondoso déficit
(US$ 34,7 bilhões) da balança comercial da indústria
de transformação em 2010.
No segmento
de média-baixa intensidade tecnológica, a elevação
da produção em 10,7% também foi puxada pela
expansão do mercado interno. No entanto, esse crescimento
não foi tão forte diante da queda de 8,8% da produção
do segmento em 2009. Se, por um lado, a importação
complementou a oferta interna para atender o mercado doméstico
(como no caso de produtos de petróleo refinado e outros
combustíveis) – isto é, ocorreu nesse segmento
um “efeito complementação” –,
por outro lado, o bem produzido no exterior também tomou
o lugar do bem nacional (especialmente no caso produtos metálicos,
onde encontra-se a siderurgia, cuja importação subiu
68,5% em 2010), inibindo um resultado mais robusto da produção
do segmento. Ou seja, o “efeito substituição”
foi aqui também marcante.
Finalmente,
o segmento produtor de bens de baixa intensidade tecnológica,
o que menos declinou na crise (queda de 2,5% em 2009), não
apresentou um desempenho tão vigoroso em 2010 (aumento
de 5,7%). Esse segmento (o único, aliás, com saldo
positivo na balança comercial da indústria de transformação)
também sentiu de modo mais incisivo a presença dos
importados. Pela primeira vez, em 2010, a balança comercial
de produtos têxteis, couro e calçados acusou déficit,
uma indicação de que o “efeito substituição”
também está presente nas indústrias do segmento
de baixa intensidade tecnológica do País.
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Esta Análise traz os primeiros resultados da Carta
IEDI que será brevemente divulgada e que tratará de
esmiuçar a evolução da produção industrial
em 2010 dos diferentes segmentos da indústria nacional classificados
pelo IEDI segundo a ótica da intensidade tecnológica, quais
sejam: segmentos produtores de bens de alta, de média-alta, de
média-baixa e de baixa intensidade tecnológica. Pode-se
dizer que, em geral, a pujança do mercado interno foi determinante
para o desempenho positivo desses segmentos em 2010. A produção
cresceu 4,5% no segmento de alta intensidade tecnológica; 17,7%
no de média-alta; 10,7% no de média-baixa; e 5,7% no de
baixa. Mas, há características relacionadas a cada um deles
que merecem ser destacadas.
No de alta intensidade
tecnológica, o menor crescimento da produção (4,5%)
entre os quatro segmentos em 2010 se deve, em alguma medida, ao que se
pode chamar de “efeito retardado” da crise, já que
nesse segmento encontra-se a indústria aeronáutica, cuja
característica de sua produção (por encomenda) permitiu
que ela não sofresse de imediato os reveses da crise (pois, para
2009, muitos contratos já estavam fechados), mas implicou uma reação
mais lenta em 2010 (na espera de uma recuperação mais consistente
do mercado internacional, que é o mercado relevante desse tipo
de bem). O forte crescimento (30,4%) do valor das importações
de produtos de alta intensidade tecnológica em 2010 também
explica o resultado mais modesto do segmento, sobretudo pelos aumentos
expressivos das importações de produtos de informática
(45,0%) e de equipamentos de rádio, televisores e comunicação
(41,1%). Ou seja, na indústria nacional de bens de alta intensidade
tecnológica também ocorreu um “efeito substituição”
da produção doméstica pelo produto importado.
A evolução do mercado interno, como foi dito acima, foi
importante para o desempenho positivo de todos os quatro segmentos em
2010. No entanto, ele foi decisivo para a evolução do segmento
produtor de bens de média-alta intensidade tecnológica.
De fato, o crescimento de 17,7% da produção desse segmento
em 2010 (após retração de 12,4% em 2009) se deve
muito aos elevados aumentos da produção de bens de capital
e de automóveis (produtos que estão classificados como de
média-alta intensidade tecnológica), os quais mais que compensaram
o crescimento das importações desses dois tipos de bens
no ano passado. No entanto, isso não quer dizer que a importação
de bens de capital e de veículos foi reduzida em 2010. Pelo contrário,
os aumentos das importações – sempre em valores –
de máquinas e equipamentos elétricos (43,7%), de máquinas
e equipamentos mecânicos (41,6%) e de veículos automotores,
reboques e semi-reboques (51,2%) colaboraram significativamente para o
estrondoso déficit (US$ 34,7 bilhões) da balança
comercial da indústria de transformação em 2010.
No segmento de média-baixa
intensidade tecnológica, a elevação da produção
em 10,7% também foi puxada pela expansão do mercado interno.
No entanto, esse crescimento não foi tão forte diante da
queda de 8,8% da produção do segmento em 2009. Se, por um
lado, a importação complementou a oferta interna para atender
o mercado doméstico (como no caso de produtos de petróleo
refinado e outros combustíveis) – isto é, ocorreu
nesse segmento um “efeito complementação” –,
por outro lado, o bem produzido no exterior também tomou o lugar
do bem nacional (especialmente no caso produtos metálicos, onde
encontra-se a siderurgia, cuja importação subiu 68,5% em
2010), inibindo um resultado mais robusto da produção do
segmento. Ou seja, o “efeito substituição” foi
aqui também marcante.
Finalmente, o segmento
produtor de bens de baixa intensidade tecnológica, o que menos
declinou na crise (queda de 2,5% em 2009), não apresentou um desempenho
tão vigoroso em 2010 (aumento de 5,7%). Esse segmento (o único,
aliás, com saldo positivo na balança comercial da indústria
de transformação) também sentiu de modo mais incisivo
a presença dos importados. Pela primeira vez, em 2010, a balança
comercial de produtos têxteis, couro e calçados acusou déficit,
uma indicação de que o “efeito substituição”
também está presente nas indústrias do segmento de
baixa intensidade tecnológica do País. |
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