14 de dezembro de 2010

Comércio Varejista
O padrão do varejo


  

 
Como se sabe, o varejo brasileiro sofreu o impacto da crise, mas, ao contrário da indústria, isso se deu tão somente na forma de uma desaceleração do crescimento real das vendas, e não na forma de uma retração absoluta de sua atividade. Considerando o conceito de varejo restrito, no pré-crise a evolução era de 10,1% (variação da média móvel trimestral de setembro de 2008), atingindo o ponto mais baixo devido à crise em março de 2009, quando a variação da taxa média móvel trimestral ficou em 3,7%. Em 2010, o desenvolvimento do setor compensou integralmente a perda relativa do ano anterior e, por isso, cresceu a uma taxa que em alguns meses superou o padrão pré-crise.

Mas, gradativamente esse processo foi cedendo lugar ao que nos parece ser o verdadeiro padrão de evolução do comércio varejista, retirados os efeitos excepcionais da crise e do imediato pós-crise. Os números de outubro divulgados hoje pelo IBGE dão uma indicação mais segura do patamar presente de evolução do setor. Com relação ao mesmo mês do ano passado, o varejo restrito aumentou o volume de suas vendas em 8,8% em outubro (contra 12,0% em setembro e 10,5% em agosto), formando uma taxa média no trimestre terminado em outubro de 10,4%.

Dadas as tendências atuais de elevação real da massa de rendimentos e do crédito, um percentual como 10,0% nos parece ser a referência para o crescimento do varejo brasileiro no final de 2010, o qual deve servir de base para uma projeção para 2011. Essa projeção deve descontar os efeitos das restrições ao crédito recentemente determinadas pelo governo e que certamente terão um impacto não desprezível, de forma que o varejo deve crescer 8,0% no próximo ano, taxa esta que poderá ser menor, dependendo da intensidade de eventuais novas medidas de contenção do consumo. De qualquer forma, não deverá ser uma taxa tão acentuada quanto as que prevaleceram nos anos anteriores, mas ainda assim será suficiente como indicação de um padrão de consumo da população capaz de assegurar um bom crescimento econômico.
   

 
Segundo dados divulgados pelo IBGE, o volume de vendas do comércio varejista em outubro, com dados já ajustados sazonalmente, avançou 0,4%, configurando-se no sexto crescimento seguido da série. No confronto com o mesmo mês de 2009, o volume de vendas apresentou elevação de 8,8%, a menor variação desde novembro de 2009 (8,6%). No acumulado nos dez primeiros meses do ano, frente mesmo período de 2009, verificou-se incremento de 11,1% do volume de vendas. Já a variação acumulada nos últimos 12 meses encerrados em outubro foi de 10,7%.

Na série ajustada sazonalmente, metade das dez atividades pesquisadas assinalou crescimento no volume de vendas. Os destaques positivos foram: Veículos e motos, partes e peças (6,8%), Livros, jornais, revistas e papelaria (4,7%), Móveis e eletrodomésticos (2,3%), Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (1,7%), Tecidos, vestuário e calçados (1,4%) e Material de construção (0,0%). Em sentido oposto, pressionado negativamente a taxa geral, ficaram os setores de Combustíveis e lubrificantes (–0,2%), Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (–0,2%), Outros artigos de uso pessoal e doméstico (–2,0%) e Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (–10,0%).

 

 
Na comparação mensal (mês/ mesmo mês do ano anterior), todas atividades comerciais apresentaram crescimento, cujas variações, por ordem de contribuição, foram: Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (6,7%), Móveis e eletrodomésticos (15,4%), Outros artigos de uso pessoal e doméstico (9,9%), Tecidos, vestuário e calçados (9,9%), Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (9,9%), Combustíveis e lubrificantes (5,1%), Equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação (12,6%) e Livros, jornais, revistas e papelaria (15,9%). No caso do comércio varejista ampliado, a variação positiva de 11,2% deveu-se ao avanço expressivo tanto de Veículos, motos, partes e peças (16,0%) quanto do Material de construção (8,9%).

No acumulado entre janeiro e outubro de 2010, em comparação ao mesmo período de 2009, todos os setores apresentaram resultados positivos, com destaque para Equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação (24,4%), móveis e eletrodomésticos (18,1%) e material de construção (15,6%).

Regiões. A partir dos dados de volume de vendas dessazonalizados, na comparação de outubro /setembro de 2010, verificou-se que das 27 regiões contempladas pela pesquisa, 14 obtiveram resultados positivos, com destaque para Rio Grande do Norte (3,7%), Distrito Federal (3,3%), Goiás (2,0%) e Bahia (1,7%). Por outro lado, as maiores pressões negativas ocorreram em Roraima (–8,1%), Paraíba (–3,4%), Amapá (–3,0%) e Alagoas (–1,0%).

No confronto com mesmo mês do ano anterior, todos os estados avançaram no volume de vendas do comércio com destaque para: Tocantins (73,0%), Rondônia (28,8%), Roraima (27,2%), Maranhão (20,4%) e Acre (20,0%). Em termos de participação na composição da taxa global, destacaram-se São Paulo (7,5%), Rio de Janeiro (10,8%), Minas Gerais (8,8%), Rio Grande do Sul (9,2%) e Paraná (8,1%). No acumulado no ano, temos que das 27 regiões pesquisa nenhuma apresentou recuo. Os destaques positivos, por ordem decrescente de magnitude da taxa de crescimento foram: de contribuição, foram: Tocantins (52,1%), Rondônia (30,6%), Acre (23,6%), Roraima (21,1%), Mato Grosso (19,5%) e Paraíba (19,0%).

 

 

 

 

 

 

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