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O crescimento de 10,5% da indústria em 2010 com relação
a 2009 – este último ano marcado pela crise –
mostra que o setor logrou recuperar-se dos efeitos da situação
internacional, que, como sabemos, atingiu em cheio o setor manufatureiro
do País – como de resto atingiu o setor industrial
mundo afora. Portanto, o resultado deve ser louvado, mas está
longe de refletir a dinâmica da indústria brasileira
ao longo do ano de 2010.
Em verdade,
o desempenho registrado em 2010 pode ser considerado favorável
na média do ano, mas o que também fica evidenciado
nos últimos dados da Pesquisa Industrial Mensal, divulgados
hoje pelo IBGE, é que, no decorrer do ano passado, a situação
da produção foi se deteriorando. O crescimento da
produção industrial foi pujante de meados de 2009
até março de 2010, mas, a partir daí, passou
a oscilar mensalmente – apresentando predominantemente variações
negativas –, culminando em dezembro último com uma
queda de 0,7% com relação a novembro, variação
que se seguiu a uma retração de 0,2% no mês
imediatamente anterior.
De abril a
dezembro de 2010, a indústria acumula redução
de 2,7%, o que mostra que as importações não
apenas vieram para complementar a produção industrial,
dado o dinâmico crescimento da demanda doméstica,
mas que elas estão também substituindo a produção
local.
De fato, como
o mercado interno vem preservando um crescimento elevado desde
que a economia superou a crise, não se justifica o declínio
da produção industrial no período em foco
exceto pelo canal das importações. É importante
destacar novamente que as compras no exterior contribuem efetivamente
para complementar a oferta doméstica, mas que na situação
presente elas já extrapolaram essa dimensão e passaram
a restringir a produção nacional.
Há
uma flagrante perda de competitividade de se produzir no País,
sendo importante destacar que a produtividade na produção
brasileira de bens e serviços poderia avançar mais
rapidamente, assim como é importante também avançar
mais nos esforços para dotar a empresa brasileira de uma
maior capacidade inovadora. No entanto, é ainda mais contundente
o diferencial de custos de produção e financiamento
no Brasil em relação a outros países, sobretudo
aqueles mais aguerridos em suas estratégias de desenvolvimento
industrial, como a China.
Está
muito caro produzir no Brasil, mais caro ainda é produzir
para exportar. Não há um fator único, mas
um conjunto deles que determinam o estágio atual do problema.
O núcleo comum é a tolerância com que a Política
Econômica lida com as elevadíssimas taxas de juros
dos empréstimos domésticos para capital de giro,
com a ausência de fontes voluntárias de longo prazo
para investimentos, com os tributos que o exportador nacional
ainda carrega nas vendas externas, com os encargos trabalhistas
elevadíssimos, com a infraestrutura cara e insuficiente
e, por fim, com juros e câmbio absolutamente fora do lugar.
A análise
dos segmentos por categoria de uso reforça o diagnóstico
de que a indústria vive um momento que está longe
de acompanhar o dinamismo do mercado interno consumidor. Todos
os segmentos tiveram resultados adversos em dezembro na comparação
com novembro, incluindo o setor que vinha apresentando alguma
resistência à queda da produção corrente,
qual seja, o de bens de capital. Neste setor, o recuo foi de 0,5%;
no de bens intermediários, a variação foi
nula; e nos segmentos de bens de consumo duráveis e de
bens de consumo semiduráveis e não-duráveis,
a produção caiu 0,6% e 0,4%, respectivamente.
No período
abril-dezembro de 2010, esses segmentos acumularam as seguintes
variações: 1,1% em bens de capital; –0,3%
em bens intermediários; –2,0% em bens de consumo
duráveis; e –3,4% em bens de consumo semiduráveis
e não-duráveis.
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Segundo dados do IBGE, a indústria geral assinalou em dezembro
recuo de 0,7% frente a novembro na série com dados dessazonalizados,
após apontar queda de 0,2% em novembro. Na comparação
com dezembro de 2009, a produção industrial brasileira assinalou
avanço de 2,7%. No ano, a indústria geral acumulou um crescimento
de 10,5%.
Por categorias de
uso, os setores de bens de capital (–0,5%), bens de consumo duráveis
(–0,6%) e bens de consumo semiduráveis e não-duráveis
(–0,4%) assinalaram taxas negativas em dezembro com relação
a novembro, com dados já livres dos efeitos sazonais. O segmento
de bens intermediários apresentou, nesse mesmo período,
variação nula. Frente dezembro de 2009, todas as categorias
de uso assinalaram resultados positivos, com destaque para bens de capital
(6,2%) e para bens de consumo duráveis (6,0%). Abaixo da média
do desempenho geral da indústria nessa comparação
(2,7%), encontra-se o setor de bens de consumo semiduráveis e não
duráveis (0,4%). Por sua vez, o setor de bens intermediários
cresceu 2,7%. Na variação acumulada nos primeiros doze meses
de 2010, mais uma vez o destaque positivo foram os bens de capital (20,8%),
seguido de bens intermediários (11,4%) duráveis (10,3%)
e semiduráveis e não duráveis (5,2%).
A partir dos dados
dessazonalizados, observou-se que na passagem de novembro para dezembro,
dos 27 setores incluídos na pesquisa, quinze ramos com alta na
produção, onze com queda e um com crescimento nulo. Os destaques
por ordem de contribuição foram: equipamentos de instrumentação
médico-hospitalares, ópticos e outros (9,7%), máquinas
para escritório e equipamentos de informática (3,9%), minerais
não metálicos (2,0%), máquinas e equipamentos (1,8%),
outros produtos químicos (1,5%). Já as principais influências
negativas vieram de: metalurgia básica (–4,2%), edição
e impressão (–2,5%), outros equipamentos de transporte (–2,1%),
farmacêutica e celulose e papel, ambos com (–1,5%).
No confronto dezembro de 2010 com dezembro de 2009, o crescimento foi
generalizado, atingindo 19 dos 27 ramos industriais, com destaque para:
máquinas para escritório e equipamentos de informática
(15,1%), outros equipamentos de transporte (12,3%), veículos automotores
(12,1%), indústrias extrativas (10,4%), minerais não-metálicos
(7,0%), máquinas e equipamentos (6,2%) e bebidas (5,6%). Os impactos
negativos mais relevantes, por sua vez, vieram de material eletrônico
e equipamentos de comunicações (–28,0%), farmacêutica
(–8,8%), metalurgia básica (–4,3%) e alimentos (–1,4%).
No acumulado entre
janeiro e dezembro de 2010, 25 das 27 atividades registraram crescimento
na produção. Os destaques positivos foram: máquinas
e equipamentos (24,3%), veículos automotores (24,2%), produtos
de metal (23,4%), metalurgia básica (17,4%), indústrias
extrativas (13,4%), borracha e plástico (12,5%), bebidas (11,2%),
outros produtos químicos (10,2%) e alimentos (4,4%). Por outro
lado, os setores de produtos do fumo (–8,0%) e de outros equipamentos
de transporte (–0,1%) foram as duas únicas atividades que
apontaram queda.
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