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Como se sabe, o varejo brasileiro sofreu o impacto da crise, mas,
ao contrário da indústria, isso se deu tão
somente na forma de uma desaceleração do crescimento
real das vendas, e não na forma de uma retração
absoluta de sua atividade. Considerando o conceito de varejo restrito,
no pré-crise a evolução era de 10,1% (variação
da média móvel trimestral de setembro de 2008),
atingindo o ponto mais baixo devido à crise em março
de 2009, quando a variação da taxa média
móvel trimestral ficou em 3,7%. Em 2010, o desenvolvimento
do setor compensou integralmente a perda relativa do ano anterior
e, por isso, cresceu a uma taxa que em alguns meses superou o
padrão pré-crise.
Mas, gradativamente
esse processo foi cedendo lugar ao que nos parece ser o verdadeiro
padrão de evolução do comércio varejista,
retirados os efeitos excepcionais da crise e do imediato pós-crise.
Os números de outubro divulgados hoje pelo IBGE dão
uma indicação mais segura do patamar presente de
evolução do setor. Com relação ao
mesmo mês do ano passado, o varejo restrito aumentou o volume
de suas vendas em 8,8% em outubro (contra 12,0% em setembro e
10,5% em agosto), formando uma taxa média no trimestre
terminado em outubro de 10,4%.
Dadas as tendências
atuais de elevação real da massa de rendimentos
e do crédito, um percentual como 10,0% nos parece ser a
referência para o crescimento do varejo brasileiro no final
de 2010, o qual deve servir de base para uma projeção
para 2011. Essa projeção deve descontar os efeitos
das restrições ao crédito recentemente determinadas
pelo governo e que certamente terão um impacto não
desprezível, de forma que o varejo deve crescer 8,0% no
próximo ano, taxa esta que poderá ser menor, dependendo
da intensidade de eventuais novas medidas de contenção
do consumo. De qualquer forma, não deverá ser uma
taxa tão acentuada quanto as que prevaleceram nos anos
anteriores, mas ainda assim será suficiente como indicação
de um padrão de consumo da população capaz
de assegurar um bom crescimento econômico.
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Segundo dados divulgados pelo IBGE, o volume de vendas do comércio
varejista em outubro, com dados já ajustados sazonalmente, avançou
0,4%, configurando-se no sexto crescimento seguido da série. No
confronto com o mesmo mês de 2009, o volume de vendas apresentou
elevação de 8,8%, a menor variação desde novembro
de 2009 (8,6%). No acumulado nos dez primeiros meses do ano, frente mesmo
período de 2009, verificou-se incremento de 11,1% do volume de
vendas. Já a variação acumulada nos últimos
12 meses encerrados em outubro foi de 10,7%.
Na série ajustada
sazonalmente, metade das dez atividades pesquisadas assinalou crescimento
no volume de vendas. Os destaques positivos foram: Veículos e motos,
partes e peças (6,8%), Livros, jornais, revistas e papelaria (4,7%),
Móveis e eletrodomésticos (2,3%), Artigos farmacêuticos,
médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos
(1,7%), Tecidos, vestuário e calçados (1,4%) e Material
de construção (0,0%). Em sentido oposto, pressionado negativamente
a taxa geral, ficaram os setores de Combustíveis e lubrificantes
(–0,2%), Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios,
bebidas e fumo (–0,2%), Outros artigos de uso pessoal e doméstico
(–2,0%) e Equipamentos e material para escritório, informática
e comunicação (–10,0%).
Na comparação
mensal (mês/ mesmo mês do ano anterior), todas atividades
comerciais apresentaram crescimento, cujas variações, por
ordem de contribuição, foram: Hipermercados, supermercados,
produtos alimentícios, bebidas e fumo (6,7%), Móveis e eletrodomésticos
(15,4%), Outros artigos de uso pessoal e doméstico (9,9%), Tecidos,
vestuário e calçados (9,9%), Artigos farmacêuticos,
médicos, ortopédicos e de perfumaria (9,9%), Combustíveis
e lubrificantes (5,1%), Equipamentos e materiais para escritório,
informática e comunicação (12,6%) e Livros, jornais,
revistas e papelaria (15,9%). No caso do comércio varejista ampliado,
a variação positiva de 11,2% deveu-se ao avanço expressivo
tanto de Veículos, motos, partes e peças (16,0%) quanto
do Material de construção (8,9%).
No acumulado entre
janeiro e outubro de 2010, em comparação ao mesmo período
de 2009, todos os setores apresentaram resultados positivos, com destaque
para Equipamentos e materiais para escritório, informática
e comunicação (24,4%), móveis e eletrodomésticos
(18,1%) e material de construção (15,6%).
Regiões.
A partir dos dados de volume de vendas dessazonalizados, na comparação
de outubro /setembro de 2010, verificou-se que das 27 regiões contempladas
pela pesquisa, 14 obtiveram resultados positivos, com destaque para Rio
Grande do Norte (3,7%), Distrito Federal (3,3%), Goiás (2,0%) e
Bahia (1,7%). Por outro lado, as maiores pressões negativas ocorreram
em Roraima (–8,1%), Paraíba (–3,4%), Amapá (–3,0%)
e Alagoas (–1,0%).
No confronto com mesmo
mês do ano anterior, todos os estados avançaram no volume
de vendas do comércio com destaque para: Tocantins (73,0%), Rondônia
(28,8%), Roraima (27,2%), Maranhão (20,4%) e Acre (20,0%). Em termos
de participação na composição da taxa global,
destacaram-se São Paulo (7,5%), Rio de Janeiro (10,8%), Minas Gerais
(8,8%), Rio Grande do Sul (9,2%) e Paraná (8,1%). No acumulado
no ano, temos que das 27 regiões pesquisa nenhuma apresentou recuo.
Os destaques positivos, por ordem decrescente de magnitude da taxa de
crescimento foram: de contribuição, foram: Tocantins (52,1%),
Rondônia (30,6%), Acre (23,6%), Roraima (21,1%), Mato Grosso (19,5%)
e Paraíba (19,0%).
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