15 de dezembro de 2010

Economia Global
Crescimento fraco


   

 
Os dados preliminares do resultado do PIB no terceiro trimestre de 2010 mostram que as principais economias industrializadas registraram expansão moderada e em ritmo ainda bastante desigual. Na grande maioria dos países, com exceção dos Estados Unidos e Japão, a atividade econômica desacelerou frente ao trimestre anterior. Descontadas as influências sazonais, o PIB americano cresceu 0,6% em termos reais no 3º trimestre (ante 0,4% no 2º trimestre), enquanto o PIB japonês avançou 1,1% (0,7% no 2º trimestre). Já a Área do Euro passou de um crescimento real do PIB de 1,0% no período abril-junho para apenas 0,4% entre julho e setembro, com arrefecimento da locomotiva alemã, cuja variação do PIB declinou de 2,3% para 0,7% no mesmo período. Também desaceleram entre o 2º e o 3º trimestre as economias do Canadá (de 0,6 para 0,3%) e do Reino Unido (1,2% para 0,8%,) embora o PIB dessa última tenha registrado variação real superior ao da média do G7 (0,6%).

Nos Estados Unidos, a relativa aceleração do crescimento real do PIB foi resultado, sobretudo, do acentuado declínio nas importações e em menor medida, da elevação dos estoques e do consumo das famílias. No Japão, a expressiva ampliação do consumo das famílias no 3º trimestre (variação de 1,2%) mais do que compensou o menor aumento das exportações, afetadas pela apreciação do iene. Na Área do Euro, o arrefecimento do ritmo de expansão da atividade econômica foi resultado do menor dinamismo das exportações e estagnação dos investimentos empresariais em capital fixo. Embora no 3º trimestre, o consumo do governo tenha aumentado no conjunto da Área do Euro, as medidas de cortes nos gastos públicos, já introduzidas em 2010 e previstas para 2011 no contexto dos planos de austeridade anunciados para conter a crise soberana em diversos países do bloco, reforçam as expectativas de desaceleração econômica da região nos próximos trimestres, o que já está se traduzindo em cortes de investimentos e de vagas no setor privado, em particular nas empresas que dependem das compras públicas.

Esta frágil retomada do crescimento econômico nos principais países industrializados tem sido um dos principais entraves à reativação do mercado de trabalho. Na grande maioria desses países, as taxas de desemprego permanecem em patamares elevados, desestimulando a ampliação do consumo das famílias, o que por sua vez inibe os investimentos produtivos, em um círculo vicioso que ameaça a continuidade da recuperação. Não é por outra razão que nos Estados Unidos, o governo Obama se esforçou para fechar um acordo com a maioria republicana do Congresso em torno da aprovação de um novo pacote de estímulo fiscal, com custo estimado em US$ 900 bilhões nos próximos dois anos. Acertado no dia 7 de dezembro, esse novo pacote prevê a renovação por dois anos das isenções fiscais concedidas pela administração Bush aos 2% mais ricos, o prolongamento do seguro-desemprego por 13 meses e incentivos adicionais, como cortes de dois pontos percentuais em imposto retido na fonte para famílias e desoneração dos investimentos empresariais.

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