27 de janeiro de 2011

Emprego
Grande evolução em 2010 e acelerando


   

 
Por corresponder à base do mercado interno consumidor, cabe destacar, nos dados de emprego divulgados hoje pelo IBGE, a trajetória da massa real de rendimentos. Na média de 2010, reagindo a um modesto desempenho num ano de crise, que foi 2009, o total da massa de rendimento real recebido habitualmente pelas pessoas ocupadas aumentou 7,5%, uma variação expressiva que representa tudo o que os países que também enfrentaram a crise econômica gostariam de registrar em suas economias.

O que caracteriza adicionalmente a situação brasileira é que o crescimento do mercado interno consumidor dá sinais de que está passando por um período de aceleração. No último trimestre de 2010 com relação ao mesmo trimestre de 2009, o aumento real da massa de rendimento foi de 9,4%, um índice bem superior ao crescimento médio do ano (de 7,5%, conforme citado acima). Tamanha evolução prescindiria de um crescimento tão agudo do crédito quanto o que vinha ocorrendo nos últimos meses de 2010, razão pela qual o governo instituiu limites para o financiamento das pessoas físicas, na hipótese perfeitamente plausível de que o dinamismo do mercado de trabalho é, por si só, capaz de amparar um expressivo desempenho do consumo familiar. Ou seja, a julgar pelas últimas tendências do emprego e do rendimento das pessoas ocupadas, e mesmo que haja uma desaceleração do crédito para as famílias, deve ser mantido o suposto de crescimento favorável do consumo familiar em 2011.

Outros dois pontos podem ser destacados. Primeiro, assim como vem ocorrendo desde 2006, o número de empregados com carteira assinada cresceu e o número de empregados sem carteira assinada recuou em 2010 (variações de, respectivamente, 6,8% e –1,7% na comparação com o ano imediatamente anterior). Em termos absolutos, o número médio de empregados sem carteira assinada no ano de 2010 nas regiões metropolitanas pesquisadas pelo IBGE (3,966 milhões de pessoas) foi o menor da série histórica, iniciada em 2003; movimento que teve como contrapartida o também maior número de trabalhadores com carteira assinada (11,221 milhões de pessoas).

Segundo, chama a atenção a variação ínfima (0,4%) do rendimento médio mensal do trabalho no ano de 2010 em São Paulo, muito abaixo da média nacional (3,8%) e das outras cinco regiões metropolitanas (12,1% em Recife; 4,5% em Salvador; 5,6% em Belo Horizonte; 7,0% no Rio de Janeiro; e 6,6% em Porto Alegre). Como resultado, a massa real de rendimento médio em São Paulo cresceu somente 3,3% em 2010 – a ocupação aumentou 2,8%, mais próxima da média total (3,5%), mas ainda bem inferior às taxas de variação registradas em Recife (7,5%), Salvador (4,1%) e Belo Horizonte (4,6%).
  

 
Segundo os dados divulgados pela Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE, a taxa de desocupação no conjunto das regiões metropolitanas investigadas (São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador, Recife e Porto Alegre) foi de 5,3% em dezembro de 2010. Na comparação com o mês de dezembro de 2009, a taxa de desocupação apresentou redução de 1,5 ponto percentual. Já a taxa média de desocupação no ano de 2010 (de 6,7%) apresentou queda de 1,4 p.p. frente à taxa média de 2009. Do ponto de vista regional, no acumulado no ano, a taxa de desocupação decresceu em todas as regiões metropolitanas investigadas, sendo que em São Paulo (2,2 p.p), no Recife (1,2 p.p) e em Porto Alegre (1,1 p.p) foram registradas as quedas mais expressivas.

Em dezembro, a população economicamente ativa (PEA) foi estimada em 41,59 milhões de pessoas, o que representa crescimento de 0,2% em relação ao mês de novembro. A região metropolitana de Porto Alegre (0,4%) foi a que registrou maior incremento na PEA na passagem de novembro para dezembro ao passo que a região de Salvador manteve-se constante nesse mesmo período. Já a população ocupada (PO) foi estimada em 22,4 milhões de pessoas, o que indica crescimento de 0,2% na passagem de novembro para dezembro. Contribuíram para tal crescimento as regiões metropolitanas de Salvador e Rio de Janeiro, que registraram crescimento da população ocupada de 1,8% e 0,5%, respectivamente.

A população desocupada, por sua vez, registrou queda de 7,9% em relação ao mês anterior. Contribuíram significativamente para tal queda as regiões metropolitanas de Belo Horizonte, Recife (18,6%) e Porto Alegre (17,8%), já que a região do Rio de Janeiro obteve a queda menos expressiva (0,4%).

 

 
No mês de dezembro, os 22,450 milhões de ocupados distribuíram-se majoritariamente em trabalhadores com carteira assinada (11,4 milhões), trabalhadores por conta própria (4 milhões) e empregados sem carteira assinada (4 milhões). Na comparação mensal, o crescimento de 0,2% da população ocupada em dezembro foi influenciado pelo aumento de 16,8% trabalhadoras não remuneradas. Por outro lado, trabalhador por conta própria obteve queda de (2,2%). No acumulado entre janeiro e dezembro de 2010, os empregados com carteira assinada apresentaram o maior incremento (6,8%). Apresentaram também crescimento os empregadores (2,5%) e os trabalhadores por conta própria (1,3%).

Setores. Setorialmente, o emprego apresentou desempenho mais expressivo na passagem de novembro para dezembro nos seguintes segmentos: Outras atividades (4,5%) e serviços domésticos com (3,1%). Por sua vez, os setores de Administração Pública e Intermediação financeira apresentaram queda do número de ocupados de 2,8% e 0,3%, respectivamente.

Na comparação entre dezembro de 2010 e dezembro de 2009, os destaques foram os crescimentos de Administração pública (5,3%), Outros serviços (4,9%) e Intermediação financeira (4,2%). Apenas os setores de Outras atividades e serviços domésticos e construção apresentaram queda, (8,7%), (4,6%) e (1,7%) respectivamente. No acumulado no ano, as variações mais significativas provieram de outros serviços (6,4%), outras atividades (6,3%) e construção (5,8%).

Rendimento Médio Real. O rendimento médio real dos trabalhadores em dezembro de 2010 (R$ 1.515,10) nas seis regiões metropolitanas apresentou, frente a dezembro de 2009, alta em todas as regiões, com exceção de São Paulo – Recife (17,5%), Rio de Janeiro (14,4%), Belo Horizonte (7,9%), Porto Alegre (7,3%) e Salvador (5,7%). No ano de 2010, a média do rendimento médio mensal habitualmente recebido no trabalho principal foi de R$ 1.490,61, um aumento de 3,8% em relação a 2009 (R$ 1.436,69).

 

 

 

 

 

 

 

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